Longe estaríamos de imaginar de pensar que Carlos Carvalhal – que por 2008 andaria pelo banco do Vitória de Setúbal e do Asteras Tripoli – viria a tirar uma fotografia com Alex Turner, o vocalista da banda. Voltam ao NOS Alive no dia 12 de julho e tornam-se pretexto para um exercício de nostalgia prematura.
A Certain Romance – Era a música que ouvias pensando em mitras e no desprezo que sentias por essa mesma tribo. Tinham-te roubado o Nokia NGage no Campo Grande, mas claramente não conseguiam dar-te a banhada do romance (que ele entre eles não havia, embora alguns deles já tivessem filhos).
Mardy Bum – A música que ouviste quando tiveste a primeira discussão a sério com a tua crush. Na altura, pensaste que seria a experiência emocional mais intensa e conflituosa que ias vivenciar de sempre. Estavas errado.
When The Sun Goes Down - A música que nos alertava para a problemática da prostituição nas ruas à volta do Instituto Superior Técnico. Ainda hoje um tema fraturante.
From The Ritz To The Rubble - A música que te recorda a aquela noite em que um segurança do Loft te deu um estalo na boca. Mas Loft? Foste ao Loft porquê? Tu eras do indie rock, não podias ir a essas discotecas. Usavas calças skinny, não baggy jeans claras. Absurdo. Primeira e única vez.
505 – Uma das músicas mais down dos primeiros álbuns. Ouvias quando querias voltar para perto da tua crush, fosse a 7 horas de avião de distância, ou a 45 minutos de carro. O mais provável era ires de metro, porque tinhas 14 anos.
I Bet You Look Good on The Dancefloor - A música que te transporta para um ambiente de sedução na danceteria. Se por danceteria entendermos a festa de Natal da escola onde nem se serviam bebidas alcoólicas e na qual os professores estavam presentes. E a própria sedução não surtia efeitos, pois estavas claramente na friendzone da tua paixoneta. É a vida.
Flourescent Adolescent - Só recentemente dei conta de que não é uma música sobre a juventude, mas sobre a meia-idade. Ainda assim, alude a tamanhos de pénis e qualquer referência sexual é um bom apelo ao público adolescente. De qualquer maneira, hoje em dia ter 23 anos já é estar no outono da Vida, não é? Pelo menos, do ponto de vista da nostalgia, deve ser.
Fake Tales of San Francisco - A música favorita dos teus amigos que tinham uma banda de covers (vá, tinham um original) e que tocavam em festas, sei lá, da António Arroio. É engraçado porque é uma música que versa precisamente sobre bandas que se inspiram em realidades que nunca presenciaram. “You're not from San Francisco, you’re from Rotherham”, diziam os AM. “Tu não és de Rotherham, és dos Olivais”, dizemos nós.
Recomendações
O espetáculo de stand-up que vou fazer com o Dário Guerreiro (Môce dum Cabréste), no Teatro A Barraca, dia 6 de fevereiro, às 21h30.
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