A Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro vai arrancar este mês com a obra de ampliação da sua Casa de Lisboa.
As instalações atuais, já com vinte anos, estão preparadas para acolher doze famílias em simultâneo e passarão a poder receber trinta e duas.
É um esforço enorme para a associação, mas absolutamente necessário para responder às necessidades que se enfrentam hoje. Só existe tratamento oncológico no Porto, em Coimbra e em Lisboa, os tratamentos arrastam-se, muitas vezes, por longos períodos e, para as famílias deslocadas, este apoio tem sido fundamental.
Em Lisboa são tratadas quase metade das crianças diagnosticadas com cancro no Continente, na Madeira e nos Açores e ainda outras que vêm dos PALOP (Países Africanos de língua Oficial Portuguesa).
Recentemente, a Acreditar recebeu também nestas suas Casas várias crianças em tratamento oncológico refugiadas da guerra na Ucrânia.
Como estes tratamentos são cada vez mais feitos em regime de ambulatório e não em internamento, é importante estas famílias terem um sítio confortável para ficar durante todo o tempo que dura o tratamento e, desse ponto de vista, estas casas são fundamentais.
Por tudo isto, a Casa de Lisboa tem estado sempre com lista de espera e por ela já passaram mais de 1.700 famílias desde que foi criada.
Estas Casas da Acreditar, que recebem as crianças ou os jovens doentes, a mãe, o pai e, às vezes, os irmãos, são a garantia de um mínimo de estabilidade em momentos particularmente difíceis.
Além de terem um quarto com uma casa de banho privativa, têm uma cozinha comum, salas de estar e uma lavandaria.
Vive-se ali um ambiente confortável, que permite, de alguma forma, reorganizar a vida familiar depois das horas passadas nos hospitais entre exames e tratamentos.
Como se pode imaginar, isto faz toda a diferença quando se trata de enfrentar, ao longo de processos longos e dolorosos, a angústia daquela situação.
A prioridade na admissão é dada aos que mais precisam e as famílias não pagam nada.
Esta de Lisboa foi a primeira das três Casas residenciais fundadas pela Acreditar, à qual se seguiu a Casa de Coimbra e, mais tarde, a do Porto.
Fazem parte de um caminho que começou há quase 30 anos como iniciativa de pais.
Tem sido um caso muito singular de entreajuda entre quem está a viver a situação e quem já passou por ela.
Entre quem precisa de ajuda e quem quer devolver a que recebeu quando precisou.
Entre quem está a viver o problema e quem, apoiando, procura dar um sentido àquilo por que passou.
Como tudo o que é sólido, foi preciso tempo, vontade e trabalho.
Diz-se que o tempo não respeita o que se faz sem ele e a consistência deste já longo percurso fala dessa vontade persistente e desse trabalho constante.
Ano após ano, construiu-se uma obra sólida, que tem dado frutos extraordinários.
Ao longo de todo este tempo, muita gente tem feito crescer esta ideia.
Muitos familiares e muitos jovens que já passaram pela doença, mas também muitos amigos que se unem no trabalho que é regar cada dia esta vontade. E um pequeno mas eficientíssimo grupo de profissionais.
Porque são precisos muitos para fazer a Acreditar presente em todos os momentos da doença. Nas Casas, nos hospitais ou no domicílio, num apoio que se desdobra no campo emocional, logístico, social ou em outros que as famílias necessitem.
Com competência e com eficácia, com transparência e com discrição.
É esta grande corrente e a força da ideia que a une que tem permitido o crescimento constante dos resultados.
É por isso que cada vez mais famílias podem ser apoiadas e melhor apoiadas.
E é esta obra com muitos anos e muitas vidas concretas que falam por ela, que permite continuar a desafiar, mais uma vez, a sociedade a contribuir, para que o trabalho continue.
Porque a construção como a manutenção destas Casas assenta em contributos individuais de pessoas e de empresas.
É verdade que a resposta destas pessoas e empresas tem sido sempre extraordinária.
Mas também é verdade que, ao longo destes anos, a história da Acreditar é a do compromisso cumprido de usar os meios de que dispõe para fazer as obras que são precisas e resolver problemas que são prementes. Preenchendo uma lacuna do Estado com uma notável sensibilidade e eficácia de meios.
Agora é este o desafio: a ampliação desta Casa de Lisboa é uma necessidade e vai ajudar muita gente que precisa de ser ajudada.
O que é que podemos fazer? Vestir esta camisola, e, durante o ano que a obra vai demorar até estar pronta, falar desta causa a amigos e conhecidos, convidando-os a apoiar.
__________________________________
A Acreditar existe desde 1994 com o objetivo de minimizar o impacto da doença oncológica na criança e na sua família. Presente em quatro núcleos regionais: Lisboa, Coimbra, Porto e Funchal, dá apoio em todos os ciclos da doença e desdobra-se nos planos emocional, logístico, social, entre outros. Em cada necessidade sentida, dá voz na defesa dos direitos das crianças e jovens com cancro e suas famílias. A promoção de mais investigação em oncologia pediátrica é uma das preocupações a que mais recentemente se dedica.
Comentários