O governador do Banco de Portugal defendeu hoje que não se pode “eternizar” as moratórias de crédito, concedidas para fazer face aos efeitos da pandemia na economia, e que empresas e bancos devem cooperar na adaptação ao período pós-moratória.
Os deputados aprovaram hoje o requerimento do PS para audições por videoconferência à Associação Portuguesa de Bancos (APB) e à Deco sobre a extensão das moratórias de créditos e por escrito à Autoridade Bancária Europeia (EBA).
A Assembleia da República aprovou hoje, na generalidade, com o voto contra do PS, um projeto de lei do PCP para prolongar as moratórias bancárias por mais seis meses.
As moratórias privadas de crédito à habitação criadas pelo bancos vão ter fim a 31 de março, ao contrário das moratórias públicas, que foram extendidas para 30 de setembro. Prazo a apertar levou instituições bancárias a começar a contactar clientes para renegociar pagamento dos empréstimos.
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) alertou hoje para a necessidade de uma nova extensão das moratórias do crédito a empresas e famílias para travar “a bomba atómica” no setor.
Os dados apontam que 77% das falências com processos em tribunal no primeiro trimestre do ano afetaram famílias. Pandemia pode vir a agravar dívidas, mas o crédito ao consumo não foi afetado.
Os pedidos à banca de moratórias de crédito no âmbito da pandemia de covid-19 superaram 841 mil, e mais de 714 mil contratos já foram abrangidos pelas medidas de adiamento de pagamentos até 30 de junho, segundo o BdP.
O Governo quer dar mais tempo aos inquilinos não habitacionais que aderiram à moratória para pagarem as rendas vencidas e que o diferimento possa manter-se nos três meses seguintes ao mês do levantamento da imposição de encerramento.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) prolongou as moratórias dos créditos hipotecários até março e dos créditos não hipotecários até junho de 2021, mas apenas para clientes que não tenham condições de acesso às moratórias públicas.