Depois do gigante salto de 2017 - quando dois novos restaurantes ganharam duas estrelas e sete receberam a primeira estrela - e da consolidação deste ano - em que todos os premiados mantiveram as suas estrelas e dois novos membros se juntaram ao grupo -, 2019 representa uma subida ténue, com três novos restaurantes premiados e um "upgrade" de duas estrelas. Portugal passa assim de 28 para 32 estrelas.
No entanto, a maior surpresa foi a escolha geográfica dos novos locais, evitando os grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. Em Portugal, os inspetores “encontraram pepitas de ouro gastronómicas em locais por vezes insólitos e isolados”, refere o guia, apontando os exemplos de dois dos restaurantes que alcançam a primeira estrela: o G Pousada, em Bragança, dos irmãos Óscar e António Gonçalves, que “valoriza a cozinha moderna da região de Trás-os-Montes”, e o restaurante A Cozinha, em Guimarães, “onde o 'chef' António Loureiro surpreendeu com uma cozinha moderna, que demonstra equilíbrio e sensibilidade”.
Recebeu ainda a primeira estrela o Midori, em Sintra (chef Pedro Almeida), sendo o primeiro restaurante de cozinha japonesa em Portugal a receber uma distinção do ‘guia vermelho’, como destaca a Michelin.
A noite também foi vitoriosa para Henrique Sá Pessoa, que vê o seu Alma a receber duas estrelas. “O Alma, situado no boémio e turístico Chiado, criou uma muito boa impressão junto dos inspetores. O 'chef' Henrique Sá Pessoa cativou-os com uma proposta muito técnica, divertida e repleta de matizes. Cada pedaço levou-os a viajar no tempo e no espaço, graças aos sabores tradicionais e autênticos, que transportam para paragens mediterrâneas ou de outras latitudes”, refere a Michelin, no comunicado oficial distribuído durante a gala.
Além das novidades, em 2019, Portugal mantém todas as distinções anteriores e continua a não ter nenhum restaurante com a classificação máxima (três estrelas, ‘uma cozinha única, justifica a viagem’).
Em Portugal há ainda dois novos “Bib Gourmand” (boa qualidade/preço abaixo dos 35 euros por refeição) – a Tasca do Zé Tuga (Bragança) e Avenida (Lagos).
Quanto a estrelas suprimidas na edição de 2019, apenas há novidades do lado espanhol: além das três estrelas do Sant Pau, devido ao encerramento do restaurante, há dois restaurantes que perdem as duas estrelas – Dos Cielos (Barcelona), porque fechou, e El Club Allard, que desce para uma estrela. Dez restaurantes perdem a estrela que tinham, seis por encerramento ou mudança de local e os restantes por terem baixado a qualidade, na opinião dos inspetores.
No total, o guia de 2019 tem, no que diz respeito a Espanha, 1.447 restaurantes referenciados: 11 com três estrelas, 25 com duas e 170 com uma. Há 248 restaurantes Bib Gourmand (boa relação qualidade/preço), sendo 20 novos, e 879 com a distinção Prato Michelin, que designa uma ‘cozinha de qualidade’, dos quais 91 são entradas novas. Há ainda 672 hotéis e turismos rurais espanhóis no guia ibérico.
Na antecipação a esta gala, o Belcanto, de José Avillez, o Vila Joya, com Dieter Koschina, e o Ocean, comandado por Hans Neuner eram os principais favoritos a receber a terceira estrela, mas tal não aconteceu. Para além disso, antecipava-se também que o Alma e o Feitoria (Lisboa), liderado por João Rodrigues, somassem a segunda estrela, mas só primeiro emergiu vitorioso, sendo o segundo (outra vez) desfeiteado.
Recorde-se que no sistema de medições do Guia Michelin, uma estrela significa que um restaurante tem “cozinha de grande finura, compensa parar”, duas estrelas indica que tem “cozinha excecional, vale a pena o desvio” e a distinção máxima de três só é dada aos que têm “cozinha única, justifica a viagem”.
O Guia Michelin Espanha e Portugal começou a realizar galas de apresentação em 2009 para celebrar os 100 anos do lançamento do primeiro guia da Península Ibérica, em 1910. Depois de Madrid, Barcelona, Bilbao, Girona, Santiago de Compostela ou Tenerife, a Gala chegou finalmente a Portugal.
O Pavilhão Carlos Lopes preparou-se para receber os “óscares” da gastronomia, numa gala exclusiva a 500 convidados, entre ‘chefs’ dos dois países, representantes institucionais e empresários, além de mais de cem jornalistas.
Durante a festa está marcado um jantar a cargo de sete chefs de restaurantes com estrelas Michelin. A equipa de notáveis é composta por José Avillez (Belcanto) - que se reveza também enquanto coordenador da gala -, Henrique Sá Pessoa (Alma), Joachim Koerper (Eleven), João Rodrigues (Feitoria), Gil Fernandes (Fortaleza do Guincho), Sergi Arola (LAB by Sergi Arola) e Alexandre Silva (Loco). Cada um é responsável por três pratos e uma sobremesa.
A organização da gala em Lisboa foi resultado de uma candidatura conjunta do Turismo de Portugal, Câmara de Lisboa e Associação de Turismo de Lisboa e está orçada, segundo o Governo, em mais de 400 mil euros.
Antes de serem revelados os resultados, a secretária de Estado do Turismo a afirmou na sessão de abertura que "se juntarmos Portugal a Espanha, transformamo-nos no maior destino do mundo, turístico e também gastronómico, e esse é o exemplo que temos hoje aqui”.
“É um momento muito especial, [a realização] da gala pela primeira vez em Portugal, porque mostra bem como cada vez mais Portugal e Espanha trabalham em conjunto a promoverem os seus recursos, história e cultura, e neste caso, a gastronomia”, sustentou Ana Mendes Godinho.
Ana Mendes Godinho dirigiu um agradecimento à Michelin “por reconhecer a importância cada vez mais destes dois países, um destino, a Península Ibérica, a promover a gastronomia”.
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