Um teste aqui, outro ali, a normalidade acolá

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Se há um ano nos perguntassem como imaginávamos que seria o verão de 2021, poucos seriam os que diriam que seria ainda mais estranho do que o de 2020. Não só no que toca a medidas, mas também aos números da pandemia — no dia de hoje tivemos mais casos (3.269) do que nos primeiros oito dias do mês de julho de 2020 (2.718).

Se há um ano a vida levava uma normalidade possível, hoje já com um processo de vacinação em curso, o retomar está cada vez mais estranho. Ou, melhor, burocrático. Estranhar um teste depois de um ano e meio a viver em pandemia ter chegado a Portugal é difícil. Mas a burocracia do teste para aqui e para ali passou acentuar-se hoje com as novas regras anunciadas em Conselho de Ministros — mais concretamente de que os restaurantes em concelhos de risco elevado ou muito elevado vão passar a ter de exigir certificado digital ou teste negativo à covid-19 a partir das 19h00 de sexta-feira e aos fins de semana.

A medida não é nova. Lá fora já é aplicada em países como Republica Checa, Finlândia ou Áustria. Em Portugal, aplica-se apenas ao fornecimento de refeições no interior dos restaurantes, deixando de fora as pastelarias e cafés. E são quatro as tipologias de testes aceites: os PCR e antigénio com resultado laboratorial e também os autotestes feitos presencialmente (à entrada do estabelecimento) ou perante um profissional de saúde.

Também o acesso a estabelecimentos turísticos e de alojamento local em todo o território continental vai passar a estar sujeito à apresentação de certificado digital ou teste negativo por parte dos clientes.

Em compensação, as restrições à circulação para dentro e fora da Área Metropolitana de Lisboa terminam.

Com este sprint final para atingir a imunidade de grupo resta saber como o mercado e o Estado vão responder nos acessos aos testes. Já sabemos que os autotestes passam a entrar na equação, no que toca ao acesso a restaurantes e hotéis, mas esses parecem ser uma última solução de recurso. Em Lisboa, por exemplo, marcar um teste gratuito em farmácia já não é uma tarefa fácil com várias de agenda cheia até ao fim de julho, sobretudo às quintas, sextas-feiras e sábados.

A rede nacional de farmácias que oferece testes comparticipados também não chega ainda a todo lado. Basta olhar para o documento do Infarmed para perceber. No distrito de Leiria, de onde sou natural, de um total de 16 concelhos só sete é que têm farmácias aderentes. Em todo o distrito de Beja só há uma.

Numa altura em que metade da população não está imunizada, será importante garantir que a ida para férias ou o acesso aos restaurantes não seja condicionada para quem, impossibilitado de fazer um teste gratuito, não pode ou terá dificuldades em pagar um teste rápido de antigénio ou PCR.

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