Com criação da criadora cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas, a nova peça de dança estará em palco com Andreas Merk, Betty Tchomanga, Hsin-Yi Hsiang, Jelena Kuljic, Majd Feddah, Mariana Tembe, Miguel Filipe, Samouil Stoyanov e Walter Hess.
A sinopse da coreografia refere que “o mal divide-se em juízes e jurados, mais parecidos com um coro sob o efeito de um feitiço. Contudo, quando vistos à distância, as suas almas estão em êxtase, confinadas a um espaço pequeno demais”.
Para contextualizar o tema, recorda a apresentação da obra que “o mal foi por muito tempo personificado pelo Diabo — ou Anticristo, Satanás, Leviatã, Lúcifer — mas igualmente simbolizado pela bruxa, mago, mulher, animal, híbrido, mutante e tantos outros”.
“Encontramos a sua referência na Bíblia, no centro de criações literárias e artísticas ou em discursos sociais e morais. A seu tempo, a natureza do mal alargar-se-ia às ideias da injustiça social, da violência, da doença, do capitalismo, da bomba atómica, da poluição”, acrescenta ainda o mesmo texto.
O desenho de luz e de espaço da nova coreografia é de Yannick Fouassier, numa produção da Associação Cultural P.O.R.K (Lisboa) e Münchner Kammerspiele (Munique, Alemanha).
O espetáculo é cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia, no âmbito do projeto ACT — Art, Climate, Transition.
Marlene Monteiro Freitas foi galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza, em 2018, pela sua carreira, e o júri destacou, na altura, a “presença eletrizante e o poder dionisíaco” das suas produções, considerando-a “uma das mais talentosas da sua geração”, que se interessa mais pela “metamorfose e deformação”, que “trabalha mais com as emoções do que [com] os conceitos, e que apaga as fronteiras do que é esteticamente correto”.
O seu trabalho tem sido apresentado em vários países, desde Portugal aos Estados Unidos, Canadá, Israel, Espanha, Itália e Coreia do Sul.
Quando a criadora, de 39 anos, foi galardoada, em declarações à agência Lusa, sublinhou que procura usar a transgressão para criar metamorfoses, e que dá atenção particular à emoção no seu processo criativo.
Nos seus trabalhos, a co-fundadora da estrutura cultural P.O.R.K combina por vezes o drama e a comédia.
Os seus trabalhos têm sido elogiados pela crítica internacional pela expressividade e pela criatividade.
Em Cabo Verde cofundou o grupo de dança Compass. Estudou dança na P.A.R.T.S., em Bruxelas, na Bélgica, na Escola Superior de Dança, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Trabalhou com Emmanuelle Huynn, Loïc Touzé, Tânia Carvalho, Boris Charmatz, Clara Andermatt, entre outros coreógrafos portugueses e estrangeiros.
“Bacantes – Prelúdio para uma purga” (2016), “Marfim e carne — as estátuas também sofrem” (2014), “Paraíso-coleção privada” (2012-13), “(M)imosa” (2011), com Trajal Harell, François Chaignaud e Cecilia Bengolea, “A Seriedade do Animal” (2009-10), “Uns e Outros” (2008), “A Improbabilidade da Certeza” (2006), “Larvar” (2006) e “Primeira Impressão” (2005) são algumas das obras que criou.
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