5G, a internet móvel de quinta geração. É esta aposta de futuro quando o tema é transmissão de dados. E no dia em que celebra o primeiro aniversário, a Altice Labs (antiga PT Inovação) dá mais um passo neste sentido através da assinatura de um Memorando de Entendimento com a Ericsson Telecomunicações para a aceleração desta tecnologia. 2020 é uma meta ambiciosa reconhece Alcino Lavrador, diretor-geral da Altice Labs, dando esta data como referência para as primeiras demonstrações 5G normalizada.
“Alguém avançar com o 5G estandardizado antes de 2020 é muito difícil”, diz o responsável, salientando que neste momento ainda se está “desenhar” esta tecnologia e a estudar a sua distribuição.
E, quem sabe, Aveiro pode mesmo ser a primeira cidade 5G em Portugal. O desafio é deixado por Pedro Queiroz, presidente executivo da Ericsson Telecomunicações, momentos antes da assinatura deste memorando com Paulo Neves, CEO e chairman da PT Portugal. Isto porque a expectativa é que em 2020 já se avancem com as primeiras experiências para dotar cidades com esta tecnologia. No próximo ano, as operadores devem avançar já com os testes operacionais e provas de conceito. Em 2025, a ideia é alargar o 5G a várias cidades europeias.
“Na nossa perspectiva Aveiro, por todas as razões, pode ser o embrião para algo muito grande nesta colaboração entre a Ericsson e Altice a nível mundial”, reforçou o presidente executivo da Ericson. O documento foi assinado entre Pedro Queiroz, e o Paulo Neves, CEO e Chairman da PT Portugal, na presença de Michel Combes, CEO da Altice.
No âmbito do Horizonte 2020, a União Europeia aprovou 19 projetos colaborativos na área do 5G, sendo que a Altice Labs participa em quatro destes. Agora, a parceria com a Ericsson vem abrir novas oportunidades de desenvolvimento, sendo que o foco está nas arquiteturas de redes virtuais de software e nos sistemas de acesso convergente ótico para redes 5G.
O 5G não é uma mera “evolução face ao 3G ou 4G, é uma disrupção”, salienta o diretor-geral da Altice Labs, pois está desenhado para permitir a comunicação entre coisas e não apenas entre pessoas.
Trata-se de uma internet tão rápida que vai permitir uma latência [a diferença de tempo entre o início de um evento e o momento em que o seu efeito é percetível] muito baixa, fundamental em tecnologias como os carros autónomos ou as operações cirúrgicas remotas.
“Se estou a fazer uma operação e dou ordem à tesoura para cortar, aquilo tem de acontecer em tempo real, não vá o paciente mover-se. Tem de ser naquele segundo”, brinca Alcino Lavrador. E, para isto acontecer, é preciso que as antenas estejam mais próximas (invertendo a lógica dos grandes data centers centralizados para mini data centers espalhados pelo país) e sejam mais inteligentes (tenham capacidade computacional para funcionar em rede, ajustando a resposta às necessidades).
Ainda há um longo caminho a percorrer, sobretudo porque o esforço tem de ser transversal, de forma a que se consiga criar um standard [5G normalizado] de mercado aplicado a vários países.
No entanto, uma vez aplicado, o 5G permitirá alavancar uma serie de inovações, dando folgo às casas, cidades e indústrias inteligentes, onde os objetos e máquinas recolhem informação e comunicam (a chamada Internet das Coisas) entre si a grande velocidade.
E não é preciso ir muito longe para perceber como o dia-a-dia pode mudar neste novo cenário. Imagine um caixote do lixo de rua com um sensor que avisa a empresa de gestão de resíduos quando está cheio, otimizando as escalas de recolha; ou pense na possibilidade de acionar as luzes da sua rua com o telemóvel, evitando que estas fiquem ligadas toda a noite mesmo que não esteja ninguém a passar.
Estes projetos já existem, e integram o Future Lab, a outra novidade da Altice Labs em dia de aniversário. Trata-se de um laboratório aberto à comunidade onde é possível experimentar e prototipar novas ideias. A Altice disponibiliza os meios tecnológicos e o conhecimento técnico para pôr estas ideias à prova. Em troca ganha a possibilidade de se cruzar com um projeto com grande potencial, cujas valências possa usar noutros produtos que também esteja a desenvolver.
Alcino Lavrador convidou então a comitiva de imprensa a conhecer este novo laboratório, a caminho cruzámo-nos com um telefone de disco e Arnaldo Santos, membro da equipa de comunicação da Altice Labs, decide partilhar uma curiosidade: “temos visitas regulares de escolas e quando chegam aqui pedimos para marcarem um número. Sabem o que fazem? Clicam”. Hoje as referências são outras, amanhã, quem sabe, tentarão atender a chamada fazendo “slide” sobre o microtelefone em vez de o levantar do descanso. Não haverá mal, o Future Labs é um lugar de futuro e não de passado, como aliás descobrimos em seguida.
Luzes apagadas, o som de uma voz. Ao entrar para o laboratório olhar é atraído de imediato para um expositor transparente. Um “mini” Alcino Lavrador - seguido de outras personagens - dá-nos as boas-vindas ao Altice Labs. Trata-se de um holograma, criado a partir das gravações feitas por quatro telemóveis sincronizados.
Esta é apenas uma das muitas experiências que estão aqui e, uma vez acesas as luzes, somos guiados pelas várias estações de trabalho, que passam pela eletrónica, robótica, passando pela realidade virtual e, claro, pela internet das coisas.
Aqui encontramos impressoras 3D e robôs em construção. Há óculos de realidade virtual que, numa primeira experiência, nos levam a questionar se temos mesmo os pés bem assentes no chão. A música é feita a partir de leitores de disquetes e os drones que aqui estão podem chegar aos 180 km/hora. Por fim, há “legos” que ensinam os mais novos a programar e, claro, caixotes do lixo que “sabem” e avisam quem de direito quando estão no limite da sua capacidade.
É o futuro a acontecer em Aveiro, num centro de inovação com presença também em países como França e Israel, e que emprega mil engenheiros, 650 dos quais a trabalhar em solo nacional, e cujas inovações impactam a vida de mais de 250 milhões de pessoas.
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