"Aqui jaz pai, marido e irmão. Eterna saudade". Assim é resumida a vida de uma pessoa na sua campa. Aleksandr Sydorov acha que isso não é suficiente, principalmente desde a morte da mãe. E, através da sua inovação, leva vida e história aos cemitérios ucranianos.

Inheart memorial cria memoriais digitais para pessoas falecidas. Ao SAPO24 explica que as famílias recolhem todos os dados dos entes queridos que já morreram e os entregam a esta empresa que faz a magia sozinha. Depois,  através de um QR code na campa todos passam a ter acesso a "todos os dados biográficos, todas as fotografias e vídeos do morto". 

"Quando se entra num cemitério não se vê apenas uma fotografia, um nome e uma data. Vêem-se todas as informações, porque nós vivemos muito tempo e temos muita história".

Na Websummit procura acima de tudo dar a mostrar esta ideia que já se encontra em 60 mil campas ucranianas e criar uma tradição. Está agora a chegar com a sua empresa à Alemanha e, a seguir, espera conquistar o resto da Europa.

Tradição que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia ajudou a cimentar na Ucrânia. "No meu país este serviço é muito popular porque metade das memórias são de heróis. E nós oferecemos tudo às famílias dos heróis de guerra. Se tiver morrido em combate o serviço é gratuito".

De outra forma tem um custo de €60, valor que mantém o QR code ativo durante 60 anos.

Se a tecnologia já respondia a (quase) todos os aspetos da vida, nesta edição da Websummit parece querer responder também aos da morte. Widows4widows é uma aplicação neerlandesa que pretende ajudar na "montanha-russa emocional" que acontece durante o período do luto e permitir às pessoas "voltar a estar no controlo para abraçar a vida novamente". Assim explica a fundadora e CEO Astrid van Heumen ao SAPO24.

Depois de se perder alguém, há muita coisa para ser resolvida por quem fica, nomeadamente "o fardo financeiro e administrativo que repentinamente recai sobre nós. E posso garantir que não se está no melhor estado de espírito. É preciso tomar decisões muito importantes. Como voltar ao trabalho ou, talvez, começar a trabalhar e, depois, até lidar com a deceção porque a vida é cara. E se se ficar sozinho, tudo fica por sua conta".

Há ainda um eixo da aplicação que Astrid considera muito importante, "tem a ver com a solidão. É uma comunidade para companheiros viúvos e parentes próximos. Também oferecemos os serviços que são muito necessários. Conhece a ideia de um balcão único? Temos a tendência de chamar isso ao apoio completo. Pode-se escolher as necessidades de que se precisa. Por exemplo, se se precisar de um advogado, ou de ajuda com luto e apoio psicológico, apoio mental para os seus filhos, ou se se tem dificuldade em dormir... Temos todos os tipos de soluções."

E essas "soluções" estão numa app que ajuda a guiar "os primeiros cem dias da jornada, isso ajuda a guiar um caminho para a nova realidade". A fundadora realça o sentido de "comunidade", a que gosta de chamar "colegas" aqueles que passam pelo luto ao mesmo tempo.

Explica que a Widows4widows conseguiu um apoio do governo neerlandês que permitirá o lançamento em janeiro de 2025. No início do ano, para nas resoluções de Ano Novo, se "juntar a nós e a vida ser muito mais fácil".