O filme escolhido para abertura do certame que há 45 anos se repete naquele concelho do distrito de Aveiro foi realizado por Ari Folman, que também dirigiu o filme “Valsa com Bashir” (2008), e dá vida a Kitty, a amiga imaginária a quem a menina judia Anne Frank (1929-1945) endereçava os relatos no diário que a celebrizou postumamente
É com recurso a essa personagem que se ficam a conhecer reflexões sobre a ascensão do nacional-socialismo alemão, os dias que Anne Frank passou escondida num anexo secreto em fuga aos nazis, o escalar do Holocausto e ainda outras perspetivas sobre direitos humanos e refugiados.
Enquanto diretor de animação desse filme, Yoni Goodman orientará no festival uma ‘masterclass’ em que dará a conhecer o seu processo de criação, a forma como esse evoluiu ao longo dos anos, os métodos de trabalho que mais emprega atualmente e a teoria de que a inexistência de um guião ou orçamento pode funcionar como uma vantagem artística.
Fonte do Cinanima realça, contudo, que até 16 de novembro o certame terá em competição mais três longas-metragens e dezenas de ‘curtas’ de todo o mundo, distribuídas por 13 categorias específicas. Na rubrica internacional, estarão a concurso quatro longas-metragens e 78 curtas, e entre as obras de autoria portuguesa serão 32 os filmes em disputa.
O evento lança também este ano o simpósio “animaScapes”, que se propõe refletir sobre cinema de animação especificamente dedicado às temáticas da censura, da diversidade racial, da consciência social e do ativismo.
Quanto ao restante programa do Cinanima, inclui desde a apresentação de livros e ações de formação até filmes-concerto e sessões retrospetivas, entre as quais a seleção de obras “Animanarchy”, comissariada por Daniel Suljic, diretor do Animafest Zagreb – World Festival of Animated Film, da Croácia.
Outras três panorâmicas serão: “Rebellious Animation”, com escolhas de Olga e Michal Bobwroski, diretores do festival esloveno StopTrik; “America-s Latina-s”, com filmes selecionados por Lucia Cavalchini, diretora do Festival Animasivo, do México; e “Ars Electronica”, com curadoria de Jurgen Hagler e filmes que cruzam cinema animado com tecnologia.
Do cartaz do Cinanima de 2021 consta igualmente uma exposição de ilustração e banda desenhada por 11 autores portugueses com especial simbolismo nos 30 anos de atividade do estúdio Animanostra, nomeadamente André Letria, André Ruivo, Catarina Sobral, Fernando Relvas, Filipe Abranches, Joana Rosa Bragança, João Fazenda, José Bandeira, Paulo Monteiro, Pedro Brito e Tiago Albuquerque.
A edição de 2021 integra ainda duas instalações animadas da artista multimédia sérvia Lea Vidakovic, que coordenará uma ‘masterclass’ sobre narrativas para cinema de animação e o uso de marionetas nesse contexto concreto.
Em relevo na 45.ª edição do Cinanima estará também o debate “Olhares sobre a Animação Portuguesa”, com especialistas de várias áreas relacionadas com o filme animado, entre as quais a sociologia e as ciências da comunicação. Para analisar três curtas-metragens dos realizadores Vasco Sá e David Doutel, do estúdio Bando à Parte, foram, por isso, convidados Paulo Viveiros, Luísa Veloso, Magda Cordas e Mihaela Mihailova.
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