Nove anos depois do terramoto da grande crise financeira, a clientela poderosa dos offshores continua a poder prosperar e a colocar a sua riqueza fora dos compromissos para a coesão social. É o que fica evidenciado pelos Paradise Papers, nome mediático das novas revelações de informações confidenciais (18 meses depois dos Panama Papers) pelo consórcio internacional de jornalistas de investigação, o ICIJ, que agrupa 96 títulos de 67 países. Fica levantado o subtil véu que cobre os movimentos da grande riqueza.
De Sua Majestade a rainha de Inglaterra ao ministro do comércio de Trump, passando por estrelas da música e da Fórmula 1, também por gigantes multinacionais como a Nike, Google, Apple ou Facebook, todos frequentam estes paraísos que lhes permitem minimizar perdas fiscais.
São operações sofisticadas apenas ao dispor de quem tem grandes recursos, mas que estão protegidas pela lei. Os paraísos fiscais não são ilegais. Os países onshore, ou seja, aqueles que não praticam a fiscalidade nula aplicada nos tais paraísos, consentem que o sistema funcione assim.
É uma escapatória que leva a que, por exemplo, a ilha britânica de Man tenha registada a importação de uns 1000 aviões particulares a jato, num percurso que permite escapar ao pagamento de IVA, isto mediante acordos com a União Europeia.
Estamos perante uma aberração de privilégio aos ricos e poderosos que é protegida pelos mesmos dirigentes políticos que submeteram os cidadãos a medidas duras de austeridade.
Para que a vida fique mais sustentável, falta um robusto debate público global sobre as regras de governação financeira, tendo em fundo esta coisa dos offshores. É preciso um antídoto para este privilégio aos privilegiados.
O problema é que não há no horizonte estadistas que lancem uma radical reforma fiscal global que desmantele estes secretismos, imponha a transparência.
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