Nesta sessão, marcada para as 18:00, no Auditório Cardeal Medeiros da UCP, Manuel Clemente é entrevistado pela jornalista Maria João Avillez, seguindo-se um conjunto de breves declarações de personalidades dos principais quadrantes da sociedade portuguesa.

O livro, organizado por ordem Alfabética, de A (Amor) a Z (Zygmunt Baman), reúne algumas das intervenções de Manuel Clemente – homilias, mensagens pastorais, alocuções em congressos e conferências – desde que entrou na diocese de Lisboa, como seu patriarca, em 2013.

O livro, editado pela Assírio & Alvim, conta com textos como a homilia de abertura do Jubileu da Misericórdia, o “Bem comum universal”, em dezembro do ano passado, ou a conferência “Diálogo e democracia – instrumentos para a paz na Europa”, por ocasião dos 50 anos da encíclica “Pacem in Terris”.

Nesta obra, o clérigo fala da “crise”, de “espiritualidade”, de “Fátima”, da “globalização”, da “liberdade”, do seu antecessor, José da Cruz Policarpo, de “liberdade religiosa”, do “Mar”, de “Maria” e do “Natal”, de “Obras de Misericórdia”, da “Páscoa”, do atual pontífice, Francisco, do Patriarcado lisboeta, que está a celebrar os 300 anos da sua criação, e do “presépio”, entre outros assuntos.

A “república”, Santo António, o 25 de Abril de 1974 e a “xenofobia” são temáticas igualmente abordadas numa obra em que refere os incontornáveis temas do Sínodo Diocesano, com abertura no próximo dia 30, e o Sínodo da Família, realizado no ano passado, em Roma.

Sobre o sínodo lisboeta, que não se realiza desde 1640, Manuel Clemente realça o “caminho conjunto de oração, reflexão e ensaio”, que antecede a magna reunião no Trucifal, arredores de Torres Vedras, para a qual pede o “empenho de todos”, correspondendo “à determinação insistente do papa Francisco, que a exortação apostólica ‘Evangelii Gatudium’ expressa com tanta clareza”.

No posfácio, assinado por António Araújo, assevera-se que “a consciência do tempo e dos seus desacertos é um dos traços mais marcantes – porventura, o mais marcante – da conceção eclesiológica e da ação pastoral” de Manuel Clemente, 17.º cardeal-patriarca de Lisboa.

Para António Araújo, “é na perceção das inquietudes do tempo que, muito provavelmente, radica a espantosa serenidade com que D. Manuel encara o presente e o futuro da igreja portuguesa” e recorda as suas palavras, logo no início, como patriarca, em que citou o Evangelho segundo S. Mateus: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, basta a cada dia a sua preocupação”.

Relativamente a Portugal, afirma Manuel Clemente: “Não somos, nem devemos ser imperadores do mundo ou mendigos da Europa”, um continente que conceptualiza como “um espaço histórico-cultural de geografia variável, onde o fulcro não se encontra já no centro mas nas suas margens, em periferias que vão ‘de Portugal à Rússia’ se não à Turquia (pelo menos à Trácia turca)”, como escreve António Araújo, no posfácio que intitulou “A Igreja no tempo”.

Quanto a Portugal, para Manuel Clemente é uma “pátria marinheira e andarilha” e, para o cardeal-patriarca, “o traço verdadeiramente distintivo da identidade portuguesa é a sua antiguidade, nada mais do isso”, atesta António Araújo.

Manuel Clemente, de 68 anos, é licenciado em História e Teologia e doutorado em Teologia Histórica. Em janeiro de 2000 foi ordenado bispo auxiliar de Lisboa, com o título de Pinhel, e, em 2007, o Vaticano nomeou-o Bispo do Porto. Em 2013 foi nomeado patriarca de Lisboa, tendo sido foi investido cardeal em fevereiro do ano passado.