Sete categorias, sete projetos. São eles os vencedores dos prémios Montepio Acredita Portugal. Conheça-os e saiba porquê.
Novos Produtos — Sal Verde
A salicórnia é uma planta halófita comestível que cresce espontaneamente em zonas de sapal e é cada vez mais usada como uma alternativa ao sal. Marisa Ribeirinho descobriu-a quando teve necessidade de encontrar um tema para o estágio de final de licenciatura. Agora, esse projeto cresceu e transformou-se na Sal Verde, que venceu um dos prémios do Acredita Portugal.
A chegada ao concurso não vem desta edição. “Concorremos o ano passado, chegámos só à semifinal. Na altura tivemos críticas construtivas que nos ajudaram. Para nós, isto dos negócios e do empreendedorismo era tudo novo e por isso não passámos dali. Mas decidimos não desistir e ir este ano outra vez. Foi já com muitos upgrades no projeto e com uma equipa de mais pessoas que concorremos este ano ao Acredita. Com três estudantes e três investidores construímos a empresa em abril, mesmo na reta final do Acredita”, conta Marisa.
Este ano, a Sal Verde conseguiu vencer na categoria Novos Produtos. “É uma categoria que mete inovação, que é a nossa cara. Nós somos uma empresa de IDT — Investigação e Desenvolvimento Tecnológico. Houve um grande investimento da nossa parte, mas valeu a pena. Saímos do Acredita Portugal com o trofeu de uma categoria que tanto nos orgulha”.
Contudo, Marisa diz que não esperava ganhar. “Tinha noção da dimensão do concurso. É o maior concurso nacional de empreendedorismo e ter passado à final foi excelente. Nós trabalhamos para ganhar; é como na escola, ninguém trabalha para o 10 mas para o 20. Nós trabalhámos imenso, houve muita dedicação. Chegar à final já fez haver aquele clique do ‘pode ser que consigamos ganhar’”. E venceram mesmo. Agora, é continuar a fazer a diferença na vida das pessoas.
Novas Tecnologias — VR4NeuroPain
Realidade virtual para ajudar à reabilitação de pacientes com dor neuropática. Esta é a proposta do VR4NeuroPain. Nuno Ferreira explica que esta "solução tecnológica interativa tem como objetivo a reabilitação de doentes com dor neuropática em diferentes contextos, que vão desde o ambiente clínico até ao domicílio". A solução combina "óculos de realidade virtual, luvas de feedback háptico com biosensores, que permitem a recolha e análise em tempo real de parâmetros fisiológicos dos pacientes". Mas a inovação não fica por aqui. Também se "recorre à gamificação para ir ao encontro aos interesses ocupacionais de cada um dos pacientes".
Se a ideia surgiu "da necessidade do mercado para este tipo de produtos, além da experiência clínica da equipa e forte espírito empreendedor dos seus membros para o desenvolvimento de produtos com recurso a novas tecnologias", a chegada ao Acredita Portugal também é fruto de muita persistência. "Após termos ficado em primeiro lugar no concurso Santa Casa Challenge no final de 2016 e termos apresentado com sucesso o nosso protótipo no Web Summit em novembro de 2017, decidimos inscrever-nos no Acredita Portugal no início de 2018. Queríamos ter a oportunidade de divulgar o nosso projeto, promovendo também networking com outros empreendedores e investidores, e melhorar o plano de negócios do projeto", conta Nuno.
O orgulho no projeto e a confiança no produto não ficam de lado. "Sabíamos que tínhamos um bom projeto e que se passássemos bem a nossa ideia ao júri do concurso Acredita Portugal 2018 poderíamos ter boas hipóteses de vencer". Por isso, a vitória foi recebida com entusiasmo e o futuro apresenta-se risonho. "O primeiro lugar permite-nos assegurar uma marca de qualidade do nosso projeto perante os parceiros, investidores, instituições e o mercado em geral", refere.
Educação — City Check
O City Check é um jogo familiar que permite ter acesso a vários jogos com conteúdo educacional e contextual sobre os pontos de interesse da cidade que se está a visitar. "Os jogos do City Check são, por exemplo, quizzes, puzzles, jogos de palavras, permitindo assim aliar a diversão ao conhecimento, o que levará a momentos familiares inesquecíveis", explica Tomás Caeiro.
A ideia da app, que está disponível gratuitamente para Android e iPhone, surgiu pela necessidade de fazer um projeto académico. "Fomos desafiados por um professor a encontrar um problema e a resolvê-lo de forma inovadora e que resultasse num negócio. Começámos por observar o comportamento de turistas na cidade de Évora e reparámos que grande parte deles ou estavam perdidos ou aborrecidos com a visita guiada que estavam a fazer", refere.
E uma cidade como Évora quer turistas bem-dispostos. "Foi aí que surgiu a primeira ideia de juntar jogos a um percurso turístico. A ideia de ser para famílias veio depois quando começámos a fazer perguntas às pessoas para validar a nossa ideia. O que saiu dessas entrevistas foi que os pais estavam realmente insatisfeitos com as experiências de viagens familiares que tinham tido com os filhos. Diziam que as crianças ‘aborreciam-se muito rapidamente’. Foi aí que percebemos que havia uma clara necessidade e uma oportunidade para nós tentarmos solucionar esse problema", conta Tomás. E daí ao negócio em si foi um pulinho.
Contudo, houve muito trabalho a ser feito e as participações no Acredita Portugal são prova disso. No caso do City Check cumpre-se um ditado. Tendo "ficado pelo caminho" duas vezes, ainda havia esperança. "Eu já tinha metido na cabeça que queria que o City Check ganhasse o Acredita Portugal. Evoluímos bastante e decidimos candidatar-nos pela 3ª vez. Após muito trabalho e resiliência, hoje posso dizer que ‘à terceira foi de vez!'"
E se "o primeiro objetivo era ganhar", os restantes passavam por "fazer novos contactos, conhecer pessoas novas e aprender". Ganhar um prémio no Acredita Portugal é, para Tomás, "uma ajuda valiosa", porque assim há condições para dar mais uns passos no desenvolvimento do projeto. Mas há uma coisa que permanece: "A vida de startup tem muitos altos e baixos e estas vitórias ajudam muito a erguer a moral das pessoas. E nós no City Check festejamos as vitórias e aprendemos com os erros. E será sempre assim", afirma.
Prémio Empreendedorismo Social — myPolis
Se os jovens estão a afastar-se da política e a aproximar-se das tecnologias, há que juntar o melhor dos dois mundos. E foi essa a ideia da myPolis, uma plataforma mobile. Bernardo Gonçalves explica: "Estão a ver a Polis grega? Queremos construir uma nova Polis de millennials a participar politicamente através dos seus telemóveis, de forma simples e intuitiva. Estamos a trabalhar para o nosso lançamento em 2018 e começar a ativar a participação cívica dos cidadãos portugueses a nível autárquico".
A ideia surgiu também no meio académico, "após uma experiência como presidente da Associação de Estudantes da Nova School of Business and Economics. Senti o desafio que é chamar os alunos para a participação cívica e imaginei que esse problema fosse ainda mais acentuado numa câmara municipal ou junta de freguesia. Resolvi construir uma solução digital que ajudasse os cidadãos a participar de forma simples e divertida", recorda Bernardo.
A chegada ao Acredita Portugal também se deu pelas tecnologias, mais concretamente pelas redes sociais. "Chegámos à candidatura através de um anúncio de *FB sneaky* num dos nossos feeds. Tratando-se do maior concurso de empreendedorismo do país, quisemos participar para aprender e crescer ao longo do programa".
Com o objetivo de "aprender e mostrar a todos que a política também vai poder ser simples, intuitiva e digital", Bernardo afirma que ganhar foi uma surpresa. "Competimos com projetos fantásticos e foi uma grande honra sairmos vencedores".
Agora é preciso continuar a trabalhar. "O Acredita Portugal é uma montra incrível e recebemos contactos muito interessantes. Vamos trabalhar com muita energia para o nosso lançamento em 2018 e tentar fazer chegar a myPolis ao máximo de cidades possível", remata.
Prémio Brisa Mobilidade 2018 — Bus Global Network
Os mais de 30 anos de Paulo Batista como "profissional de transportes e turismo que presta serviços na área dos transportes de passageiros" levaram-no a precisar de inovar. Surgiu então a Bus Global Network (BGN), uma "plataforma online para pesquisa e aluguer de autocarros para a realização de serviços ocasionais ou regulares especializados".
"Aquilo que a plataforma irá fazer de uma forma automática ou semiautomática não é mais do que transpor para o mundo web a prática já conhecida e realizada no dia a dia", começa por explicar Paulo Batista. "Pretendemos simplificar os processos comerciais retirando a carga administrativa aos operadores, apresentando soluções de transporte de passageiros ao consumidor final, pessoas ou empresas, de forma célere, segura, fiável e isenta em termos de informação. Queremos ser os facilitadores entre os fornecedores dos serviços e o cliente final".
Participar no Acredita Portugal foi uma forma de "obter o apoio necessário para alavancar e tornar realidade o projeto BGN", bem como "validar o conceito junto de pessoas com experiências distintas em empreendedorismo".
Além disso, foi um desafio. "Tivemos a oportunidade de sermos postos à prova nas mais diversas vertentes, junto de investidores, juízes do concurso, mas também junto de outros empreendedores com projetos muito válidos, interessantes e excelentes equipas nas suas áreas de atuação", refere Paulo.
Ganhar não foi, contudo, uma surpresa. "Seria bonito e teria um ar humilde dizer que não... mas sim, esperávamos ganhar. Acreditávamos que, na categoria em que estávamos inseridos, tínhamos um projeto com características especiais e a principal é o facto de o mercado precisar deste género de soluções".
Agora há muita coisa que pode ficar diferente. "O Prémio Brisa Mobilidade 2018 muda muita coisa. Muda também o nosso espírito empreendedor, reforça a perceção que temos da solução, adiciona ainda maior motivação a todos os elementos da equipa, mas acima de tudo, a vontade de concretizar e internacionalizar o conceito, diz Paulo Batista.
Prémio K.Tech — Elephai
Encontrar uma solução para um problema que bateu à porta da família foi o objetivo de Sara Gonçalves. A avó, que sofre de Alzheimer, passa diariamente por dificuldades, bem como todos aqueles que a acompanham, "especialmente em relação às tarefas diárias como a medicação, a higiene e muitas outras".
Mas o problema não era só esse. Sara percebeu ainda que "muitas vezes falta comunicação entre o lar de idosos e os familiares destes, ainda que seja numa vertente de apenas assegurar a família que tudo está a correr bem". Por isso, em conjunto com Ana Azevedo, esboçaram a ideia de uma solução integrada, baseada em três produtos, que permite melhorar a qualidade de vida para os pacientes com doenças neurodegenerativas e seus familiares, mas também tornar a gestão dos centros hospitalares de prestação de cuidados a estes pacientes mais eficiente.
Já com participações em vários concursos, o Acredita Portugal era "uma excelente oportunidade para o projeto, para que a Elephai seja capaz de cumprir a sua missão da melhor forma possível", revela Sara. Mas todas as experiências são diferentes e há sempre algo que de lá se traz — prémios ou não. "Quando participamos num concurso, o nosso principal ganho é aquilo que aprendemos e as pessoas que conhecemos. Para nós, é sempre fenomenal a quantidade – e qualidade! – de conhecimento que adquirimos nos workshops, nas palestras e até nos almoços proporcionados nestes concursos, e o Acredita Portugal não foi exceção".
Sara Gonçalves diz que não estava à espera de ganhar. "Sabemos que o nosso projeto é bom, sabemos que vai ajudar muita gente, sabemos que tem potencial para mudar o mundo. Mas também sabemos que existem outros projetos baseados também em ideias excelentes, e que têm também um grande potencial. E se outro projeto tivesse ganhado este prémio, nunca sairíamos do Acredita Portugal com o sentimento de tempo perdido, muito pelo contrário. Mas ficámos radiantes por saber que acreditaram no nosso projeto e que confiaram em nós e que viram, assim como nós vemos, o potencial que a Elephai tem para melhorar a vida das pessoas".
Daqui para a frente é sempre a subir. Afinal, foi do concurso que saiu "a oportunidade de apoio por diversos parceiros, que abrirão portas para chegar muito mais longe".
Plataformas Web — Keep Warranty
Organizar e guardar garantias e faturas deixa de ser um pesadelo com a Keep Warranty, "uma app móvel, disponível em iOS e Android, que armazena e organiza faturas e garantias, notificando o user quando estão prestes a expirar, estando sempre disponíveis, mesmo offline, caso haja necessidade de consulta".
A ideia surgiu face a um dilema pessoal. "Num domingo, após um almoço de família e de forma a não fugir à tradição, chegou a hora do grande duelo crianças *versus* adultos num jogo de Mortal Kombat. Perante o facto de a PS4 pura e simplesmente não ligar, deu-se início a uma procura exaustiva do talão de compra e respetiva garantia, os quais, como é prática comum, não foram encontrados. A resolução do problema, e por não termos talão de compra, passou pela compra de um novo aparelho. Face a um problema que envolve tanta gente, nasceu a ideia de se criar uma APP que solucionasse estes problemas", conta Romana Ibraim.
A Keep Warranty chegou ao Acredita Portugal através de um convite da própria associação, em finais de novembro de 2017. Aceitando o convite, o objetivo era promover a aplicação, "testando-a num concurso de empreendedores e, ao mesmo tempo, aproveitar a oportunidade de passar por um período de pré-aceleração", com acesso a "sessões com especialistas de várias áreas (proteção de propriedade intelectual, comunicação, técnicas de negociação, etc.) e a um mentor".
Segundo Romana, havia "a secreta esperança de vencer". "Acreditamos fortemente no valor do nosso projeto e nas suas potencialidades. No entanto, como tínhamos uns concorrentes muito fortes, existiu, obviamente, alguma incerteza quanto ao resultado final", confidencia.
Tendo mesmo vencido, "a motivação para concretizar mais e melhor é ainda maior". Afinal, "este prémio é o reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos últimos seis meses". O próximo passo, esse, está definido: "levar este projeto português além-fronteiras e mostrar o bom que fazemos e criamos em Portugal", diz Romana.
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