“Doreen” foi concebida a partir de parte do livro “Lettre à D. – Histoire d’un amour”, que o jornalista e filósofo francês André Gorz escreveu para a mulher, quando lhe foi diagnosticada uma doença incurável, em 2007.
Nesta obra, o filósofo Gorz revê a maior parte de sua vida e escreve uma declaração de amor à sua mulher doente, Doreen. A peça concebida por David Geselson é um contraponto à confissão pública de Gorz, pois a história parte do ponto de vista da mulher, numa tentativa de criação entre a realidade e a ficção.
Estreada em novembro de 2016, no Théâtre de Vanves, perto de Paris, a peça transporta o público para o ano de 2007 e para o apartamento do casal, na noite em que ambos foram encontrados mortos, juntos, na cama que partilharam durante 58 anos de vida em comum.
“Esta noite eles decidiram morrer juntos, para um não sobreviver à morte do outro. Encontramo-los no meio da desordem de suas memórias: Sartre, o casamento, uma disputa de amor, os compromissos políticos, a doença, momentos cruciais e acasos que se cruzam, revelando com justiça a vida do casal”, escreveu o Teatro da Bastilha, em Paris, quando teve “Doreen” em cartaz, em março de 2017.
“Doreen” insere-se no processo de Geselson, que gosta de investigar o real para escrever ficção. Assim aconteceu em “En Route-Kaddish” e também em “Doreen”, em que imagina as palavras do casal.
Interpretada por David Geselson e Laure Mathis, “Doreen” vai estar em cena na Sala Garrett, do Teatro Nacional D. Maria II, até 17 de fevereiro.
No dia 16 de fevereiro, haverá uma conversa com os artistas após o espetáculo, que é falado em francês e legendado em português.
“Doreen” tem cenografia de Lisa Navarro, figurinos de Magali Murbach, desenho de luz Jérémie Papin, desenho de som de Loïc Le Roux e vídeo de Jérémie Scheidler.
O espetáculo tem colaboração artística de Elios Nöel, Jean-Pierro Baro e Laure Mathis.
“Doreen” é uma coprodução do Théâtre de la Bastille (Paris), Théâtre de Lorient – Centre Dramatique National, Théâtre de Vanves, Théâtre Garonne – Scène Européenne (Toulouse), e conta com apoio do Centre National des Écritures du Spectacle, CNT, DRAC Île de France, Fonds de Dotation Porosus.
Apoiaram igualmente a produção, o Institut Français du Portugal, o Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine (IMEC), La Chartreuse de Villeneuve-Lez-Avignon, Nouveau Théâtre de Montreuil – Centre Dramatique National, Spedidam Île de France e o Théâtre Ouvert – Centre National des Dramaturgies Contemporaines.
“Doreen” estreou-se na comuna de Vanves, na região de Paris, em 03 de novembro de 2016, tendo estado entretanto em cena em diferentes palcos de França, nomeadamente na Bastilha, que escreveu: “A história [de Groz] é encenada numa proximidade gentil e perturbadora para o público”, traduzindo “a intimidade do amor e da última hora”.
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