A edição deste ano contará com 83 galerias de 17 países diferente, o que representa um crescimento significativo desde a primeira edição em 2016, que teve cerca de metade dos participantes. "Nesta oitava edição, celebram-se, na verdade, 10 anos desde que a ARCOlisboa arrancou. Devido à pandemia, não foi possível realizar a feira durante duas edições", conta Maribel Lopez, diretora do ARCO, ao SAPO24.

Durante este período, a ARCOlisboa manteve-se como uma plataforma relevante para a promoção da arte contemporânea em Portugal e para o diálogo com contextos internacionais, especialmente com Espanha, país com forte presença nesta iniciativa. "Desenvolveram-se secções comissariadas para oferecer conteúdos novos, criámos uma secção especial dedicada à edição de livros de arte, a Arts Libris, e adaptámos os espaços da Cordoaria Nacional para promover o encontro e o convívio entre profissionais e público", explica.

A feira está dividida em três secções principais: o Programa Geral, composto por galerias consolidadas selecionadas por um comité organizador; a secção Opening Lisboa, dedicada a galerias emergentes com projetos mais experimentais e selecionadas por curadoria; e As Formas do Oceano, que promove o cruzamento entre práticas artísticas de diferentes territórios atlânticos. No total, 30 galerias são portuguesas, enquanto as restantes 53 vêm de países como Espanha, Alemanha, Itália e Brasil.

Segundo Maribel Lopez, as galerias "são selecionadas por curadores e curadoras, profissionais que ajustam a seleção ao perfil e aos conteúdos específicos de cada uma dessas secções". O projeto é desenvolvido com o objetivo de dar visibilidade a criações locais e internacionais. Contudo, a equipa reconhece que "Lisboa é, por si só, uma referência no circuito da arte contemporânea", e é dessa novação que os visitantes do ARCOlisboa esperam sempre que visitam a feira: 2Uma experiência de altíssima qualidade artística, no contexto único que é a cidade de Lisboa e o espaço da Cordoaria Nacional".

Uma das apostas tem sido a diversificação dos conteúdos expositivos e editoriais. A feira organiza um conjunto de conversas e apresentações públicas sobre temas centrais no universo da arte contemporânea, como o comissariado, o colecionismo ou os modelos de museu privado. Estes encontros decorrem sob o título Millennium Art Talks, "atividades que não se limitam à feira — estendem-se também à cidade", refere a diretora.

A programação estende-se também para além do recinto da Cordoaria Nacional. Várias instituições da cidade associam-se à feira com exposições e visitas programadas, entre as quais o CAM Gulbenkian, o MACAM e a Albuquerque Foundation. Uma das exposições em destaque é a retrospectiva de Jeff Wall no MAAT, que integra o calendário paralelo da ARCOlisboa.

Este ano, como novidade, a organização introduz entrada gratuita para jovens até aos 25 anos, válida nas tardes de sexta-feira e sábado. A medida visa ampliar o acesso ao evento e aproximar novos públicos do contexto da arte contemporânea, explica Maribel Lopez. Ao mesmo tempo, reforça a ideia de que a feira não é apenas um espaço de mercado, mas também de partilha de conhecimento, de encontro entre profissionais e de contacto com o pensamento artístico atual.

"A ARCOlisboa defende a importância da arte como motor intelectual e estético, capaz de nos ajudar a compreender melhor o mundo em que vivemos e a promover uma ligação mais empática entre as pessoas.
A arte contemporânea fala do nosso presente, interroga-nos e convida-nos à reflexão. Devemos escutá-la com atenção", lembra.

Ao longo dos anos, a ARCOlisboa tem procurado contribuir para a visibilidade da criação contemporânea portuguesa, colocando-a em diálogo com outras geografias. O envolvimento de galerias nacionais e a articulação com instituições culturais locais têm sido centrais para consolidar o papel da feira no calendário artístico internacional. A sua continuidade representa uma oportunidade não apenas para a promoção de artistas e projetos, mas também para reforçar a presença de Lisboa como cidade ativa no debate e na circulação da arte contemporânea.