Alexandra Mont é francesa e tem o objetivo de "revolucionar a saúde feminina" através da tecnologia. CEO e fundadora da ENDOless espera "mudar a forma como as mulheres com problemas ginecológicos crónicos são tratadas". Acima de tudo entender melhor o que provoca e em que se manifesta a dor da endometriose.
Com esta aplicação espera dar ferramentas às mulheres que sofrem desta patologia para entender e registar todo o tipo de dados associados à doença. E, depois, recorrer a toda a informação registada nos telemóveis e relógios inteligentes e, no fim, através de Inteligência Artificial, relacioná-los e poder dar previsões adaptadas a cada utilizadora.
Nesta fase inicial, explica ao SAPO24, ainda não têm médicos a trabalhar diretamente na plataforma, embora colaborem e os consulte amiúde. Nesta fase inicial na aplicação - em fase de testes beta - as mulheres registam "os dados, , as dores, o que sentem, as alergias, as temperaturas, e tudo mais É aí que a app diz-lhes se têm probalidade de sofrer de endometriose e o que podem fazer". Mas mais do que o que podem fazer, faz previsões.
Isto é, "se o relógio registou mudanças na pulsação é porque, provavelmente, quer dizer que teve debaixo de muito stress. O que, muito provavelmente, significa que terá dores. E dessa forma pode planear ficar em casa nesse dia de trabalho. Se eu sei que vou ter dor amanhã, eu posso adaptar melhor o meu dia, eu posso organizar-me melhor e sentir-me melhor".
Esta parte é particularmente importante para Alexandra uma vez que, como explicou ao SAPO24, a génese desta startup advém da sua própria doença. Era consultora e gestora de projetos e não lhe era permitido lidar com os tempos da sua doença da forma que precisava, principalmente porque viajava muito em trabalho. E julho despediu-se e decidiu dar tempo à sua dor e a si própria e hoje tem "15 pessoas a contribuir voluntariamente para mudar o mundo".
Do lado direito de Alexandra Mont o SAPO24 encontrou Clarice Pinto, uma italiana, de origem brasileira, que quer trazer positividade à menopausa. A Pausetiv pretende ser uma "clínica virtual dedicada à menopausa, e também a perimenopausa que é quando, na realidade, as mulheres começam a sentir a maioria dos sintomas que nem sequer associam à menopausa".
Clarice Pinto explica a urgência de se dar mais atenção a este tema, "há mais de 40 sintomas que ainda não são conhecidos, mas o que realmente me chocou foi entender não só as consequências a curto prazo dos sintomas e como impactam a qualidade de vida, mas o risco de desenvolver doenças. Se não se tratar a menopausa no período de transição, a longo prazo geram-se vários problemas. 80% dos casos de osteoporose são mulheres. Dois terços dos casos de Alzheimer são mulheres. E está tudo ligado ao declínio dos níveis de estrógeneo. Doenças de coração, diabetes, ou seja, o risco de não tratar para as mulheres é muito alto".
Não tem dúvida que só há um caminho possível na resolução do problema: "informação". "Informação com base científica e que chegue às mulheres, acrescenta".
Na Pausetiv a informação é toda com base científica e aliada à informação médica pretendem também dar às mulheres - consoante o plano que assinem - um plano personalizado no que diz respeito ao estilo de vida: nutrição, atividade física, saúde sexual, saúde mental, etc.
A app, no fundo, apressa um caminho que normalmente é demorado. "Transformámos o percurso offline, num percurso online, em que a mulher preenche um questionário super completo, carrega os exames, que seriam os exames normais de uma visita médica de controlo anual. E a partir daí o algoritmo vai elaborar um relatório para o médico onde já tem os detalhes da mulher. E, então, o médico vai poder prescrever um tratamento que não é só médico, Nesse percurso, a mulher economizou duas viagens ao consultório, marcações e espera por exames".
A app, espera Clarice, estará no mercado italiano no início do ano e, logo de seguida, para o mercado brasileiro. "O protocolo já está validado pelos médicos. Agora é só lançar".
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