Sonhos, dores de crescimento, moções por apresentar e a Igreja Maná. O Congresso do Chega em seis takes

"O mesmo radicalismo de sempre"

Ao longo do Congresso, que começou na sexta-feira, o tom de Ventura foi crescendo. A abrir o congresso, recusou moderar o discurso, como sugeriu o PSD, prometeu "o mesmo radicalismo de sempre" para "conquistar o Governo" em Portugal e garantiu que a “direita não se pode humilhar" ou “ajoelhar”.

No sábado, a sua moção de estratégia clarificou que só aceita um acordo à direita com o PSD se entrar no Governo, com pastas, e admitiu ficar na oposição, evitando uma solução só com apoio parlamentar, tipo a encontrada nos Açores.

Um "único sonho e uma única obsessão"

No mesmo discurso de abertura, confessou que tem um "único sonho e uma única obsessão" que é levar para o Governo o partido português mais à direita, rotulando Rui Rio de “muito mau líder do PSD” – uma das frases que pode explicar a ausência social-democrata no encerramento - e disse que um governo laranja seria muito idêntico ao governo rosa, do PS.

E hoje, no discurso final, sem a delegação do PSD na sala, que cancelou a presença pela forma como foi criticado no congresso, queixando-se que foram ultrapassados “limites da decência”, Ventura ironizou que já não ia dormir esta noite e insistiu que quem decidirá se o Chega vai para o Governo será a votação nas legislativas.

Os grandes alvos do discurso final foram mesmo o PS, a esquerda e extrema-esquerda que prometeu responsabilizar, se chegar ao poder, pela situação em que está Portugal.

“Se com Passos Coelho houve um ex-primeiro-ministro preso, talvez com André Ventura houvesse vários dirigentes de esquerda presos em Portugal porque roubaram este país até ao tutano”, prometeu.

"Dores de crescimento"

Num partido com dois anos e meio, as divisões internas foram expostas, publicamente, durante três dias de trabalhos por muitos dos que subiram à tribuna do congresso com críticas à “lavagem da roupa suja”, acusações de traição e moções a falar de “nepotismo”. Tudo misturado com apelos à unidade.

Sem resultados visíveis. Dois vice-presidentes, Nuno Afonso e José Dias, assumiram, frente aos delegados, o seu desconforto com a “queda” na hierarquia do partido.

José Dias, que encabeça uma lista ao conselho de jurisdição, admitiu que sai “por opção” de Ventura – “é legítimo, temos de obedecer” –, mas Nuno Afonso foi mais direto e falou em punhaladas, embora também tenha reservado palavras de apoio ao líder reeleito.

O visado, André Ventura, tentou reduzir a questão a “dores de crescimento”, reservou, também ele, uma resposta mista. Agradeceu a quem sai e justificou as mudanças com o sinal necessário de “renovação”, com a escolha de duas mulheres e mais jovens, mas deixou uma indireta: “Acima das pessoas está o programa e o partido.”

A unidade pedida

Só na hora de votar houve sinais de unidade: 79% dos delegados votaram a direção nacional apresentada pelo líder e 83% a lista ao conselho nacional, correspondendo à "maioria reforçada" pedida pelo deputado único do partido.

No final, Ventura pediu a quem saiu derrotado do congresso que “dê as mãos” e contribua para a unidade interna, porque para chegar ao Governo é preciso primeiro provar que se sabe governar a própria casa.

Quem 'escondeu' as moções?

Em três dias recheados de incidentes, com o presidente da mesa, Luís Graça, a interromper os trabalhos por 15 minutos para os delegados irem “descarregar o stress” à casa de banho, foi atribulado o debate e a votação das moções setoriais, mais de 80 no total.

Metade delas não foram apresentadas em congresso, o que motivou protestos, assobios e pateadas, apesar de a decisão, dos delegados, ter sido tomada por maioria. Se todas fossem apresentadas, argumentava-se, a reunião teria de se prolongar mais um dia.

À falta do PSD há a Igreja Maná (e o CDS)

E se hoje faltou a delegação do PSD, uma houve que marcou presença, a representação da Igreja Maná, que divulgou a sua posição em comunicado assinado por Jorge Tadeu, fundador e presidente das Igrejas Maná. O CDS-PP foi o único partido representado na sessão de encerramento.

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