A sonda "Al-Amal" ("Esperança" em português), que vai reunir dados sobre a atmosfera de Marte, entrou na órbita do planeta após uma viagem de sete meses.
Os controladores da missão, no centro espacial dos Emirados Árabes Unidos, no Dubai, citados pela AP, anunciaram que o aparelho chegou hoje ao fim da sua viagem e começou a circundar o "planeta vermelho".
A sonda Al-Amal disparou os motores principais durante 27 minutos, numa manobra arriscada que desacelerou o engenho o suficiente para ser capturado pela gravidade de Marte.
"Ao povo dos Emirados Árabes Unidos, às nações árabes e muçulmanas, anunciamos a chegada com êxito à órbita de Marte. Louvado seja Deus", declarou Omran Sharaf, o diretor do projeto.
Sharaf e outros funcionários no controlo da missão, no Centro Espacial do Dubai, explodiram em aplausos, visivelmente aliviados após meia hora de tensão durante a qual a sonda desacelerou para entrar na órbita marciana - a manobra mais difícil da missão.
"O que vocês conseguiram é uma honra para a nossa nação. Quero dar-vos os parabéns", disse Mohamed bin Zayed, príncipe-herdeiro de Abu Dhabi e homem forte dos Emirados.
O envio da sonda - que pretende revelar segredos do clima marciano - foi a primeira de três missões espaciais a chegar a Marte em fevereiro.
Além dos Emirados Árabes Unidos, país rico do Golfo, China e Estados Unidos também lançaram missões em julho, aproveitando o período em que a Terra e Marte estão mais próximos a cada 26 meses.
A entrada da sonda "Esperança" na órbita de Marte coincide com o aniversário de 50 anos da unificação dos sete emirados em uma federação. Todos os monumentos do país serão iluminados de vermelho durante a noite.
"Esperança" iniciou a manobra de 27 minutos de frenagem dos motores com o propósito de reduzir a velocidade o suficiente para entrar em órbita. A sonda girou e acionou os seus motores para reduzir a velocidade de 121.000 km/h a 18.000 km/h.
Estes "vinte e sete minutos às cegas determinarão a sorte de sete anos de trabalho", tinha dito Sarah al Amiri, presidente da Agência Espacial dos Emirados e ministra de Tecnologias avançadas, no início da semana
"Este projeto é muito importante para a nação, para toda a região e a para a comunidade científica e espacial mundial", declarou à AFP Omran Sharaf, diretor de projeto da missão.
Ele afirmou que o objetivo é "muito maior" que o simples facto de chegar a Marte.
"O governo quer provocar uma grande mudança no espírito da juventude dos Emirados (...) para acelerar a criação de um setor científico e tecnológico de ponta", acrescentou.
Trata-se do primeiro passo de um projeto muito mais ambicioso: a criação de uma colónia humana em Marte no prazo de 100 anos.
Além de consolidar o seu estatuto como país regional chave, os Emirados desejam que o projeto sirva de fonte de inspiração para a juventude árabe, numa região que aparece com frequência na imprensa pelos conflitos e as suas crises políticas, e não pelas conquistas científicas.
O xeque Mohammed bin Rashed Al Maktum, primeiro-ministro dos Emirados e dirigente do Dubai destacou que a sonda chegou ao "ponto mais distante do universo já alcançado pelos árabes em sua história".
Ao contrário das missões chinesa Tianwen-1 e americana Marte 2020, a "Esperança" não vai pousar no planeta vermelho.
A sonda utilizará três instrumentos científicos para monitorar a atmosfera marciana e deve começar a transmitir informações em setembro.
Os cientistas de todo o mundo terão acesso aos dados obtidos pela sonda dos Emirados Árabes Unidos.
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