- Não percebo isto! Os gajos sabem onde estão os terroristas, mas em vez de lá irem antes, vão só depois dos atentados matarem umas dezenas…

O desabafo originou discussão - e como de costume, em todos nós há, além de um treinador da selecção nacional de futebol, um primeiro-ministro e um chefe de polícia. Neste caso foi o chefe de policia que veio ao de cima e deu para um debate onde, no limite, as autoridades prendiam todos os muçulmanos que encontrassem na rua - e depois iam-nos libertando à medida que provassem serem inocentes. Tudo ao contrário do que o nosso estado de Direito manda. Enfim, conversa de tasca…

Mas, mais a sério, vale a pena reflectir sobre as estratégias que têm sido aplicadas no combate - muitas vezes, tardia e infelizmente, já só na resposta… - a um novo patamar do terrorismo radical islâmico. É que este novo degrau na escalada do terror distingue-se pelo seu lado aleatório, pelo medo imposto pela incerteza, e por uma (provavelmente organizada) desorganização. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui a dez minutos - e é com essa venda nos nossos olhos que os terroristas contam. Eles querem-nos vencer pelo medo e pela insegurança. E numa primeira fase estão a conseguir - nem que seja por esta reacção de rua que pede sangue antes, ou em vez, de pedir justiça.

Todos sabemos que por cada ataque terrorista bem sucedido há muitos outros que as autoridades conseguem fazer abortar. Nessa medida, pôr em causa o trabalho dos serviços secretos e das forças de segurança, seja qual for o país ou a organização, pode ser tentador, mas não faz sentido. Mas talvez seja razoável seguir os passos firmes de François Hollande e aceitar que efectivamente “estamos em guerra”, e que as regras da guerra são bem diferentes daqueles que dominam a vida em paz democrática, mesmo sob ameaças potenciais. Estar em guerra não é matar a torto e a direito - mas é defender territórios, criar linhas de defesa, atacar com precisão. É responder ao medo sem medo. No limite, até sem medo de errar.

Politicamente incorrecto me confesso - mas é humanamente impossível, a quem assistiu aos últimos 14 anos da vida no Ocidente, pensar de outra forma. Se é para vencer, às vezes vamos enganar-nos. Tomemos isso como parte integrante desta guerra. Quer queiramos, quer não, ainda há um lado certo da vida. E é este.

COISAS QUE ME DEIXARAM A PENSAR ESTA SEMANA…

Esta semana concretizou-se a passagem de testemunho da “Time Out Lisboa” para a casa-mãe inglesa, que até agora só controlava as edições de Londres e Nova Iorque. A mudança não se deve ao fracasso - pelo contrário, deve-se ao sucesso da edição portuguesa da revista e do excelente “negócio” do Mercado da Ribeira, agora rebaptizado “Time Out Market”. É um bom exemplo de um projecto que foi muito além das expectativas iniciais. E traz mais boas noticias: vem aí a Time Out digital…

Estamos em plena Semana Global do Empreendedorismo (começou a 16, vai até 22 de Novembro), considerada a “maior celebração do mundo orientada para as pessoas que inovam e geram emprego e dessa forma impulsionam o crescimento económico e aumentam o bem-estar humano”. A coisa envolve 10 milhões de seres humanos em 157 países do mundo. Alinhando nesse movimento gigante, sugiro que passem pelo site Empreendedor.com, onde podem, de forma simples e muito intuitiva, entrar e conhecer este mundo de novas ideias e projectos.

A moda/tendência das newsletter que nos escolhem boa informação, a comentam e analisam, não pára de crescer. Mão amiga passou-me este link, que assinei gratuitamente e tenho seguido diariamente. É assinado por Dave Pell, um jornalista que passa parte do dia a escolher, pensar e analisar para nós - e por nós… - notícias que às vezes nem sabíamos que queríamos saber. Experimentem…