Há nos próximos dias dois momentos que vão pôr à prova os líderes que governam o mundo: já no fim de semana, realiza-se em Roma a cimeira G20 com os líderes das 20 economias mais influentes no mundo; logo a seguir, por duas semanas, Glasgow acolhe a muito esperada COP26 com os políticos, os cientistas, os técnicos, os ativistas e tanta mais gente que se junta como se estivesse à cabeceira do planeta a cuidar de tratar os males que estão a causar a febre climática.
Sabemos que há muita gente que recebe com desdém a notícia destas reuniões cimeiras. É um facto que demasiadas vezes reuniões assim ficam pelo "bla, bla" sem qualquer resultado relevante para a vida das pessoas. Mas também há as reuniões de onde saem resoluções valentes. É o que aconteceu na União Europeia em ocasiões como a da decisão de compra de vacinas para todas as pessoas de todos os 27 países da União ou aquela da mutualização da dívida com apoio financeiro para que todos os países da EU se armem melhor para a superação dos efeitos da pandemia. É, também, o que aconteceu na COP21, realizada em 2015 em Paris, onde foi conseguido um extraordinário acordo global para avançar no combate às alterações climáticas. É o acordo que tem de ser agora atualizado com a soma dos compromissos de cada país.
Os líderes mundiais estão esclarecidos sobre a gravidade de todos estes problemas cimeiros que se impõem com prioridade sobre as tantas questões crónicas nas agendas.
A covid-19, depois de ter infetado 240 milhões de pessoas e causado a morte de mais de cinco milhões, parecia, com a vacina, um problema sob controlo. O Reino Unido, que foi pioneiro no processo de vacinação mas que depois afrouxou, está a mostrar-nos (36.567 novos casos de infeção em 24 horas, revelados nesta segunda-feira) que a ameaça, apesar de limitada, subsiste. A OMS e o secretário-geral da ONU bem têm avisado: "não estamos seguros enquanto não estivermos todos seguros". É preciso que a vacina, nas doses necessárias, chegue a todo o planeta. Os líderes participantes no G20 têm meios para resolver as carências em vacinas nos países do sul do globo.
Já nos foi explicado a todos que se pelo menos 70% do mundo estiver vacinado a recuperação económica vai avançar melhor, mais segura. A superação da devastadora pandemia é uma oportunidade para, com mais harmonia entre países industrializados e economias emergentes, ser aberta uma estrada para crescimento global mais equilibrado.
O mais complexo dos problemas graves no futuro imediato é o do clima. As sensibilidades ambientais de diferentes países ainda estão muito distantes e não está à vista que as divergências possam ser superadas. A crise energética (que coincide com os momentos decisivos da COP26 para redução do uso de combustíveis fósseis) está a aparecer como uma barragem à necessária mudança de modelo no mundo. É um tema para a próxima crónica.
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