Na verdade, não espero muito do CDS, do PSD, do PS - já sei que hoje dizem o contrário de amanhã, que quando chegam ao Governo se “surpreendem” com quadros mais negros do que esperavam, e que este debate sobre quem deve governar ainda vai, daqui a uns anos, servir o PSD para lembrar ao PS que em 2015 também blá-blá-blá…
Agora, no meio da balbúrdia, há coisas sérias. A esquerda, especialmente o PCP, vestiu em Portugal, durante 40 anos, o fato completo da virtude e da coerência (mesmo quando ser coerente era negar as evidências, e basta recordar o bloco de leste, o muro de Berlim, e Cunhal que preferiu não ver o óbvio e persistir em ouvir amanhãs que cantavam). O Bloco de Esquerda foi menos taxativo, mas ainda assim não deixou de surfar a onda da coerência. As esquerdas, em geral, foram donas e senhoras da seriedade, da coerência, da manutenção de um rumo e de um ideia, mesmo que mitificada. Toda a gente reconhecia. A palavra de honra era a sua coutada, e a coerência o seu monopólio.
Esta semana, o mito caiu e o animal mostrou os dentes: o mesmo PCP que queria sair do euro assina sabe-se lá o quê com o PS - mas que não prevê a saída do euro. O mesmo euro sobre o qual Catarina Martins decretava há um ano: “Nem mais um sacrifício pelo euro. Quanto um país tem de escolher entre ser um Estado viável ou o euro, deve escolher ser um Estado viável”. Dou de barato a discussão da TSU, dos impostos, da divida, do orçamento e até da composição do futuro Governo. Fico-me por aqui.
A partir de hoje, para o bem ou para o mal, deixem de dizer que, apesar de tudo, o PCP é coerente. Ou o Bloco. Não. Esqueçam. Arrumaram-se definitivamente na prateleira do PS, do PSD e do CDS. Começa a ser válida a velha frase popular: “são todos iguais”!
Não sobra nada. Nem uma vedação, quanto mais um muro.
Coisas que me deixaram a pensar esta semana
Todas as estações é notícia, mais pela beleza das manequins do que propriamente pela relevância da mostra. Mas pronto: habituámo-nos a ouvir falar com regularidade da marca Victoria’s Secret e da sua lingerie. Terça-feira passada ocorreu mais um dos desfiles “planetários” da marca. Confesso que gostei de saber que, entre as mais belas, estavam três portuguesas: Sara Sampaio, Sharam Diniz e Maria Borges. Num universo onde a concorrência é feroz e o desempenho altamente valorizado, ainda que no mundo da aparente futilidade, é uma boa noticia.
Há ideias que valem por si. Aquela, lançada há já uns anos, pela Porto Editora, de escolher anualmente, com a ajuda dos internautas, a palavra do ano, é das mais divertidas que conheço. Recordo que em 2014 foi “corrupção”, como em 2013 foi “bombeiro”. Mas também já houve “esmiuçar” e “entroikado". A votação para a palavra de 2015 começou agora: basta ir ao site www.palavradoano.pt e o processo começa aí. Será depois cruzado com outros elementos, recolhidos pela editora, e mais para o final do ano saberemos resultados.
Só para quem anda por Lisboa: de vez em quando, ao domingo, realiza-se uma Feira da Buzina. Ideia simples: inscreve-se quem quer, paga qualquer coisa pouca por essa inscrição, e pode encher o seu carro de bugigangas para vender. Instala-se no Parque de Estacionamento do Arco do Cego, e durante um dia vende o que tem. De vez em quando toda a gente buzina para animar a coisa. “O mercado onde pode vender o que quiser na bagageira do seu carro” é o mote. E tudo passa, e só, pelo Facebook. Ainda dizem que as redes sociais isto e aquilo…
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