“É extraordinariamente importante, porque é uma luta, é mais um passo para os portugueses reconhecerem a importância da candidatura do azulejo a património da UNESCO”, disse à Lusa a Maria Pinto de Matos.
O Dia Nacional do Azulejo foi proposto ao parlamento pelo projeto ‘SOS Azulejo’, da Polícia Judiciária, e aprovado no dia 24 de março deste ano.
Maria Pinto de Matos sublinhou que o azulejo é “identitário da cultura portuguesa” e uma qualidade que diferencia Portugal do resto do mundo.
A partir do século XIX, data até à qual o azulejo se manteve apenas no interior dos palácios e igrejas, esta forma de arte “conquistou a rua” e começou a cobrir fachadas.
“O azulejo veio transformar a paisagem”, acrescentou Maria Pinto de Matos.
Em 2016, o museu, em Lisboa, recebeu mais de 160 mil visitantes, na sua maioria turistas franceses.
“Gostaríamos que viessem mais portugueses”, sublinhou a diretora.
As pessoas que visitam o museu procuram, além da estética, conhecer a história por detrás dos azulejos: “Há um interesse crescente. Há visitantes, mesmo estrangeiros, que se preparam antes das visitas”.
O Museu Nacional do Azulejo tem visitas preparadas para cegos, surdos e deficientes motores com guias em áudio e vídeo e ainda uma aplicação para telemóvel (iOS e Android).
A plataforma tem um guia com descrição áudio e acompanhamento com música da época dos azulejos expostos para ajudar a “criar o contexto”.
A diretora referiu ainda que em Portugal “há uma maior sensibilização para a proteção do azulejo” e que o museu se disponibiliza para ajudar com as dúvidas que possam existir na conservação de painéis ou em casos em que sejam detetados azulejos a degradar-se.
Também o diretor-geral da fábrica Viúva Lamego, Gonçalo Conceição, considera haver uma “atenção renovada para a preservação da identidade cultural” de Portugal, em que se inclui o azulejo.
Para o responsável, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “tem dado um contributo essencial” para este fenómeno.
A Viúva Lamego é uma fábrica de produção de azulejos através de métodos artesanais, em Lisboa, que tem “em permanência pedidos de visita de escolas secundárias, universidades, profissionais de arquitetura, decoração e design, ou meros apreciadores de azulejos”.
Entre os visitantes, prevalecem os portugueses. Os estrangeiros são provenientes sobretudo do norte da Europa.
“O perfil é muito variado. A tónica comum é a procura por um produto de elevada qualidade técnica e artística, mas acima de tudo com identidade própria. Quem nos procura tipicamente já conhece a história da empresa, a relação do azulejo com a arte pública e a arquitetura portuguesa”, explicou Gonçalo Conceição.
A Polícia Judiciária organizou também esta semana uma iniciativa no âmbito do Dia Nacional em que as escolas e departamentos municipais de Educação a aderir à “Ação Escola SOS Azulejo 2017″.
O evento decorreu no dia 03 de maio a nível nacional, para todos os graus de ensino, e contou com a participação de cerca de 200 escolas e 15.200 inscritos, que realizaram atividades pedagógicas e lúdicas relativas ao tema do património azulejar português.
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