Italo Balbo
Tobruk, 28 de junho de 1940

À frente, o fumo das fogueiras que se erguem a oriente, atrás, os últimos raios do Sol já baixo na linha do Ocidente. Afinal, é o destino de quem nasce na terra do crepúsculo.

O homem aos comandos do bombardeiro de grandes altitudes mantém o olhar fixo nas chamas dos incêndios. Os seus olhos, cegos a duas imensidões, o azul ­celeste do mar e o amarelo­ ­doirado dos desertos, perscrutam, pela frente transparente da carlinga, os pequenos fogos ateados pelas explosões no aeró­dromo.

Que vê o piloto, naquelas chamas alaranjadas que ardem lá em baixo, a oriente? O passado, o futuro ou apenas a estúpida eter­nidade do presente? Será este fumo modesto e sujo, de gasóleo e betume, o maior espetáculo do mundo, cantado pelos poetas desde o alvor dos tempos, a guerra?

Enquanto pilota pessoalmente o seu trimotor S.79, Italo Balbo avista Tobruk às 17:30 de 28 de junho de 1940. Naquele momento, tem quarenta e quatro anos, três filhos e é uma lenda do fas­cismo.

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Capitão das tropas de montanha na Grande Guerra aos vinte anos, impulsionador do esquadrismo do vale do Pó logo a seguir, quadrúnviro da Marcha sobre Roma aos vinte e seis, general da Milícia aos vinte e sete, ministro da Aviação aos trinta e três, astuto, arrogante, violento, grandes olhos negros, barbicha, sor­ riso simpático e pérfido, no princípio dos anos trinta, ele, filho de uma professora da instrução primária de Ravena, concluiu a proeza do voo transatlântico, foi o italiano acolhido em triunfo nos Estados Unidos da América, o herói que acabou na capa da Time e cujo nome o presidente da Câmara de Chicago deu a uma rua no centro da cidade. Agora, dez anos mais tarde, ainda é o mais famoso dos aviadores italianos, o fascista mais célebre depois de Mussolini e o único, entre os seus hierarcas a deter um comando militar de primeira importância. Governador da Cire­ naica, da Tripolitânia e da Fezânia, o aviador é também, com efeito, o comandante-­chefe de todo o Norte de África.

E, contudo, enquanto, com o sol declinante atrás de si, plana de ocidente em direção à praça­-forte de Tobruk, atingida pela primeira vez desde o início da guerra por um ataque aéreo inglês, neste fim de tarde de 28 de junho de 1940, Italo Balbo é também, e sobretudo, um homem desiludido.

Já afastado da política no fim dos anos vinte («A política já não me interessa. Façam o que quiserem. Eu ocupo­-me de aviação»), temido e invejado pelo Duce («Balbo é o único que seria capaz de me matar»), em meados dos anos trinta foi remetido pelo seu ditador para o exótico ócio de um dourado exílio africano. («Mandou-­me para aqui para morrer de tédio.») Desde então, rodeado por uma pequena corte de velhos amigos da província vindos da Romanha, esbanja os seus dias entre fantasias árabes, cavalgadas pelas dunas ao lado de beduínos envoltos nos seus mantos e uma cruzada estéril contra o poder absoluto de Benito Mussolini. Se bem que ao princípio tenha tratado com dureza os judeus líbios, Balbo esteve entre os poucos altos responsáveis do regime a combaterem a perseguição aos judeus italianos – mui­ tos dos seus amigos de infância são judeus e ele não os abando­nou –, a opor­-se à aliança com a Alemanha nacional­socialista – não discute com os alemães, odeia-­os – e a depreciar a loucura de uma guerra da qual prevê que a Itália e o fascismo sairão ani­quilados. Todo este estrebuchar, porém, permaneceu sempre afogado no estertor de surdos frémitos polémicos, alimentado pelo colostro do espírito faccioso, pelo ressentimento pessoal, derradeiro consolo do mitómano que antepõe o seu próprio drama ao drama do mundo.

Durante meses e meses, a lenda do fascismo – temeroso de se fazer ouvir – sussurrou em surdina a alguns velhos amigos «será dura, muito dura, não estamos em condições de fazer a guerra a sério», acrescentando depois, num tom ainda mais baixo, vibrante de protesto estrangulado, «mas nós temos menos dez anos do que ele, aguentemos, temos o tempo do nosso lado». Durante meses e meses, com a nova guerra mundial no hori­zonte, o comandante­-chefe do Norte de África escreveu ao Duce e a Badoglio cartas alarmadas, descrentes e, ao mesmo tempo, ardentes. Como se pode, meu Duce, fazer guerra ao império inglês com grandes unidades de infantaria munidas de uma limitada e velhíssima artilharia, desprovidas de qualquer arma antitanque e antiaérea? Deveis compreender, meu Duce, que seria inútil enviar mais uns milhares de homens se depois não pudéssemos fornecer-­lhes os meios indispensáveis para se deslocarem e combaterem. Mesmo as melhores legiões de César sucumbiriam, hoje, caro Duce, frente a uma secção de metra­lhadoras. Durante meses e meses o governador da Líbia implo­rou ao chefe do Estado­Maior, general Badoglio, que lhe enviasse armamento moderno, divisões móveis e meios blindados com os quais executar o seu plano ofensivo de agressão rápida, deci­siva e hiperviolenta que deveria tê-­lo levado em poucas semanas a Alexandria e depois ao Suez. Durante meses, Mussolini e Badoglio dececionaram-­no enviando-­lhe massas de soldados indefesos, intimando-­o a manter­-se na defensiva e liquidando as suas preocupações em conselhos de guerra de não mais de meia hora nos quais nem sequer uma vez se mencionavam as palavras camiões, tanques e canhões. És um soldado, diziam­-lhe, invo­cando o seu orgulho, obedece às ordens e combate. És um comandante, recordavam-­lhe, apelando ao seu sentido do dever, faz o que podes com o teu exército a que tudo falta: agarra­-te ao terreno. A guerra chegou, por fim, e ele fê­-lo: agarrou­-se ao ter­reno.

Foram dias amargos, os primeiros dias de guerra de Italo Balbo, marechal dos céus do império. O mundo esperava com a respiração suspensa um ataque italiano a Malta que expelisse a frota britânica do Mediterrâneo Central, e ele esperava os meios e a ordem de ataque a oriente para expulsar no Norte de África aqueles «depredadores de povos». Em vez disso, veio ape­nas a guerrazinha dos Alpes, fratricida, oportunista, inconclu­siva, inglória e cobarde.

Portanto, ao invés, foram os ingleses a atacá­-lo na Líbia. Ata­ques de pequena envergadura, mas reveladores, mortificantes. Bombardeamentos aéreos de precisão que destroem postos avançados, enxames de temíveis Spitfires que aparecem e desaparecem, imbatíveis, nos céus límpidos; ofensivas daqueles velozes e imparáveis tanques que apanham pela retaguarda o X Exér­cito, destroem colunas de camiões, capturam generais de génio juntamente com os planos dos campos minados e depois desapa­recem, sem deixar rasto, na vastidão dos desertos.

Livro: "M - A Hora do Destino"

Autor: Antonio Scurati

Editora: ASA

Data de Lançamento: 12 de novembro de 2024

Preço: € 27,90

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Assim, Balbo dá em doido. Frustrado pela irremediável des­proporção de meios, pelos seus pequenos tanques que se incen­deiam ao primeiro embate como caixas de fósforos, mortificado pelo pânico dos seus soldados que à simples aparição dos ingle­ses o abandonam e fogem a pé em direção à base, ultrajado por aquele inimigo insultuoso que faz uma guerra sem risco porque sabe que ele não possui armas antitanque, Balbo está fora de si.

Embora sabendo que empregar a aviação contra os meios meca­nizados terrestres é completamente errado, lançou os seus aviões numa busca desesperada. Dias e dias seguidos, destacamentos de bombardeio, de assalto, de reconhecimento, a voar em condições ambientais e térmicas adversas, quase sempre a baixa alti­tude, sem poderem fazer a necessária manutenção dos veículos e considerar as suas características técnicas, desgastaram­-se numa tentativa vã de expulsar os malditos blindados. Ele, em primeiro lugar, o comandante-­chefe, expôs­-se aos perigos da caçada. Fre­nético, furibundo, inconsolável, confiando no seu poder tauma­túrgico, levou o seu próprio corpo totémico a todas as frentes, para reanimar as tropas, sobrevoou as massas impotentes, extra­viadas, desarmadas dos seus soldados afogados na vastidão sem fim daqueles desertos horrendos, infinitos, abrasadores, vazios; seguiu em vão o fantasma de um inimigo pronto a desferir os seus golpes para depois desaparecer de repente, numa batalha que assumia o caráter trágico da carne contra o ferro. A sua pró­pria carne, o ferro alheio. Não a mão carnal firmada no aço para o brandir contra o inimigo, mas o ferro inimigo enterrado a fundo para despedaçar a sua carne que nada tem a opor­-lhe senão ela mesma.

A despeito de tudo isto, obstinado, inconsciente, cego, o marechal dos ares ordena aos seus pilotos que cacem os tanquis­tas ingleses, aos seus céus que deem combate à terra ocre dos desertos. Isto e nada mais importa: por mais perigosa que fosse a caçada, tinha de ficar claro que os fascistas não eram presas, eram predadores.

Depois, graças à decisiva vitória dos odiados alemães em França, o desconforto transformou­-se repentinamente em sonhos de grandeza. A rendição francesa deu o sangue a cheirar a Itália, que não tivera qualquer escrúpulo em pedir o apoio dos aliados que tinha abominado até à véspera. De excelente humor e cheio de confiança, o jogador escreveu cartas exaltadas aos seus generais: «A partida está ganha e não devemos esperar até à sua conclusão com um qualquer modesto ponto em nosso pre­ juízo. Tenho razão, meu amigo?», o capitão de fortuna abando­nava­-se a bravatas com os amigos: «Os ingleses são fortes no armamento, mas falta­-lhes resolução e coragem. Vencê­-los-­emos seguramente.»

E é com este reencontrado espírito de mosqueteiro da Gas­conha que às cinco horas da tarde de 28 de junho de 1940, no décimo oitavo dia de guerra, Italo Balbo levantou voo do aero­porto de Derna para caçar mais uma vez os blindados ingleses, ao comando do seu S.79 armado com três metralhadoras, grande velocidade e autonomia, uma poderosa máquina de guerra mar­cada na sua fuselagem cor de chumbo pela sigla I­Manu, do nome da sua mulher, Emanuella. O mesmo espírito de alegre justa na cruel festa da guerra levou­-o, com os motores já a fun­cionar, a mudar a distribuição da tripulação, levando consigo, além do segundo piloto, do mecânico e do operador de rádio, os fiéis seguidores dos tempos heroicos da travessia atlântica: o sobrinho Lino; o cunhado Cino; Nello Quilici, cantor pessoal da sua gesta; e os velhos amigos de Ferrara, Caretti e Brunelli. Cinco passageiros amontoados no espaço escuro e apertado sob a bossa do avião. Sempre com a mesma audácia, recebida em pleno voo a notícia do ataque inglês a Tobruk, Balbo decide, por fim, a repentina mudança de rota. O deus caprichoso e feroz da batalha tinha pousado a sua mão devastadora sobre o aeroporto de Ain el­ Gazala e era, por conseguinte, para ali que era preciso correr.

Flanqueado por um segundo trimotor gémeo, com o general Porro ao comando, Italo Balbo atinge os céus de Tobruk poucos instantes antes das 17:30. No céu limpidíssimo, nem rasto dos nove aviões ingleses que, há pouco, bombardearam a pista de descolagem. O mundo inteiro, e a história milenar dos homens que o habitam, revivem naquelas colunas de fumo bem visíveis, graças à transparência perfeita do ar, mesmo a cinquenta quiló­metros de distância. É para elas que o piloto de guerra aponta o nariz do seu bombardeiro. É lá que precisa de estar, entre aque­las crateras de bombas, entre aqueles depósitos de combustível em chamas. Não há tempo para executar a inútil viragem de tre­zentos e sessenta graus a trezentos metros de altitude prescrita pelo regulamento para se dar a reconhecer. Bastará a mensagem enviada ao radiotelegrafista do aeroporto, que, aliás, acusou posi­tivamente a receção.

As mãos experientes de Italo Balbo, apertadas na manche, ajustam uma trajetória de voo que em poucos segundos o deverá levar à exata vertical do aeroporto. Os olhos, esses, permanecem ancorados na fumarada dos incêndios.

O general Porro, depois de levar o seu avião para muito perto do do marechal, faz sinal, respeitosamente, para que desvie a sua rota mais para sul, para evitar o campo bombardeado. Balbo, porém, não o vê. Não pode vê­-lo, nem sequer talvez queira vê-­lo, porque é agora, novamente, plenamente, ele próprio, tem de novo vinte anos, um cacete na mão e uma cabeça para rachar, em breve terá mais uma história para contar, no bar e no bordel, está de novo sozinho com a sua impetuosidade, a sua violência, seguro da sua sorte, inchado de presunção, nos lábios o sorriso torcido de desprezo do aviador por aqueles homúnculos pedestres, pela sua vida insignificante lá em baixo, em terra. Agora, ébrio de céu, voltou o esquadrista.

A rajada de artilharia disparada pelas baterias costeiras e pelo cruzador San Giorgio, ancorado na baía de Tobruk, rompe os tím­panos. Milhares de tiros de metralhadora de vinte milímetros explodem em poucos segundos. Encandeados pelo sol baixo no horizonte, aterrorizados por um inimigo invencível, os artilheiros de terra lançam-­se sobre as suas peças e abrem fogo sobre o amigo.

Porro começa a planar repentinamente, desce o mais abaixo que pode, pondo­-se fora de alcance do tiro. Mas Balbo, não. Os tanques da sua asa esquerda estão em chamas e, no entanto, ele baixa de altitude lentamente, impertérrito na sua rota a despeito daqueles imbecis que disparam contra ele.

Depois, o seu avião empina-­se. O corpo do piloto, ferido, cata­pultado pelos projéteis contra o encosto, puxou instintivamente para si os comandos. O aviador é, agora, uma boneca de trapos, não se controla, treme como nunca tremeu. E, contudo, não sente nada.

Como é possível? Sempre tinha acreditado que, quando che­gasse o momento, a dor transmitiria a sua inequívoca mensagem; sempre tinha pensado que a ferida e o ferido fossem uma coisa só. E, afinal, no momento em que chega ao último passo, enquanto os braços, as pernas, o coração se agitam, cada qual por sua conta, numa dança embriagada, é obrigado a descobrir que nunca tinha percebido nada, que tudo é um enorme equí­voco nesta vida ofuscada por um sol poente. Nem a aeronave fora de controlo se despenha no solo a pique, como exigiria o final trágico, antes se limita a perder altura, agónica, quase a planar. Há tempo, então, para ouvir o choro aterrorizado dos amigos, enjaulados no ventre do avião, tempo para se aperceber dos gritos jubilosos dos seus soldados em terra, os quais, inca­pazes de disparar um único tiro contra os intrusos ingleses, exultam agora, finalmente, sem saber que abateram o seu comandante. Há mesmo, talvez, tempo para, de olhos escancarados, fitar o fundo do abismo, sabendo que ele, inexorável, lhe devol­verá o olhar.

O corpo do marechal do ar arderá toda a noite dentro da carcaça do avião que se espetou na terra. Antes de o poderem recolher, será preciso esperar que o fogo alimentado por sete mil litros de gasolina se extinga. Esperarão até de manhã. Nessa altura, tudo o que restará do defunto será um pedaço de madeira torto, carbonizado. Para determinar a identidade do herói caído, será preciso recorrer a uma dentadura encontrada entre as cinzas.

Benito Mussolini receberá a notícia da morte de Italo Balbo em Alpignano, uma terriola nas proximidades do passo do Pequeno São Bernardo, onde passa em revista as tropas que combateram na sua dececionante batalha dos Alpes. Os presen­tes testemunharão que o Duce não mostrou qualquer sinal de emoção. Telefonou, sim, imediatamente, ao general Graziani, que deverá substituir o caído, e prosseguiu, como constava do programa, a sua digressão pelas insignificantes localidades montanhosas, por Moncenisio, pelo Col de Tenda, até Mondovì. As testemunhas descrevê­-lo-ão tagarela, sereno, seguro de si. O mesmo de sempre, em suma.

Fora um telegrama privado e formal à viúva, Mussolini, em público, não dedicará uma só palavra de despedida ao homem que mais do que qualquer outro contribuiu para o advento do fascismo. O adeus ao camarada de uma vida consumar­-se-­á assim, sem uma palavra de lamento ou de remorso.

A ordem, aliás, é que não se fale mais dele.

Italo Balbo foi abatido pelos tiros dos seus camaradas de armas, mas não será a mão do amigo, comovida e suave, a escre­ver o seu nome no livro dos mortos.

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A França depõe as armas e deixa de combater perante as potências do Eixo.

Chegou finalmente a hora de Inglaterra e dos seus aliados. A Itália e a Alemanha descerão sobre vós para punir os continuadores obstinados desta luta insensata que deve marcar para sempre o crepúsculo das democracias plutocráticas.

Ingleses, egípcios e árabes do deserto ocidental, escravos do governo criminoso de Londres, largai as armas, porque quem resistir não terá tréguas.

Italo Balbo, proclamação lançada sobre as linhas inimigas 18 de junho de 1940

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Os nossos tanques de assalto, já velhos e armados apenas de metralhadoras, estão amplamente ultrapassados; as metralhadoras dos blindados ingleses [...] crivam‐nos de tiros que atravessam alegremente a blindagem; blindados, não temos; os meios antitanque são na sua maior parte de refugo; os modernos carecem em geral de munições adequadas. Agora, que a guerra em França chega ao seu termo, seria possível obter dos alemães uma cinquentena dos seus magníficos tanques e outros tantos blindados?

Italo Balbo, telegrama a Pietro Badoglio, 20 de junho de 1940

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A situação [na Tunísia] vai‐se esclarecendo [...]. Portanto, tu não tens senão que fazer frente a leste [...]. Concentra todos os teus meios a leste. Faz tudo para estares pronto [para atacar os ingleses] no dia 15. Garante‐mo.

Pietro Badoglio, telegrama expedido quando Balbo já estava em voo para Tobruk, 28 de junho de 1940

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The British Royal Air Force expresses its sympathy in the death of General Balbo – a great leader and gallant aviator, personally known to me, whom fate has placed on the other side.

Mensagem lançada por aviadores ingleses sobre um campo italiano da Cirenaica, assinada por Arthur Longmore, comandante‐chefe da RAF no Médio Oriente, 30 de junho de 1940

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Domingo vou a Ferrara para o trigésimo aniversário do Balbo. A ordem é não falar mais nele.

Emilio De Bono, quadrúnviro da Marcha sobre Roma e general do Grupo de Exércitos do Sul, diário, 25 de julho de 1940