A presidente da Fundação, Ana Pinho, disse aos jornalistas que o até agora diretor adjunto do museu foi escolhido por unanimidade, num concurso a que "concorreram muitas pessoas".
“O Conselho de Administração validou a escolha unânime do júri do concurso internacional e nomeou João Ribas para diretor do Museu”, anunciou Ana Pinho, referindo que houve um conjunto de candidatos "muitíssimo relevante, de todo o mundo".
"Pessoas com percursos muito consideráveis, pessoas muito seniores, jovens, muito diversificado. Ficámos muitíssimo satisfeitos com a qualidade dos candidatos”, declarou aos jornalistas.
O júri foi constituído por três membros do Conselho de Administração – Ana Pinho, Isabel Pires de Lima e Manuel Ferreira da Silva – e por três membros externos, “três personalidades reconhecidas, especialistas no mundo da arte, mundialmente reconhecidas, que deram um grande contributo e que conhecem Serralves: Vicente Todollí, primeiro diretor do Museu de Serralves, Laurent Le Bon, presidente do Museu Picasso, e Jochen Volzs, diretor da Pinoteca, do Estado de São Paulo".
“Escolhemos um português para liderar o museu que, por vontade própria, decidiu regressar a Portugal e a Serralves, depois de viver grande parte da sua vida no estrangeiro. Para o Conselho de Administração foi um gosto convidar João Ribas a ocupar o lugar de diretor. Uma pessoa da casa, que nos últimos quatro anos deu um importante contributo para a direção e programação artística do Museu de Serralves”, explicou.
Ana Pinho referiu ainda que o Conselho de Administração de Serralves considera que João Ribas tem um "excelente percurso internacional, acompanhado por um sólido conhecimento de Serralves e do seu contexto" e que "conhece bem a arte portuguesa e a sua articulação com a promoção artística global".
João Ribas, 38 anos, nasceu em Braga, viveu desde a infância, quase sempre nos Estados Unidos, onde encetou a carreira de curadoria no PS 1, uma afiliada ao Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque (MoMA), com a historiadora Carolyn Christov-Bakargiev, tendo depois trabalhado instituições como The Drawing Center, em Nova Iorque, e no MIT List Arts Center, em Cambridge, de onde partiu para assumir o cargo de adjunto da anterior diretora do Museu de Serralves, Susanne Cotter, por convite desta. Nos Estados Unidos, Ribas recebeu, durante quatro anos seguidos, de 2008 a 2010, os prémios de melhor exposição da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), e Emily Hall Tremaine (2010).
Novo diretor do Museu de Serralves admite estar a realizar sonho de menino
Em declarações aos jornalistas, depois de receber um telefonema de sua mãe a dar-lhe os parabéns, João Ribas admitia que ter sido nomeado para o cargo de diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves era, de certa forma, um sonho de criança realizado.
“É um sonho deste menino. De certa forma sim, claro, obviamente. Acho que é um sonho de muitos meninos, muitos adultos, muitos adolescentes. O próprio Museu já passou da sua adolescência e, por isso, acho que já está pronto para essa situação", de entrar num novo ciclo, com uma nova direção, dando continuidade aos padrões de excelência.
Para João Ribas, este é também "o sonho de muita gente", no sentido da projeção do museu, e, "certamente, para alguém que já teve oportunidade de trabalhar nesta instituição, durante estes quatro anos, é absolutamente extraordinário”, admitindo que a frase “sonho de menino” iria ser “muito mais gira” do que qualquer outra coisa que dissesse depois dela.
Escolhido entre cerca de dez candidatos na fase final do concurso internacional, João Ribas assumiu hoje que os “grandes eventos, como Serralves em Festa e a Festa de Outono, são para continuar, com o objetivo de “aproximar as pessoas da cultura e da arte contemporânea”, assim como a dar atenção à produção cultural com uma relação direta com a atualidade.
“Apesar de toda a arte ser contemporânea e a nossa situação, que estamos a viver a arte, informa muito a vida do cidadão - e nós queremos continuar com essa vertente e faz parte da nossa missão”, declarou, acrescentando que vão tentar continuar com essas atividades.
Questionado sobre o risco de continuidade, no contexto da arte contemporânea, em que novas expressões e roturas se impõem, João Ribas assume que a continuidade, pelo contrário, é no sentido de manter o “excelente programa que foi construído com a antiga direção”.
“Vamos dar continuidade a esse programa e à missão da Fundação e aos seus objetivos. Claro que vai haver alterações no sentido da programação. É um novo ciclo, mas há aqui um padrão que nós queremos seguir em termos de excelência, em termos do contexto internacional e projeção, e isso será pensado e trabalhado”, afirmou.
A visão para o futuro do Museu de Arte Contemporânea de Serralves que Ribas tem prende-se com a manutenção dos valores sobre a relação entre atualidade e a vida das pessoas, passando isso para a arte.
“O museu é um espaço que faz parte da sociedade, em que podemos refletir sobre as grandes questões da atualidade e em que o tempo está presente no presente, no sentido em que conseguimos ser confrontados com o melhor e, às vezes, o pior, com o que foi feito durante a história da Humanidade, [em que] conseguimos alimentar a nossa curiosidade", afirmou.
É um espaço "que reflete sempre a relação das nossas vidas emocionais, pessoais, políticas, com a ideia da dimensão pública da cultura, que está na base da criação desta Fundação", afirmou o novo diretor, referindo-se diretamente a Serralves.
"Acho que esses valores são os das grandes instituições e Serralves tem realçado sempre essa relação com a contemporaneidade, essa relação com a atualidade, com a vida das pessoas”, declarou.
O Conselho de Administração da Fundação de Serralves considerou hoje, durante a conferência de imprensa realizada no auditório de Serralves, que João Ribas tem um “excelente percurso”.
Escolhido por unanimidade, a administração de Serralves congratulou-se pela escolha do novo diretor, feita por concurso internacional, recair numa “pessoa da casa” e por ser um “português”.
“Julgo que é muito importante em especial ser um português que teve uma relevantíssima carreira internacional. É uma pessoas que saiu de Portugal muito novo, que viveu toda a sua vida fora de Portugal, praticamente, voltou a Portugal depois de uma carreira muitíssimo distinguida nos Estados Unidos, com muitos prémios ganhos, com um papel muito relevante desempenhado. Voltou para cá há quatro anos. Tem uma enorme vantagem de conhecer Serralves. (…) Totalmente preparado para assumir o futuro”, explicou Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração de Serralves.
(Notícia atualizada às 15h48)
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