O sucessor de “Why Make Sense”, editado em 2015, é apresentado como “um novo capítulo” na carreira da banda, muito por ser o primeiro álbum no qual os Hot Chip recorrem a produtores externos (Phillipe Zdar e Rodaidh McDonald).
“À parte isso [termos tido pela primeira vez produtores externos] não há grandes mudanças no que temos feito, como todas as bandas dizem quando editam um novo disco: ‘estamos orgulhosos deste e achamos que é bom'”, afirmou Joe Goddard, em entrevista à Lusa, em Lisboa, acrescentando que, “em grande parte, [o novo álbum] é uma continuação”.
Assumindo o “grande respeito” que sente por músicos e bandas, como “os clássicos” David Bowie e Madonna, que “conseguem fazer grandes mudanças e, conceptualmente, fazer com que cada álbum pareça muito diferente”, Joe Goddard admite que os Hot Chip não são capazes disso.
“Quando fazemos um disco estamos só a tentar compor as melhores canções que conseguimos e servi-las, com a produção, com tanto sucesso como possível, e acho que fizemos isso bem neste disco, e estes dois produtores amplificaram isso, ajudaram isso, mas sinto como uma progressão natural, consegues ver referências do nosso primeiro álbum”, afirmou o músico.
Depois de tantos anos a trabalharem juntos e chegados “a um bom momento”, para Owen Clarke, “é bom haver alguém que chega e questiona ‘por que é que fazem isto assim’ ou ‘podiam experimentar isto'”.
“Esse tipo de questões nem sempre pode partir de nós, tem de vir de outro sítio, e os dois produtores trouxeram-nos desafios bastante diferentes e questões, foi uma boa experiência e bastante desafiante para nós”, afirmou o músico, também em entrevista à Lusa, em Lisboa.
Em “A Bath Full of Ecstasy”, composto por nove temas, as letras voltam a estar maioritariamente a cargo de Alexis Taylor, que as torna “muito pessoais”, já que se relacionam “com coisas que se passaram com a família e os amigos dele nos últimos dois anos”.
“As letras que eu escrevi refletem as minhas emoções na altura em que as escrevi, também são muito pessoais”, partilhou Joe Goddard.
Há vinte anos, quando começaram a carreira, o conceito de música eletrónica era outro, além de se ter “expandido de forma massiva”. Hoje em dia, para Joe Goddard, a eletrónica “é um bocado dominante, em todas as suas formas”. “Consegues descrever muita da música moderna como música eletrónica, quer seja um disco de hip-hop ou r’n’b norte-americano, ou um disco de techno ou de trance, que é tradicionalmente mais eletrónica”, defendeu, salientando que “todos estes álbuns são feitos usando sintetizadores e computadores, há muito poucos discos que são feitos que não sejam de música eletrónica, porque mesmo uma banda indie usa computadores para fazer música”.
Numa cena eletrónica “fragmentada”, os Hot Chip posicionam-se “um bocado na ala esquerda, com influências do rock”.
“Quando começámos havia muitas bandas a fazer isso, na editora DFA, como os LCD Soundsystem, mas hoje já não é tão prevalente. Hoje os DJ são muitas vezes o cabeça de cartaz em muitos festivais, mas acho que ainda há lugar para a nossa banda no meio de tudo isso, porque somos sete pessoas no palco a tocar ao vivo e isso está a tornar-se pouco comum hoje em dia”, afirmou.
Na cena eletrónica atual, Joe Goddard considera que “há discos muito bons a sair de Portugal, que usam ritmos africanos, música de dança mais rápida que é excelente”.
Salientando não ser “nenhum especialista”, o músico, que faz também “muito trabalho de DJ” e, por isso, tenta ouvir muita música de dança de vários países, destaca o trabalho da editora Príncipe Discos, “que faz música muito boa e excitante, techno mas com kuduro e ritmos de percussão africanos”, que Joe Goddard considera “excelente”.
Os Hot Chip regressam a Portugal em julho, no dia 11, ao festival NOS Alive 2019, em Oeiras, para apresentar o novo álbum, que ao vivo “ganha vida própria, porque há a energia de tocar ao vivo, sete pessoas a interagir”, referiu Owen Clarke.
O músico lembra que “há uma energia diferente ao vivo [em relação aos álbuns], há momentos mais íntimos, mas são pessoas a divertirem-se”.
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