Segundo o responsável, as moratórias de crédito dos clientes do banco representam uma “injeção de liquidez às famílias e empresas de 1.000 milhões de euros”, uma vez que é esse o valor que os clientes com empréstimos com moratórias (particulares e empresas) teriam de pagar em capital e juros até setembro (quando terminam as atuais moratórias).
No total, os créditos aderentes às moratórias têm um valor (ao longo de toda a vida do empréstimo) de 9.000 milhões de euros.
O Santander Totta indicou ainda que os créditos com moratórias representam 23% do crédito a particulares e cerca de 40% do crédito a empresas elegível (que exclui grandes empresas e setor público).
O presidente executivo do Santander Totta disse ainda, em conferência de imprensa, que espera que as moratórias nos pagamentos dos créditos sejam estendidas mais seis meses face à incerteza da economia.
"Acredito que sim, espero que sim, principalmente se tivermos em conta que a economia não estará a crescer em 30 de setembro, que os níveis de incerteza são muito grandes", afirmou Pedro Castro e Almeida, na conferência de imprensa à distância de apresentação dos resultados do banco no primeiro trimestre (lucros de 118,9 milhões de euros, menos 13,4% do que no mesmo período de 2019).
O responsável considerou mesmo que "o mais provável é ter nova moratória por mais seis meses para famílias e empresas", até março de 2021, e que isso já foi discutido com o Ministério da Economia, que está a analisar o tema.
Também na quarta-feira, na apresentação dos resultados da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o presidente executivo do banco público defendeu a extensão das moratórias.
“Parece importante que [o prolongamento das moratórias] seja equacionado, pelo menos mais seis ou 12 meses”, disse Paulo Macedo, dando a entender que há abertura do Governo para isso ser feito.
Responsáveis do setor bancário têm sido unânimes na posição de defender a extensão das moratórias para pagamento de créditos, face à severa crise desencadeada pela covid-19 e o seu impacto nas famílias e empresas.
No final de abril, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, considerou no parlamento que as moratórias de pagamento de créditos devem ter "uma extensão tão longa quanto possível", de forma a evitar o crescimento do crédito malparado.
Desde final de março está em vigor a lei que permite a suspensão dos pagamentos das prestações de créditos à habitação e créditos de empresas (capital e/ou juros) por seis meses, de abril a setembro, estando a ser estudada pelo Governo a hipótese de essas moratórias serem estendidas.
Também os principais bancos que operam em Portugal acordaram moratórias para crédito ao consumo (não abrangido pela lei do Governo) e crédito à habitação, sendo que podem aceder à moratória clientes com quebras de 20% nos seus rendimentos (que a lei do Governo não abrange).
O Santander anunciou hoje lucros de 118,9 milhões de euros no primeiro trimestre, menos 13,4% do que no mesmo período de 2019.
O administrador financeiro, Manuel Preto, indicou que no primeiro trimestre foi feito um reforço de provisões de crédito em 30 milhões de euros já antevendo parte das perdas que poderão acontecer devido à crise.
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