“Não sei precisar quantos foram cancelados, o que foi feito foi uma releitura de toda a programação que estava definida. Há projetos que foram adiados para 2019, há outros projetos que, efetivamente, não vão ser adiados. Aquilo que foi [feito] foi um novo olhar sobre a programação”, explicou Paula Garcia.
Na conferência de imprensa de apresentação da programação do Teatro Viriato para os últimos quatro meses deste ano, a diretora adiantou que “havia projetos de grande custo, de elevado custo, com um volume grande de equipas artísticas a acolher e não foi possível” trazer a cena, devido ao corte de cerca de 90 mil euros no orçamento, por parte da Direção-Geral das Artes (DGArtes).
Paula Garcia disse que “é evidente que é um impacto grande na programação”, mas considerou que “talvez seja difícil para o público em geral perceber esse impacto”, embora, “obviamente, na casa”, tenha sido sentido, até porque houve a perda de dois elementos da equipa, uma vez que não houve renovação de um contrato, na área da comunicação, e, na área técnica, "um elemento, que era bastante importante, foi dispensado”.
“Ainda hoje não compreendemos como é possível que um projeto com um historial como o do Teatro Viriato", que ficou "em primeiro lugar, a nível nacional", no concurso de apoio sustentado da DGArtes, na área de cruzamentos disciplinares, tenha levado "um grande corte no orçamento", disse a diretora. "Para nós, é incompreensível, não é possível (…). Este projeto foi alvo de um corte inadmissível”, lamentou Paula Garcia.
O vereador da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, presente na conferência de imprensa, disse que se “torna muito mais difícil o trabalho do Teatro Viriato” e, 'vestindo a pele' das estruturas que sofreram os cortes, assumiu que “é [preciso] saber desmontar um quebra-cabeças”.
“Não é sustentável, a médio e longo prazo, viver com limitações financeiras - de financiamento do Estado central - deste nível, e o país não esquece a promessa de uma política cultural" mais justa, "assente em, pelo menos, salvo erro, 1% do Orçamento do Estado”, apontou Jorge Sobrado.
O vereador lembrou que a autarquia viseense, este ano, “alocou 6% do seu orçamento à cultura”, no "financiamento a atividades culturais ou instituições culturais”, sem pagar com o pagamento a funcionários, precisou.
Neste sentido, disse que mantém uma “expectativa firme numa revisão dos meios alocados à cultura e no cumprimento da promessa do reforço aos meios culturais (…), beneficiando projetos de qualidade e projetos descentralizados no território” nacional.
Para 2019, ano em que o Teatro Viriato celebra 20 anos, Paula Garcia admitiu que o financiamento da DGArtes, de alguma forma seja reforçado, em relação a este ano, embora “não seja o suficiente” e, por isso, mantém “a relação evidente com o município de Viseu, num diálogo até mais cúmplice”.
A equipa está também a fazer “um trabalho junto do mecenato, para uma relação privilegiada aos 20 anos" da instituição cultural, que “é uma casa de Viseu, é um projeto simbólico no que toca à descentralização das artes performativas em Portugal, e disso não se pode fugir”, acrescentou Paula Garcia.
“Serão 20 anos que esperemos que venham a questionar e a trazer uma discussão pública sobre a descentralização cultural no país, porque nós sabemos falar sobre ela, nós temos essa experiência de vida, de 20 anos”, assumiu.
O Teatro Viriato (Centro de Artes do Espetáculo de Viseu - Associação Cultural e Pedagógica) concorreu ao Programa de Apoio Sustentado, na área de cruzamentos disciplinares, tendo ficado em primeiro lugar, nos resultados nacionais, com um apoio global de 1,320 milhões de euros, de 2018 a 2021, com valores anuais a atribuir entre os 307 mil e os 337 mil euros.
De acordo com os mapas da DGArtes, o montante solicitado pelo teatro ascendia a 1,599 milhões de euros, para o quadriénio, até 2021.
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