A “humanidade abriu as portas do inferno”

Manuel Ribeiro
Manuel Ribeiro

Numa altura em que se prevê que, muito dificilmente, se conseguem cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos para 2030, muito por causa das alterações climáticas, António Guterres convocou uma cimeira climática ao mais alto nível, aproveitando a 78.ª Assembleia Geral da ONU, que decorre em Nova Iorque.

O objetivo do secretário-geral das Nações Unidas era instar os líderes de governos, empresas, cidades e regiões, sociedade civil e instituições financeiras a tomarem medidas sérias em prol da ação climática. No entanto, a intenção de Guterres pode, uma vez mais, ficar-se pelo caminho. Joe Biden e Xi Jinping, os líderes dos países que mais poluem o planeta, não responderam à chamada e estiveram ausentes da cimeira.

No discurso de abertura da Cimeira da Ambição Climática, António Guterres acusou as empresas de "vergonhosamente" tentarem bloquear a transição para a neutralidade nas emissões de gases com efeito de estufa.

O líder das Nações Unidas alertou que “se nada mudar, o mundo caminha para um aumento da temperatura em 2,8 graus – um mundo perigoso e instável”, disse esta quarta-feira, em Nova Iorque.

Sem as nomear, o secretário-geral da ONU afirmou que muitas dessas empresas recorreram à “riqueza e influência” para “atrasar, distrair e enganar” a transição para emissões zero. São “promessas duvidosas”, que “traíram a confiança do público”, acusou o ex-primeiro-ministro português no seu discurso de abertura.

A “humanidade abriu as portas do inferno” e o “calor terrível está a ter efeitos terríveis”

O secretário-geral das Nações Unidas recordou ainda fenómenos climáticos como enchentes, temperaturas elevadas, que estão a gerar doenças, e milhares de pessoas que fogem de incêndios cada vez mais frequentes.

Segundo um relatório divulgado na semana passada pela 'United in Science' [Unidos na Ciência], feito por agências internacionais e coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), apenas 15% das metas da Agenda 2030 (ODS) estão no bom caminho.

"Sabemos que isto é apenas o início e que a resposta global está a ser insuficiente”, afirmou António Guterres. “Entretanto, a meio caminho do prazo de 2030 para os ODS, o mundo está lamentavelmente fora do caminho", alertou.

“Temos de recuperar o tempo perdido com a lentidão, a torção de braços e a ganância nua e crua de interesses enraizados que arrecadam milhares de milhões com os combustíveis fósseis”, disse o secretário-geral.

“Todas as empresas que realmente fazem negócios devem criar planos de transição justos que reduzam as emissões (de gases com efeito de estufa) de forma credível e proporcionem justiça climática”, instou o ex-primeiro-ministro português.

Notadas as ausências dos EUA e da China, o secretário-geral da ONU salientou que muitas nações pobres “têm todo o direito de estar furiosas”, por serem as que mais sofrem com uma crise climática que nada fizeram para criar e porque o financiamento que lhes foi prometido não se concretizou.

*com Lusa

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