Intervindo na sessão de abertura de um seminário sobre o arroz carolino do Baixo Mondego, Carlos Martins lembrou que o Governo "desviou" cerca de 50 milhões de euros de intervenções destinadas à defesa do litoral para intervir em rios e ribeiras que não tinham dotação de fundos europeus e referiu que 12 milhões serão aplicados no Mondego.
A maior fatia, cerca de 6,5 milhões, será aplicada em trabalhos de estabilização das margens do rio, cerca de três milhões irão para o desassoreamento da bacia do açude ponte em Coimbra, enquanto a regularização dos rios Arunca e Ega (afluentes da margem esquerda) e o desassoreamento do chamado leito periférico direito do rio serão contemplados com uma verba a rondar um milhão de euros cada, indicou.
Carlos Martins lembrou que desde a década de 1970, no início da obra de fomento hidroagrícola, "foram investidos cerca de 750 milhões de euros no Baixo Mondego", mas também reconheceu que o projeto nunca foi concluído.
"Anda hoje estão [intervenções] por executar e não vai ser esta intervenção que a vai completar. Vamos intervir naquilo que consideramos ser prioritário neste momento e temos de ter em vista completar o projeto", disse o governante aos jornalistas, no final da sessão.
Por outro lado, dirigindo-se aos presentes na sessão, muitos dos quais agricultores, o secretário de Estado frisou que a programada intervenção "não é um investimento que se faça agora e que depois possa ser esquecido”, sublinhando que “o Mondego terá sempre necessidades e terá de ter verba no Orçamento do Estado para a sua monitorização".
Na sessão, Carlos Martins aludiu ainda à Identificação Geográfica Protegida do arroz carolino do Baixo Mondego, obtida em junho de 2015 por determinação da Comissão Europeia, dizendo esperar que os produtores daquele cereal possam "manter este ícone e perpetuá-lo para o futuro".
Já a diretora regional de Agricultura e Pescas do Centro, Adelina Martins, exortou os produtores de arroz carolino a defender um produto que “é único", mantendo a sua diferenciação e qualidade.
Na sua intervenção, Adelina Martins lembrou Carlos Laranjeira, dirigente associativo e produtor de arroz, já falecido, e a sua luta de anos em defesa do arroz carolino do Mondego "para que não fosse vendido gato por lebre".
Carlos Laranjeira foi também recordado pelo presidente do município de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, que classificou o homem que presidiu à associação da obra hidroagrícola e outras ligadas à agricultura como "um defensor intransigente" do arroz carolino do Vale do Mondego.
Emílio Torrão definiu-se, igualmente, como um defensor "incondicional" do arroz carolino do Baixo Mondego, utilizado para confecionar "o melhor arroz doce, arroz de lampreia ou arroz de tomate do mundo".
"Pode haver um arroz qualquer ‘xpto' que vem não sei de onde, mas este é único e é o melhor de todos", declarou.
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