“Guerra Civil”, um dos filmes mais aguardados do ano, estreou esta semana nos cinemas portugueses. Escrito e realizado pelo britânico Alex Garland (“Ex Machina”, “Aniquilação”), conta com a chancela da A24, a produtora que nos trouxe os oscarizados “Moonlight” e “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”.

Nesta história, passada num futuro próximo sem data concreta, os Estados Unidos da América estão a ser dilacerados por um conflito armado entre uma aliança secessionista de múltiplos estados e um presidente fascista de três mandatos (que decidiu, entre outras coisas, desmantelar o FBI e comportar-se como um ditador).

Tal como em “Aniquilação”, Garland dá-nos a conhecer a distopia desta América através de um pequeno grupo de protagonistas. Neste caso, de um grupo de jornalistas, incluindo a fotógrafa de guerra Lee Smith (Kristen Dunst), o seu parceiro de reportagem Joel (Wagner Moura), o veterano do New York Times Sammy (Stephen McKinley Henderson) e a aspirante a fotógrafa Jessie (Cailee Spaeny).

Juntos, naquilo que Garland considera ser uma "carta de amor" ao jornalismo e aos repórteres de guerra, vão fazer uma dura “road trip” de Nova Iorque, onde se encontram, até Washington DC, a capital norte-americana, na esperança de serem os primeiros a entrevistar e fotografar o presidente moribundo que as Forças Ocidentais (uma das várias fações secessionistas, esta uma aliança entre a Califórnia e o Texas) e a Aliança da Flórida estão na eminência de derrubar.

Neste episódio do podcast, tentamos perceber se as críticas mais ou menos generalizadas que se têm feito (a de que não tem propriamente uma história compreensível, em que conhecemos as personagens e chegamos ao fim de uma viagem a saber mais do que sabíamos antes; e a de que o realizador quis fazer um filme político mas depois acobardou-se a dar a sua opinião sobre o tema) são ou não justas.

Quanto a Garland, o britânico já se pronunciou sobre as críticas. Frisou que “Guerra Civil” é propositadamente esquivo ao nível político para “gerar debate” e que preferiu destacar o trabalho dos que arriscam as suas vidas para documentar a história dos horrores e violência da guerra.

Inegável, contudo, é o rótulo de “experiência” atracado ao filme. Muitos são vendidos como “imersivos”, mas este é-o na real aceção do termo. Não é de fácil digestão, é uma composição fotográfica violenta, é intenso do início ao fim. Mas independentemente de que lado se esteja - nas críticas à narrativa -, quando começam a rolar os créditos, ninguém consegue sair da sala escura indiferente. E é por isso que, quem estiver a pensar em espreitar “Guerra Civil”, se tiver a oportunidade de o fazer no cinema, deve fazê-lo.

Nos Créditos Finais, falámos sobre Baby Reindeer (Netflix) e The Sympathizer(HBO Max).