Além de ser paga para jogar Counter-Strike (CS), esta unidade de patrulha online está no Twitch, Discord, Instagram, Facebook e TikTok, sem esconder a sua presença, dão-se a conhecer como polícia-online com o objetivo de tornar a internet um lugar mais seguro para crianças e adultos.
Equipados com o habitual uniforme, os agentes iniciam mais uma patrulha online, o seu principal objetivo é identificar potenciais predadores sexuais e suspeitos de crimes económicos na Internet.
Esta unidade de investigação criminal é composta por 10 agentes e foi estabelecida no ano passado devido ao aumento de crimes online, sobretudo, durante o confinamento por causa da pandemia da Covid-19.
"Da mesma forma que se vê um carro de polícia a patrulhar as ruas, pode ver um polícia devidamente identificado para o universo online", explicou à AFP o chefe da patrulha, Sisse Birkebaek.
Miriam Michaelsen, advogada e fundadora da associação de Responsabilidade Digital, há muito tempo que tem pedido ao governo dinamarques a monitorização da Internet.
"Quando conversamos com os jovens, eles não veem diferença entre o mundo físico e o mundo digital, com uma exceção: no mundo físico, eles veem a polícia na rua, enquanto que online não", disse.
"Quando alguém vê a polícia passar, isso tem um efeito, tanto para as vítimas como para os criminosos... é o mesmo online."
“Patrulha de bairro”
Desde a sua criação, em abril de 2022, a "Politiets Online Patrulje" abriu mais de 65 casos.
"Detectamos muitas tentativas de assediar os jovens com o objetivo de sacar-lhes dinheiro dentro da comunidade de jogos online", disse Birkebaek. Por essa razão, o agente Jeppe Rimer Torup e os seus colegas jogam CS: GO, Fifa ou Fortnite, várias vezes por mês.
Sob os nomes "Oficial 1" até "Oficial 4", os agentes jogam, observam e cultivam contatos, como se estivessem numa patrulha de bairro real. No Twitch, “anunciamos que somos dois agentes da polícia a jogar e que precisamos de três voluntários” para se juntar à nossa equipa e combinarmos estratégias de jogo no chat, disse à AFP o oficial de 36 anos Rimer Torup.
"Aos poucos, os seguidores vão aumentando."
Atualmente, a patrulha online tem 127 mil seguidores no TikTok, 23 mil no Twitch, 10 mil no Facebook e 6 mil no Instagram e todos sabem que se trata da polícia, embora, em raras ocasiões, possam iniciar alguma investigação disfarçados.
Num dia normal, “a unidade pode juntar-se a um grupo no Facebook e dizer: 'Olá, somos da polícia e se quiseres conversar connosco ou se tiveres alguma dúvida, basta escrever aqui", disse Rimer Torup. “Na maioria das vezes funciona", afirmou.
Desde que a unidade iniciou as operações de patrulha online, os 10 agentes já receberam mais de 5.200 denúncias.
Imprescindível manter apoios para a continuidade do projeto
O agente Rimer Torup dirige, nos seus tempos livres, um clube de e-sports para adolescentes, no departamento de polícia em Copenhaga, muitos destes jovens vêm de bairros desfavorecidos. Apesar de tratar-se de um hobby, esta atividade permite ao agente durante o seu tempo livre conhecer melhor os adolescentes e as suas preocupações.
"Temos 10 jovens participantes na atividade e-sport. Acho que eles aderem porque é divertido jogar videojogos... e porque muitos precisam de ter uma vida social", disse o agente.
À AFP, seis destes jovens afirmaram que seguem as atividades da patrulha online, mas ainda não interagiram com ela.
O financiamento da patrulha é decidido a cada ano. Rimer Torup espera que um dia se torne num apoio permanente.
"Acho que não podemos resolver todos os problemas de violência digital apenas com uma patrulha online", disse Michaelsen. "Mas quando conseguimos ajudar 10, 15, 20 pessoas online, já faz alguma diferença”.
Mikkel Olsen, outro elemento da patrulha, disse à AFP que o trabalho da unidade é constantemente ajustado, à medida que as redes sociais e a Internet evoluem.
Houve um amplo consenso sobre a atividade da patrulha online na Dinamarca, uma sociedade progressista onde a polícia é muito respeitada. De acordo com as estatísticas mais recentes, 87% dos dinamarqueses confiam na polícia.
A Associação Nacional para os Direitos das Crianças declarou à AFP que a atividade desta unidade, para já, "não levantou qualquer problema em relação à privacidade das crianças". A Agência de Proteção de Dados também afirmou que “não tinha preocupações”.
"É muito emocionante ser pioneiro", concluiu o agente Olsen.
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