Tem sido a rede social mais badalada do momento. Acessível apenas por convite, disponível apenas para utilizadores de iPhone, a Clubhouse é a aplicação nas bocas do mundo. Literalmente, já que é por áudio e em salas de conversa ao estilo de um painel — com moderadores, participações à vez e, por vezes, milhares de ouvintes — funciona.
Desde que foi lançada em abril de 2020, uma das suas características mais sedutoras tem sido facto de permitir discussões privadas e de já ter como utilizadores personalidades do universo tecnológico como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Marc Andreessen, tendo começado a ganhar notoriedade dos círculos de Silicon Valley e da comunidade tecnológica e empreendedora de São Francisco.
No entanto, essa privacidade já foi colocada em causa. Ontem, a plataforma anunciou ter banido permanentemente um utilizador que conseguiu retransmitir as conversas de várias salas para um website chamado OpenClubhouse, sendo que o nome (“Clubhouse Aberto”) dá a entender que o seu intuito era o de contornar a exclusividade da aplicação para tornar algumas discussões públicas.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a Clubhouse já garantiu ter criado mecanismos de segurança para impedir que tais incidentes se voltem a repetir, mas as dúvidas quanto à sua capacidade de garantir a privacidade dos utilizadores e de impedir falhas de segurança já existiam antes deste episódio.
Em causa está o facto de grande parte da tecnologia suportada pela plataforma ter sido desenvolvida por uma startup chinesa chamada Agora, o que deixou alarmes da capacidade do estado chinês de monitorizar os serviços, já que as empresas do país são obrigadas por lei a revelar os seus dados se houver suspeitas de haver riscos para a segurança nacional.
A China, de resto, permitiu apenas que a aplicação estivesse ativa no país durante uma semana, até mandá-la abaixo devido às conversas sensíveis que nela se davam, como as prisões em massa de uigures, protestos pró-democracia em Hong Kong ou a independência de Taiwan.
A Agora, todavia, revelou ao The Verge que não tem acesso às conversas áudio, nem pode guardar e revelar dados dos utilizadores.
Este incidente da retransmissão surge também depois do Observatório da Internet, da Universidade de Stanford, nos EUA, ter publicado um relatório no qual denunciou vários problemas de segurança na plataforma. Um dos mais graves foi o facto de ser possível ver os números de identificação dos utilizadores e das suas salas de conversa em texto no códigos de programação, sendo assim possível perceber que pessoas estavam a falar com quem e em que salas. A Clubhouse, entretanto, anunciou que iria aumentar o nível de encriptação para impedir situações destas.
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