O MUDA — Movimento pela Utilização Digital Ativa tem como objetivo que “todos os portugueses tirem partido daquilo que a Internet oferece, seja na sua relação com o Estado, empresas e na componente pessoal”, descreve Alexandre Nilo da Fonseca, diretor executivo do MUDA.
“Em certa medida procuramos não deixar ninguém para trás. Que os mais pobres, iletrados ou mais velhos não sejam excluídos por essas razões”, sublinhou ao SAPO24 à margem da apresentação do balanço de dois anos de atividade que decorreu no Hotel Vila Galé - Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, em Oeiras.
“O Muda na Escola” é um dos projetos, entretanto lançado por este movimento. “Queremos ensinar os mais velhos a tirarem partido dos benefícios do mundo digital, a ter o primeiro contacto digital, criar a sua identidade, e-mail, rede sociais, fazer pesquisas e marcar consultas”, resumiu.
Com uma bolsa total de mais de “1000 voluntários a nível nacional, a formação deste projeto-piloto decorre” em “18 escolas secundárias de norte e centro do país” com a ajuda de “230 voluntários” e “90 professores já formados”, enumerou o diretor executivo do MUDA.
Os voluntários são alunos do 10º e 11º ano, num “apoio one to one a cada um dos participantes”, em que “dois alunos” viram “professores”, durante “duas horas por semana, em dia fixo, às 3ª feiras, das 14h30 às 16h30”, descreveu.
“São 8 módulos, serviços públicos, identidade ou redes sociais, por exemplo, centrada na comunicação para falar com netos, filhos e amigos”, frisou. “Para quem ainda não domina a internet, há sempre um número telefónico (800 913 014) para marcações”, referiu ainda Alexandre Nilo Fonseca.
Depois de estabilizado este projeto durante o presente ano letivo, o objetivo passa por “chegar às 600 escolas”, uma ambição “realista porque já criamos os módulos e a metodologia” que as escolas necessitam. “Agora é captar o interesse das escolas”, adiantou.
Embora reconheça que com 600 escolas estaria assegurada a cobertura de parte significativa do país, não cobre o território na sua totalidade. E essa necessidade está na génese de um projeto a ser lançado em junho – “Muda na Aldeia” – um “piloto numa aldeia em Abrantes que envolverá uma parceria com a Junta de Freguesia que será responsável por mobilizar escuteiros, bombeiros e quem trabalha num contexto de apoio à comunidade”, explicou sem identificar o local. “Faremos um balão de ensaio e deixaremos a semente montada. A ideia é formar pessoas do ecossistema para ajudar quem necessita quando sairmos de lá. A prazo a ajuda de voluntariado pode ser feita em casa”, sublinhou.
Mas a preocupação não se esgota na aldeia. Quer ir ao bairro. “O Muda no Bairro” arrancará “como piloto antes do verão numa grande cidade” onde também “há focos de infoexclusão”, anotou.
Um roadshow, um programa de TV, um concurso e 1,6 milhões de portugueses impactados
Procurando retirar da infoexclusão qualquer pessoa, no futuro, “uma nova dinâmica” passa por “levar aos hospitais e lares” este programa, exemplificou Alexandre Nilo Fonseca, diretor executivo do MUDA, movimento que diz ter a “responsabilidade” de tornar Portugal “mais avançado, inclusivo e participativo”.
No dia em que o MUDA celebrou dois anos de atividade, referiu ainda outras iniciativas que tiveram impacto nos cidadãos: o “Muda num minuto”, um programa diário de televisão criado em 2018, com “mais de 160 programas diários emitidos”, um Roadshow nacional que já visitou “30 cidades”, o concurso “Mudar é ganhar” e o desenvolvimento do plano de ação “Digital by Default”, o digital por defeito nas comunicações, digitalização dos arquivos e na identificação (chave móvel digital).
“Mais de 1,6 milhões de portugueses foram impactados pelo MUDA”, nos últimos dois anos, em especial os “portugueses com mais de 55 anos (“Roadshow” e “Muda na Escola”)” e os “jovens dos 15 aos 25” através do programa de voluntariado”, contabilizou Alexandre Nilo Fonseca, diretor executivo que aponta a previsão (fonte Comissão Europeia) que em 2020, em Portugal, 45% dos utilizadores usará serviços de home banking (29%, em 2016) e 50% fará compras online (31%, em 2016).
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