"Do meu ponto de vista, é importante contar a história da década (de 1980) na qual foi montada a estrutura daquilo que vivemos hoje", declarou Luna à AFP durante a apresentação da série transmitida pela Netflix, que estreará a 16 de novembro.
Após o desaparecimento do Cartel de Guadalajara, nos anos 1990 surgiu o poderoso Cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín "El Chapo" Guzmán, agora preso nos Estados Unidos e à espera de que, neste mês, comece o seu julgamento.
O papel de protagonista na nova temporada de "Narcos" - que significa para si uma estreia absoluta em séries - foi anunciado em março, quando Luna protestava contra a Lei de Segurança Interior, que regulamenta a participação das Forças Armadas do México em tarefas de segurança pública.
Entre os que acusaram nas redes sociais o ator de contradizer o seu discurso ao encabeçar uma série "que faz apologia ao crime" destaca-se o senador conservador Javier Lozano.
"Respeito as opiniões de todos, menos daqueles que pedem para não contar estas histórias e só querem falar sobre 'coisas boas' (...) Se fores vai à rua, toda a gente vê essa violência que cresce de forma esmagadora", assinalou Luna.
"Interessa-me que este público que assista à série, na Alemanha, Inglaterra e outros países fora da América Latina, da próxima vez que fizer uma linha de cocaína, pense um pouco sobre o que está por trás disso", disse o também produtor.
Há 12 anos que dura uma polémica operação anti-drogas que causou no México uma onda de violência que deixou mais de 200.000 mortes violentas, segundo dados oficiais que não detalham quantas destas estarão ligadas ao crime organizado.
O "chefe dos chefes"
Conhecido como "o chefe dos chefes", Miguel Ángel Félix Gallardo, originário de Sinaloa, tornou-se o czar da cocaína no México na década de 1980. Foi pioneiro a traficá-la aos Estados Unidos: projetou e controlou as principais rotas de tráfico da droga no país.
Durante esse período, Félix Gallardo foi considerado o traficante mais poderoso do México, mudando a maneira como o narcotráfico operava, já que antes de entrar para o crime apenas marijuana e a papoila (destinada a produzir ópio) eram transportadas para os Estados Unidos.
"Ao contrário do que acontece com outros personagens, dos quais podes apaixonar-te em todos os sentidos, com este não dá para acontecer, e essa foi a minha decisão em termos de assumir uma posição", explicou Luna, de 38 anos.
Félix Gallardo foi preso em abril de 1989 em Guadalajara (oeste), a segunda cidade mais importante do país. Continuou a comandar a partir da prisão, até que foi colocado numa penitenciária de segurança máxima.
Após a sua queda, Rafael Caro Quintero e Ernesto Fonseca Carrillo assumiram a liderança do Cartel de Guadalajara sob a escola de Pedro Avilés Pérez, outro pioneiro da droga no México.
"Já a vi completa ('Narcos: Mexico') e, quando acaba, não quero ser nenhum deles (chefes). Eu não quero viver nesse mundo, não estou interessado em viver", disse Luna.
Criada pelo americano Eric Newman, "Narcos: México" tem 10 episódios de 60 minutos cada. Na série, Diego Luna atua com o mexicano-americano Michael Peña, e os mexicanos Tenoch Huerta, José Maria Yazpik, Tessa Ia e Joaquín Cosío.
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