“Há maneiras diferentes de uma mulher ser forte”, afirmou James Cameron, explicando que fez pesquisas e usou a sua experiência como pai de raparigas para moldar a história. Desde adolescentes à procura de perceber quem são a mulheres grávidas e mães guerreiras, o filme aborda diferentes aspetos da identidade feminina no mundo fantástico de Pandora.
“Pensei que tínhamos uma oportunidade de falar às raparigas adolescentes de uma forma que fizesse sentido para elas”, indicou James Cameron. Foi isso que inspirou o regresso da atriz Sigourney Weaver, de 73 anos, no papel de uma adolescente.
“Tenho filhas e vi-as passar pela confusão, o questionamento sobre quem são, a identidade, quem está a ouvi-las”, descreveu o realizador. “Tinha-o pesquisado para ‘Titanic’ e depois vivi-o como pai”.
Cameron foi buscar Kate Winslet para interpretar Ronal nesta sequela, 25 anos depois de a atriz ter protagonizado o seu ‘blockbuster’ “Titanic” em 1997.
“A personagem da Kate vai para a batalha grávida de seis meses e não hesita”, referiu Cameron, falando das diferentes formas como as mulheres mostram força em “Avatar: O Caminho da Água”.
O tema da parentalidade e da família é central na sequela, cuja ação se situa 13 anos depois dos eventos do filme original “Avatar”. A história segue o casal Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoë Saldaña) na missão de defender os seus filhos contra uma nova ameaça em Pandora.
“Fui inspirado pelo facto de que tanto a Zoë como o Sam são pais e eu tenho cinco filhos, por isso queríamos explorar as dinâmicas familiares e as responsabilidades de ter filhos”, explicou James Cameron.
“Podemos ser destemidos quando não temos filhos”, continuou. “Aprendemos a ter medo quando temos filhos, quando temos algo maior que nós mesmos que podemos perder. E é com isso que os dois personagens lidam”.
Zoë Saldaña encontrou paralelos entre a sua vida e a da personagem Neytiri, dizendo que ambas partilham de um nível de destemor e rebelião que foi temperado pela experiência da maternidade.
“Na minha vida pessoal, quando me tornei mãe o medo entrou no meu domínio”, disse. “O medo de perder algo que se ama tanto”.
Para o ator Sam Worthington, a dinâmica familiar era “a extensão natural desta história de amor” que foi contada no primeiro “Avatar”. “É sobre a proteção desse amor e desse mundo e dessa cultura”, indicou.
Kate Winslet disse, na mesma conferência, que a coisa que a atraiu para o projeto foi a qualidade destes personagens criados por Cameron. “Jim sempre escreveu para mulheres, personagens que não são apenas fortes mas líderes, que lideram com o coração, com integridade, que defendem a sua verdade, assumem o seu poder”.
Winslet, que tem 47 anos e venceu o Óscar de Melhor Atriz em 2008 por “O Leitor”, afirmou-se “lisonjeada” por James Cameron a ter escolhido para um papel fisicamente tão exigente quanto o de Ronal. Nas filmagens, a atriz susteve a respiração debaixo de água por sete minutos e quinze segundos, batendo um recorde ‘on set’ anteriormente detido por Tom Cruise.
Também Sigourney Weaver disse ter ficado extática por ter sido chamada para a sequela depois de a sua personagem Grace ter morrido no primeiro filme.
“Senti-me muito honrada, emocionada, entusiasmada, aterrorizada”, descreveu a atriz, que regressa no papel de Kiri, uma adolescente filha do avatar de Grace.
“Tive muito tempo para me preparar e fui a aulas do secundário e outras coisas, para ouvir o tom das vozes deles. Há um enorme intervalo em quem um adolescente é entre os 12 e os 15 anos”, disse a atriz.
O produtor Jon Landau acrescentou que este filme “tem uma mensagem sobre o nosso mundo, não apenas o ambiente, mas sobre aceitar as pessoas com as suas diferenças”. Landau, colaborador de longa data de James Cameron, salientou a emoção e o coração da sequela.
“No filme, James escreveu a fala ’Eu vejo-te’. Queremos que as pessoas saibam que são vistas, e igualmente verem os outros”.
Treze anos depois da estreia de “Avatar”, que continua a ser o filme mais lucrativo da história, a sequela procura “honrar” o que a audiência adorou no original mas também desafiar as expectativas.
“Há muitas surpresas em termos do curso que a história toma neste filme, que não estamos a pôr nos ‘trailers’ e anúncios de televisão”, disse James Cameron. “Vão ter de o experienciar”.
“Avatar: o caminho da água” estreia-se na quinta-feira em mais de 200 salas portuguesas tendo sido vendidos mais de 30 mil bilhetes, até segunda-feira, disse à Lusa fonte da NOS Audiovisuais.
Para as duas primeiras semanas de exibição em Portugal, estão previstas 2.472 sessões.
“Avatar”, que se estreou em 2009, permanece o segundo filme mais visto nos cinemas portugueses desde que há estatísticas sistematizadas sobre a exibição cinematográfica, com 1,25 milhões de espectadores.
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