O que é o Clubhouse?
O Clubhouse é uma plataforma de áudio em tempo real. Ou seja, é uma plataforma onde não há mensagens, não há publicações escritas, nem nada fica para a posteridade. Cada utilizador pode criar uma "sala" para conversar sobre qualquer tópico, conversa essa que não fica gravada. Regra geral, estas salas estão divididas em dois grupos: os que estão a falar e os que estão a ouvir. É possível ver toda a lista de participantes, sendo que um moderador (ou vários) tem a capacidade de selecionar participantes para passarem dum grupo para o outro.
Por enquanto, a plataforma só está disponível para IOS [sistema operativo exclusivo de produtos Apple] o que significa que só é acessível através de dispositivos como iPhone com a versão 13.0 ou posterior, iPad com a mesma versão do sistema operativo e iMac 11.
Outra particularidade da plataforma é, em teoria, só ser possível acedê-la através de convite doutro utilizador existente — sendo que o número de convites por utilizador é limitado. Muitos são os que acreditam esta ser uma estratégia de marketing, dando-lhe um sentimento de clube exclusivo. No entanto, talvez esta não seja assim tão exclusiva, já que, caso não tenha recebido um convite, pode “reservar” o nome de utilizador. Quando o faz fica numa lista de espera e, uma vez que a app requer acesso à lista de contactos do telefone em que for instalada, caso alguém que tenha já o seu contacto esteja na plataforma, receberá uma notificação que permite aprovar a sua entrada sem que para isso tenha que gastar um dos seus convites.
Vantagens para empreendedores
Um dos motivos pelos quais a aplicação tem dado que falar é o facto de possibilitar chegar a pessoas e celebridades a que normalmente não teria acesso. Elon Musk é apontado como o responsável pelo disparo da popularidade da plataforma, depois de ter criado uma sala onde conversou com o CEO da Robinhood, recentemente envolta em polémica no caso GameStop. Depois disso, tem sido possível saltar de sala em sala e ouvir pessoas como Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit, ou Kevin O’Leary, Barbara Corcoran, Daymond John (do famoso Shark Tank) ou Tim Vieira (da versão portuguesa do mesmo programa).
Em muitas destas "salas", os moderadores permitem que através da ferramenta "Raise hand" [mão no ar] várias pessoas conversem ou façam perguntas aos seus intervenientes, como foi o caso da sala onde se encontravam os tubarões do programa Shark Tank.
Para além de muitas destas figuras públicas, o Clubhouse está a aumentar a sua popularidade junto de muitos empreendedores, profissionais de marketing, jornalistas ou simples curiosos. Sendo o empreendedorismo já por si um trabalho bastante solitário, isolamento esse agora agravado pelo confinamento obrigatório, a plataforma tem-se revelado uma ferramenta importante de networking, onde é frequente ouvir pessoas partilharem ideias, conselhos, histórias e onde já é possível verem-se parcerias a ser feitas.
Apesar do número de utilizadores aumentar de forma exponencial, o facto de requerer um convite e um dispositivo IOS continua a torná-la uma aplicação com um número limitado de utilizadores, o que permite que ainda seja não possível chegar a todas as pessoas.
À semelhança de outras redes sociais, esta também permite seguir e ser seguido. Atualmente, o aumento de popularidade na plataforma é ainda um processo muito orgânico. Regra geral, basta falar numa "sala" para se angariar alguns seguidores. Talvez por isso e pelo caráter informal e instantâneo da coisa, a qualidade da informação que é partilhada entre utilizadores é alta.
Desvantagens
Para além de não ser uma aplicação inclusiva pelas condições exigidas para a sua utilização, o Clubhouse tem revelado outras limitações.
São muitos os utilizadores que se queixam do caráter aditivo da plataforma, com alguns a revelar que chegam a passar cerca de 9 horas por dia a ouvir e/ou a conversar. Uma vez que nenhuma das conversas pode ser gravada, há um medo de se estar a perder alguma coisa importante o que leva a que muitas pessoas não consigam sair da aplicação.
O facto de não permitir troca de mensagens por texto, por um lado, força as pessoas a falarem umas com as outras e é apontado como um dos fatores de sucesso da aplicação; por outro, é uma queixa recorrente por parte dos utilizadores que pretendem trocar contactos ou links, corrigir ou adicionar uma informação sem interromper quem esteja a falar ou comunicar de forma privada.
A aplicação consome muita energia pelo que muitos utilizadores também se queixam de ter que recarregar o telemóvel mais recorrentemente desde que a utilizam.
Com a adesão de grandes audiências começam já a surgir muitos perfis com o único objetivo de vender algo, o que acaba por diminuir a qualidade de algumas conexões.
Ainda assim, numa altura em que se sentem isolados devido às restrições da covid-19, ou que muitos atingem a fadiga do Zoom, o Clubhouse permitiu uma oportunidade para aqueles que querem socializar e conversar, sem se preocuparem com a imagem e sem terem que olhar longas horas para um ecrã. A plataforma substitui as conferencias, oferecendo um "espaço" para especialistas e oradores falarem com audiências interessadas e oferece possibilidades de networking que normalmente teriam em eventos presenciais.
Há dúvidas se está para ficar ou se terá uma curta duração. Mas neste momento a aplicação está claramente a preencher um vazio para muitos e é uma forma estimulante para empreendedores aprenderem, partilharem ideias e aumentarem a sua lista de contactos.
Todas as quintas-feiras, pelas 15h30, membros da equipa da Startup Portugal disponibilizam-se numa sessão com o objetivo de responder a todas as perguntas sobre empreendedorismo que possam surgir. Se já é utilizador, não hesite em juntar-se.
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