“A aliança Renault-Nissan não está morta. Vamos demonstrá-lo em breve”, vincou hoje Jean-Dominique Senard, em entrevista ao jornal diário belga L’Echo, citada pela agência France-Presse, sublinhando que notícia sobre uma alegada separação entre os dois fabricantes de automóveis “não tem conexão com a realidade atual”.
O jornal Financial Times noticiou na segunda-feira que a Nissan estaria a fazer planos de contingência para uma possível rutura da aliança com a francesa Renault, após a queda do antigo presidente do grupo, Carlos Ghosn.
O diário indica que a Nissan quer separar os departamentos de engenharia e produção e fazer mudanças no Conselho de Administração, planos que se aceleraram depois da fuga, em 30 de dezembro, de Carlos Ghosn do Japão, onde deveria ser julgado por delitos financeiros.
Após ter fugido para o Líbano, o gestor denunciou que foi alvo de alegada perseguição política e acusou a Nissan e as autoridades nipónicas de o atacarem, defendendo a sua inocência.
Os preparativos para materializar uma possível separação evidenciam a tensão na aliança estratégica Renault-Nissan-Mitsubishi forjada há duas décadas e presidida por Ghosn, segundo o jornal.
Jean-Dominique Senard referiu, contudo, que há um “entendimento cordial” entre os dirigentes dos grupos Renault, Nissan e Mitsubishi Motors para avançar “a aliança na direção certa”.
“Nenhum líder dos nossos três grupos duvida da utilidade fundamental da aliança”, reiterou Senard, acrescentando que “o potencial” da aliança “é considerável”.
O Financial Times assinalou que uma rutura total da aliança forçaria a Nissan, acionista maioritário da Mitsubishi, e a Renault a procurarem outros parceiros, num contexto de descida das vendas e aumento de gastos devido à transição para veículos elétricos.
Entretanto, Carlos Ghosn recorreu à justiça para reclamar uma indemnização da Renault devido à sua saída da empresa, indicou a AFP citando fontes concordantes que confirmaram uma informação do jornal Le Figaro.
O litígio diz respeito a uma indemnização por saída para a reforma no valor de 249.999,99 euros, montante que não lhe foi pago quando se demitiu da empresa em janeiro de 2019, numa altura em que estava ainda detido no Japão.
A defesa de Ghosn afirma, no entanto, que o gestor não se demitiu e que foi obrigado a informar a empresa da sua saída para a reforma, uma vez que estava impedido de dirigir o grupo, depois de ter sido detido no Japão em novembro de 2018.
A Nissan tem desde o princípio de dezembro um novo diretor-geral, Makoto Uchida, além de um novo diretor operacional, Ashwani Gupta, duas personalidades favoráveis à aliança.
No entanto, a demissão do ‘número três’ da Nissan, Jun Seki, no final de dezembro, reacendeu o medo de persistentes divisões internas dentro do grupo japonês.
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