Miguel Magalhães começa por lembrar que "França está a tentar posicionar-se como a principal referência Europeia na Inteligência Artificial", e que Portugal tem-lhe seguido os passos de forma atenta
com "vários esforços no último ano e meio para se manter relevante" no setor. Mas reconhece que "dada a escala do nosso mercado, nem sempre é fácil" principalmente numa altura em que a discussão se centra no posicionamento da Europa, quando há concorrentes gigantes como Estados Unidos e China.
Neste momento há acima de tudo "uma curiosidade em perceber de que forma é que podemos beneficiar do investimento e desta aposta que França está a fazer", principalmente IA made in Europa ainda é uma raridade, servindo maioritariamente, neste momento, o velho continente para ser a base de grandes tecnológicas Americanas, comoa base em Dublin. Contudo, "Paris tem sido, cada vez mais, um centro de Inteligência Artificial
porque França tem feito o trabalho de tentar atrair algumas destas empresas".
Miguel Magalhães reforça ainda que França também tem atualmente a principal aposta europeia em Inteligência Artificial, a Mistral uma startup que foi criada em 2023 e, na altura, "despertou algumas atenções
porque apenas alguns meses depois de ter sido criada já estava a receber cerca de 100 milhões de euros em investimento." "E nestes últimos dois anos tem sido construída e desenvolvida para se tornar aquela que pode ser a resposta Europeia A empresas como o OpenAI", acrescenta.
Embora a China tenha conseguido fazer o Deepseek com muito menos dinheiro que aquele que os americanos tinham previsto para este género de sistema, Miguel Magalhães saliente que ainda assim é na mesma preciso algum
Dinheiro quando se compara com os valores totais do mercado. "Quando se olha para mercados como os Estados Unidos ou a China, que apesar de ter havido provas de que não é preciso tanto dinheiro, o volume que tem sido colocado em empresas americanas e chinesas, e o volume que tem sido colocado em empresas europeias nesta área não é comparável."
Mas Paris tem sido, e acima de tudo tem querido ser o farol neste campo, recebeu o AI Action Summit, em Paris,e parte das discussões tiveram a ver com a percepcção de que, se calhar, não são necessários tantos recursos, e "como é que pelo menos podes nivelar a Europa com estes mercados em termos do dinheiro que é colocado em empresas".
Num país como Portugal os recursos podem sempre ser um obstáculo à inovação e em jeito de comparação Miguel Magalhães lembra que o Presidente Macron anunciou que França, nos próximos anos, vai investir
cerca de 100 mil milhões de euros em empresas de Inteligência Artificial, uma resposta ao plano do Presidente Trump que tinha dito que ia colocar 500 mil milhões em startups de
Inteligência Artificial Americanas na altura o projeto chamava-se Stargate. Em Portugal, há o exemplo do Center for Responsible AI que é um projeto que está sensivelmente avaliado em 50 milhões de euros. Refere ainda o projeto Amália que foi anunciado durante o Web Summit, que representa seis milhões de euros e, recentemente, foi anunciada uma iniciativa também para apoiar startups de deeptech mas com valores que rondam entre os 10 mil e os 30 mil euros para apoiar startups numa fase muito inicial.
Em resumo, "não há iniciativas em termos estatais que permitam de facto fazer a diferença. Mas se olharmos, por exemplo, para os números de 2024, há startups de AI portuguesas ou com ADN
português, a levantaram cerca de 100 milhões de euros o que é um valor ótimo se compararmos, por exemplo, com França é o valor da primeira ronda da Mistral que agora já tem cerca de mais de 1000 milhões de euros investidos na empresa." "São realidades completamente diferentes", conclui.
Mais tarde, encontrar-se-á com Carlos Moedas, no Beato Innovation District, um dos maiores centros de inovação e empreendedorismo da Europa, com a participação de atores franco-portugueses da tecnologia e da Inteligência Artificial (IA), como a Station F (centro de startups francês), na sequência da Cimeira de Ação sobre IA em Paris no início do mês.
Quanto a esta visita, Miguel Magalhães acredita que "tudo o que são relações intra-europeias e, principalmente, tudo o que é capacidade de Portugal ter relações interessantes com França, e na forma como startups de Inteligência Artificial portuguesas podem não estar presas ao mercado português para poder crescer primeiro a partir da Europa, e depois para os mercados habituais." E, por isso, esta visita é uma ótima notícia.
Lembra que tem havido muita dificuldade em que isso aconteça aconteça e que um dos temas prementes na Europa é a questão da regulação. Exemplifica, se uma empresa americana quiser crescer para qualquer estado americano há uma regulação e é muito fácil vender um serviço para 300 milhões de pessoas. Mas "muitas vezes startups europeias sem sequer quererem sair da Europa têm uma série de desafios quando querem ir
,como o caso uma Startup portuguesa, para a Alemanha para França, para Espanha e então, encontrar formas de poder facilitar esse acesso a um mercado maior só podemos ter coisas a ganhar."
____
Há temas que dominam a atualidade, mas nem sempre são fáceis de entender. Em "Explica-me Isto", Ana Maria Pimentel recebe, todas as semanas, um convidado que ajuda a decifrar um assunto que está a marcar o momento. Política, economia, cultura ou ciência—tudo explicado de forma clara, direta e sem rodeios. Os episódios podem ser acompanhados no Facebook, Instagram e TikTok do SAPO24.
Comentários