Cecil Rhodes foi um grande imperialista, capitalista e, na pior acepção do ponto de vista dos próprios, africanista. Nasceu em Inglaterra, mas foi no continente africano que se tornou rico, tendo fundado a companhia de diamantes De Beers e também fundado, se assim se pode dizer, a região denominada então como Rodésia, hoje Zimbabwe e Zâmbia. Rhodes era um imperialista convicto e mais do que convencido dos méritos da raça branca, viveu profundamente embebido da superioridade da nação britânica. É dele a frase que “se se nasceu inglês, ganhou-se o primeiro prémio na lotaria da vida”.
Escusado será dizer que, com estes atributos, Cecil não é propriamente visto com ternura pelos africanos contemporâneos (e provavelmente ainda menos por aqueles com quem dividiu os seus dias). Mas, a sua visão da Grande Bretanha e a sua vontade de perdurar na História, levou-o a instituir a bolsa de estudo Rhodes, tida como a primeira a permitir um programa de estudos internacional (naturalmente, destinado àqueles que viviam nos territórios de lei britânica ou então oriundos da Alemanha).
Rhodes morreu em 1902 e em 1904 os administradores da sua fortuna fundaram também, cumprindo instruções suas, a Universidade de Rhodes, em Grahamstown, na África do Sul. A sua influência perdurou ao longo do século XX e de 1910 a 1984, a casa em que viveu na Cidade do Cabo foi a mesma que serviu de residência oficial aos primeiros-ministros sul-africanos, dando tecto a nomes como P. W. Botha e Frederik De Klerk.
E a aura do imperialista lá se foi perpetuando no tempo, como tinha ambicionado. Nos anos 50, com os temas raciais a começarem a marcar a atualidade, a estátua de Rhodes no campus da Universidade da Cidade do Cabo começou a ser questionada pelos estudantes. Não obtiveram sucesso e seguiram-se mais de duas décadas de apartheid.
Até que, no ano passado, ganhou forma o movimento Rhodes Must Fall, que em inglês até soa poético, mas que na realidade não é mais que um pragmático Rhodes tem de vir abaixo (ou simplesmente cair). E na era global, o protesto não se ficou pela África do Sul e atravessou continentes. Cumpriu o sonho do grande britânico e estourou em Oxford, na pátria-mãe onde, no Oriel College também se ergue um empedernido Rhodes. O argumento dos estudantes é simples: Rhodes é o Hitler de África (e temos de convir que parecenças físicas até existem, mas também era aquele estilo fim de século XIX que Adolf herdou). E ninguém quereria uma estátua de homenagem ao Hitler. O chanceler de Oxford não concorda e garante que não é apenas pelos 100 milhões de libras do Fundo Rhodes que a universidade perderia. Recomenda aos estudantes que vão estudar noutro sítio, se não conseguem ter liberdade de pensamento.
Tudo isto era facilmente resolvível com três premissas apenas: que a visita do líder iraniano à Europa incluísse Oxford, que os governantes ingleses estivessem nos antípodas do imperialismo do homem da estátua e, claro, que Cecil Rhodes estivesse nu. Isso, na realidade, é que resolvia praticamente tudo.
Tenham um bom fim de semana!
Depois da arte, os números. Alguns que fazem pensar:
O Facebook encerrou o ano de 2015 com um aumento de 44% nas receitas, totalizando 16,4 mil milhões de euros. Um número que resulta sobretudo da subida do valor embolsado com a publicidade. O quarto trimestre do ano passado foi mesmo o melhor de sempre. Há dinheiro para publicidade em media, só que não é bem para gastar em media.
E na semana em que soubemos que o IVA da restauração vai mesmo baixar para as refeições, ficamos também a saber que afinal de contas, mesmo sem um empurrãozinho dos impostos, os portugueses já estavam a regressar aos restaurantes e a deixar de lado a marmita. Os dados mais recentes da Kantar Worldpanel, empresa de estudos de mercado, revelam que o número de ocasiões de consumo dentro de casa (ou seja, os momentos em que confeccionamos e comemos alimentos) passou de 21 para 19.
E agora, num país em permanente crise de lideranças, uma notícia que nos pode animar para efeitos futuros. Portugal é o 4.º país do mundo com mais qualidade nas escolas de negócios, revela o índice global da Competitividade e Talento. Este é o sector em que Portugal surge mais bem classificado neste relatório, que avalia 109 países, que representam 83% da população mundial e 96% do PIB do planeta. Pode ser que se traduza num país melhor, globalmente falando.
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