Entre as 16:00 e as 18:00, na sala 32 do célebre museu de arte moderna e contemporânea, vão ser mostradas as duas esculturas realizadas em 2013 e expostas na Galerie Mendes, em Paris, no ano passado, quando o galerista Philippe Mendes deu a Rui Chafes ‘carta branca’ para expor no meio de pinturas dos séculos XVI e XVII.
Para Rui Chafes, “é um privilégio, claro que sim”, fazer parte da coleção do Centro Pompidou e estar em exposição num “dos museus centrais e icónicos não só de França como da Europa e do mundo”.
“É um passo importante para essa tal visibilidade, porque eu acho que as obras de arte só existem se forem vistas por alguém. Se ficarem na gaveta não existem, não há hipótese nenhuma de uma obra de arte existir. A obra de arte só existe quando o círculo se fecha: começa no artista e tem que acabar em quem a recebe, no espetador”, disse à Lusa o escultor.
As esculturas suspensas "Carne Invisível" e "Carne Misteriosa" são feitas de ferro pintado de preto, mas as suas linhas sugerem movimento e leveza apesar do material pesado.
A apresentação das obras no Centro Pompidou acontece no dia da pré-inauguraçao e nas vésperas da abertura ao público da exposição de Rui Chafes e Alberto Giacometti na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, a 03 de Outubro.
A mostra “Gris, Vide, Cris”, que vai estar patente até 16 de dezembro, junta dois universos aparentemente opostos: de um lado, as esculturas de ferro, pretas e lisas de Chafes, do outro as rugosas peças em bronze, gesso e terracota de Giacometti, mas há um “encontro” marcado pela busca “do vazio, do imaterial e do invisível”
“Numa obra de arte é tão importante aquilo que se vê como aquilo que não se vê. Às vezes, até é mais importante aquilo que não se vê porque uma obra de arte é apenas um fragmento de uma multidão de coisas que estão lá para trás e que não estão visíveis”, afirmou o escultor português.
O artista, que tem muitas obras colocadas em espaços públicos internacionais de forma permanente, instalou, em 2008, uma escultura em Champigny-sur-Marne, nos arredores de Paris, em homenagem à emigração portuguesa.
Nascido em Lisboa, Rui Chafes fez o curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, entre 1984 e 1989, e estudou na Kunstakademie Düsseldorf, de 1990 a 1992, com Gerhard Merz, tendo sido galardoado com o Prémio Pessoa, em 2015, e com o Prémio de Escultura Robert-Jacobsen, na Alemanha, em 2004.
Em 1995, Rui Chafes representou Portugal, juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis, na 46.ª Bienal de Arte de Veneza, e, em 2004, participou na 26.ª Bienal de S. Paulo, com um projeto conjunto com Vera Mantero, tendo, ainda, em 2013, sido um dos artistas internacionais convidados para expor no Pavilhão da República de Cuba, na 55.ª Bienal de Veneza.
O seu trabalho tem sido exposto em Portugal e no estrangeiro, desde meados dos anos de 1980 e, em 2014, apresentou a exposição antológica "O peso do paraíso", no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
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