“É preciso muita sensibilização dos consumidores. O símbolo da agricultura biológica é uma garantia no ato de compra e, quando vão aos mercados biológicos, os consumidores devem pedir para ver a licença que todos os produtores são obrigados a ter”, afirmou Jaime Ferreira, presidente da Agrobio.
O responsável da Agrobio falava após a apresentação da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica (ENAB), um conjunto de políticas públicas que Jaime Ferreira considera fundamental para, entre outros objetivos, aumentar a área de agricultura biológica em Portugal, a quantidade e variedade de produtos e apoiar os produtores a escoar o que produzem.
Jaime Ferreira sublinhou ainda a importância de apostar nas escolas, com a distribuição de produtos biológicos e a sua introdução nas ementas, considerando que não basta a alimentação escolar ser variada do ponto de vista nutricional.
“É preciso apostar na qualidade do alimento. Estamos a falar da saúde das nossas crianças”, afirmou.
Quanto aos preços dos produtos biológicos, Jaime Ferreira disse que é positiva a abertura de pequenos espaços de produtos biológicos nas grandes superfícies, porque estão em todo o lado e chegam a mais gente, mas sublinhou que, como passam por vários intermediários, os alimentos chegam ao mercado muito mais caros do que nos mercados, em que se compra diretamente ao produtor.
“É positivo as grandes superfícies venderem produtos biológicos, mas há um grande desajustamento do preço, pois falta produção suficiente para alimentar as grandes superfícies, que ainda vêm o produto biológico como ‘gourmet’”, afirmou.
A ENAB, hoje apresentada, prevê, entre outras medidas, a distribuição de produtos biológicos no novo regime de frutas e leite escolar, a inclusão destes alimentos nas ementas dos refeitórios públicos, uma discriminação positiva aos produtores biológicos no acesso ao banco de terras do Estado e nos apoios financeiros ao investimento, bem como em sede fiscal, uma medida que ainda terá de ser negociada com o Ministério das Finanças.
A estratégia nacional, que tem um horizonte temporal de dez anos e será revista ao final de cinco, entrará agora em consulta pública durante três semanas, para recolher sugestões, após a qual será transformada em documento final e submetida a Conselho de Ministros.
De acordo com dados da Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), o peso da superfície em agricultura biológica em relação à superfície agrícola utilizada total é de cerca de 7%, sendo as regiões do Alentejo e da Beira Interior as que apresentam maior percentagem (64% e 19%, respetivamente).
Em 2015, a superfície em agricultura biológica atingiu os 239.864 hectares, o equivalente à área do distrito do Porto.
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