“O que nos parece importante salientar é que ‘Os Verdes’ saem preocupados desta reunião”, afirmou Manuela Cunha, membro da Comissão Executiva Nacional do partido.
Na ótica da dirigente, este plano, cujas linhas gerais estão a ser apresentadas pelo primeiro-ministro aos partidos com representação parlamentar, pode ser “mais uma oportunidade perdida”.
A ecologista advogou que não estão a ser “tiradas suficientes elações da pandemia”, do que a causou e da forma como se propagou, e “o mundo tem de promover outras bases de desenvolvimento”, que seja sustentável.
Os fundos de Bruxelas deveriam gerar “melhores impactos”, frisou, criticando que não parece ao PEV que a maioria dos investimentos propostos “venham no sentido de criar novas oportunidades e uma outra forma de desenvolver o país”.
A dirigente do PEV destacou que as verbas deveriam ser aplicadas na “necessidade de garantir a soberania alimentar”, no “reequilíbrio demográfico do território” e na “relação do homem com o meio ambiente”, tendo lamentado que “conservação da natureza é totalmente omissa” neste documento.
“Estamos preocupados que estas verbas que vêm agora para criar resiliência não criem uma situação de resiliência” e não potenciem um “desenvolvimento sustentável”, defendeu Manuela Cunha.
Ainda assim, a dirigente que integra a Comissão Executiva do PEV destacou os investimentos na saúde, na ferrovia ou na habitação e indicou que o partido pretende contribuir para a discussão em torno do Plano de Recuperação e Resiliência.
A ecologista assinalou ainda que o “teor da reunião ficou por este plano” e que não ficaram agendadas novas reuniões.
O esboço do Plano de Recuperação e Resiliência prevê um investimento de 12,9 mil milhões de euros em resiliência e transição climática e digital, sendo a maior fatia, 3.200 milhões de euros, destinada a saúde e habitação.
O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se hoje em São Bento (Lisboa) ao longo do dia com os partidos com representação parlamentar, a quem está a apresentar as linhas gerais deste plano, dividido em três grandes áreas: resiliência, transição climática e transição digital.
Para a resiliência, que junta as vulnerabilidades sociais, o potencial produtivo e a competitividade e coesão territorial, o Governo prevê um investimento de sete mil milhões de euros, mais de metade do total, sendo que a maior parcela, 3.200 milhões, será aplicado no Serviço Nacional de Saúde, na habitação e em respostas sociais.
Para o potencial produtivo, que agrega o investimento e inovação com qualificações profissionais, estão destinados 2.500 milhões de euros, segundo o documento distribuído aos jornalistas em São Bento.
Já para a competitividade e coesão territorial são previstos 1.500 milhões de euros.
Para a transição climática, o plano prevê um investimento de 2.700 milhões de euros e para a transição digital estão alocados três mil milhões, divididos entre as escolas, as empresas e a administração pública.
A primeira versão deste plano, que é um dos instrumentos desenhados a partir da visão estratégica de Costa e Silva, vai ser apresentado em 14 de outubro no parlamento, e no dia seguinte será apresentado à Comissão Europeia.
O Plano de Recuperação e Resiliência enquadra-se no Plano de Recuperação Europeu.
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