A razia da Taça de Portugal

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

Se ontem o mundo do futebol parou para ver o heróico Caldas levar o SL Benfica, primeiro classificado do campeonato, a viver, até ao momento, uma época invicta, que já sobreviveu a equipas como a Juventus ou Paris Saint-Germain, a um desempate de grandes penalidades para decidir a eliminatória, após um empate a um golo no tempo regulamentar, hoje, esses mesmos adeptos, terão caído de espanto.

A Taça de Portugal gera surpresas todos os anos. Ainda em 2018, a equipa do distrito de Leiria tinha conseguido alcançar as meias-finais da competição que, nesse ano, foi inesperadamente conquistada pelo Desportivo das Aves. Na última temporada, o Mafra, que militava, e ainda milita, na segunda divisão, também chegou às meias-finais. No entanto, o que não se vê todos os dias são oito equipas do principal escalão do futebol português a caírem em poucas horas frente a equipas das divisões inferiores.

A queda das formações da primeira divisão começou no sábado com a derrota do Santa Clara no terreno do CD Tondela (Liga 2), tendo-se seguido a vitória do Mafra (Liga 2) sobre o Marítimo. Hoje prosseguiu com as derrotas do Boavista em Machico (quarta divisão), do Portimonense frente ao Länk Vilaverdense (Liga 3), do Paços de Ferreira diante do Vitória de Setúbal (Liga 3), do Rio Ave em Oliveira do Hospital (Liga 3), do Chaves diante do Valadares Gaia (quarta divisão) e, por fim, a derrota do Sporting CP em Varzim.

Ou seja, em cerca de 24 horas, quase metade das equipas da primeira divisão portuguesa caíram da Taça de Portugal, incluindo um dos chamados grandes, com a saída da competição dos leões a agravar a crise interna, depois das duas derrotas consecutivas frente ao Marselha a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

As estatísticas contam o quão inesperada esta competição é para os adeptos do desporto-rei. Por exemplo, esta foi a terceira vez que os verdes e brancos foram eliminados da Taça de Portugal por uma equipa do terceiro escalão, a última vez tinha sido em 2019 frente ao Alverca. Esta foi também a terceira vez que os leões, este século, caíram da competição rainha logo na primeira eliminatória em que participaram. Já o Boavista, 13 anos depois, volta a ser eliminado da Taça por uma equipa da quarta divisão.

Esta 'razia' teve, para já, uma consequência imediata, o despedimento de César Peixoto do comando técnico do Paços de Ferreira.

Com um início destes, a competição que nos últimos 11 anos foi conquistada por sete emblemas diferentes, promete ser extremamente imprevisível.

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