Na sua primeira intervenção no Congresso desde que assumiu funções, nomeado pelo presidente Donald Trump, Powell referiu-se a “um crescimento económico forte”, impulsionado por “uma política orçamental mais estimulante” e prometeu “outras subidas graduais” das taxas de referência da Fed.
A inflação deve “subir” este ano e os salários “também devem acelerar”, uma vez que a recente volatilidade dos mercados não alterou a boa orientação das condições financeiras.
Jerome Powell, um republicano moderado que não é economista de formação, substituiu no início do mês Janet Yellen na liderança da Fed, tendo Trump optado por não nomear a democrata para um segundo mandato.
Num breve discurso de quatro páginas proferido numa audição na comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes, Powell sugeriu que vai dar continuidade à política da sua antecessora e referiu-se a “perspetivas económicas fortes”.
“A solidez do mercado laboral deve continuar a apoiar o crescimento dos salários e os gastos dos consumidores, uma sólida expansão dos nossos parceiros comerciais deve fazer crescer as exportações norte-americanas e o comportamento das empresas deve favorecer os investimentos”, afirmou.
A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar este ano em 3% e em 3,2% em 2019, de acordo com as previsões da Casa Branca, que ultrapassam largamente as divulgadas pela Fed em dezembro, que apontavam para um crescimento de 2,1% em 2018. O banco central pode rever estas previsões na sua reunião de 20 e 21 de março.
Os mercados esperam que nessa reunião seja decidida uma nova subida das taxas de juro de um quarto de ponto percentual, estando atualmente as taxas usadas pelos bancos para os empréstimos entre si entre 1,25% e 1,50%.
Nesta altura, a Fed prevê fazer três subidas ao longo de 2018, mas alguns analistas consideram que o banco central possa mostrar-se mais agressivo e optar por quatro aumentos.
Powell pareceu dissipar a inquietação quanto à debilidade da inflação, que tem levado a um menor dinamismo da economia nos últimos anos. Segundo disse, essa debilidade “refletia elementos temporários que não devem repetir-se”.
“Prevemos que a inflação suba este ano e que estabilize em torno do objetivo de 2%”, afirmou. Em dezembro, a inflação anual ficou em 1,7%.
“Os salários devem crescer também a um ritmo mais rápido”, sustentou Powell, que também salientou que a política orçamental, com a redução de impostos recentemente aprovada para as empresas, “se tornou mais estimulante”.
Nestas condições, o comité de política monetária da Fed “continuará a encontrar um equilíbrio entre evitar um sobreaquecimento da economia e impulsionar a inflação para 2%”, acrescentou Powell, que prometeu “transparência” para explicar o que a Fed faz e porque o faz.
Powell fez ainda uma referência à turbulência bolsista registada no início de fevereiro, quando o índice Dow Jones teve o maior recuo em dois anos, o que provocou alguma tensão no mercado obrigacionista.
“Esses desenvolvimentos não devem ter grande peso na atividade económica, no mercado de trabalho ou na inflação”, afirmou, acrescentando que apesar da recente volatilidade “as condições financeiras permanecem acomodatícias”.
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