Tudo começa com Ellio Perlman (Timothée Chalamet) de férias com os pais na sua casa de campo no norte de Itália. No meio de uma família intelectual, os dias quentes passam-se na piscina, no piano e a passear de bicicleta com os amigos de verão. Naquela casa ouve-se francês, italiano, inglês e até alemão para discutir música, história e política, e todos estão em paz com o espírito preguiçoso do verão.
Como de costume, a família adota um estudante estrangeiro durante seis semanas para ajudar o pai de Elio, professor de arqueologia, a fazer pesquisa académica. Desta vez, o estudante escolhido para o estágio é Oliver (Armie Hammer), um norte-americano com uma estatura saída de um catálogo: alto, forte e confiante na sua voz possante. O que inicialmente é um conflito entre os dois rapazes aparentemente heterossexuais, vai gradualmente se transformando numa relação de cumplicidade, à medida que se conhecem. Por ser território desconhecido para ambos, a incerteza que os retém acaba por ser dominada pela inevitável atração e torna-se numa história de verão repleta de culpa, dúvida e paixão.
Baseado no livro homónimo de André Aciman, a adaptação ao cinema foi feita por James Ivory, com diálogos espaçados e poéticos, destacando-se o forte discurso inspiracional de Michael Stuhlbarg (Sr. Perlman) sobre a efemeridade da vida numa das cenas finais. As frases pairam ao longo do filme, muitas vezes pronunciadas em off pela voz profunda de Armie Hammer, e são entrelaçadas com a belíssima paisagem do campo italiano, e com imagens da fruta, dos objetos, da água e do sol, que caracterizam o sossego da casa de verão.
No meio deste ambiente descontraído desenrola-se a amizade secreta entre os protagonistas do filme, com alguns episódios eróticos e outros mais de pendor cómico. As cenas são vividas com intensidade graças à performance dos atores principais. O jovem ator Timothée Chalamet tem sido bastante aclamado nos jornais internacionais devido ao excelente papel que representa, com uma emoção e fragilidade que transcendem o grande ecrã, chegando a todos os espectadores. Agora, Chalamet está nomeado para o Globo de Ouro de Melhor Ator e justamente tudo indica que o mesmo acontecerá para o Óscar.
Há fortes expectativas para o filme no que toca aos prémios dourados, não só a representação e o argumento, mas também a realização. O realizador Luca Guadagnino consegue transportar-nos para os anos 80 com as imagens simbólicas e a música pop, e sem darmos por isso estamos envolvidos na história racional e sensorialmente. A acompanhar a narrativa há uma banda sonora de piano, mas também música de Sufjan Stevens caminhando para o final, que tornam o filme bastante comovente. O resultado final de todas as peças funciona tão bem que as duas horas que caracterizam o filme passam sem darmos conta.
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