Parece que não há fome que não dê em fartura. Após alguns anos mais ou menos sofríveis, a cena musical portuguesa não só se recomenda como está mais que bem, sendo muitos os artistas e bandas de qualidade que têm nascido no país assim que o novo milénio deu ares da sua graça. O que também se reflete nos cartazes dos festivais; colocar música portuguesa lado a lado com os grandes nomes internacionais já não é uma “aposta”, é algo absolutamente normal. E o NOS Alive volta a provar esse ponto com uma seleção à medida de todos os gostos e feitios.
De entre os muitos nomes portugueses que estarão presentes em (quase) todos os palcos do NOS Alive, há três que se destacam – não por um qualquer estatuto mediático ou por serem objetivamente melhores, mas porque a eles caberá a honra, todos os dias, de estrear o palco principal. Falamos dos You Can't Win Charlie Brown, que subirão ao palco NOS no dia 6 de julho, e que deverão levar consigo os temas de "Marrow", álbum editado em 2016. O que esperar? Um indie rock de fim de tarde, dançável q.b. e melodioso muito. Sendo a melodia um conceito que também não é estranho a Tiago Bettencourt, que atua no dia 7 de julho, e que edita um single novo esta sexta-feira, “Partimos a Pedra”. Já The Black Mamba não quererá partir nada – quererá, isso sim, fazer com que centenas e centenas de casais se entreguem à luxúria da sua soul serpenteante.
Mas, como é evidente, não é só do palco principal que se fará o NOS Alive. Ou, sequer, a música portuguesa. O EDP Fado Café está de regresso ao festival para dar uma plataforma a algumas das grandes vozes do género, como Carminho, que por ali passará no dia 7 de julho. À fadista juntar-se-ão Miguel Araújo (6 de julho), Mário Pacheco (idem) ou as escolhas da emblemática Tasca do Chico, localizada no Bairro Alto (8 de julho).
Será o Coreto e o palco NOS Clubbing, no entanto, a receber a maior fornada de artistas made in Portugal. Destaques e recomendações: as Golden Slumbers, que participaram na última edição do Festival da Canção (ganha por Salvador Sobral) e que ali atuam a 7 de julho; Benjamim, que deixou de ser Walter mas que continua a assinar belíssimos temas (8 de julho); o prodígio da guitarra Filho da Mãe e o alter-ego de Nuno Rodrigues, dos Glockenwise, Duquesa; e ainda o mestre Filipe Sambado, que não só produz uma boa parte dos discos portugueses que interessa ouvir da cena indie lisboeta de hoje em dia como é, ele próprio, autor de excelentes canções – ouçam "Vida Salgada", o seu último álbum, e comprovem-no (também a 8).
Para além destes, atenção à programação escolhida a dedo por Pedro Ramos, da rádio Radar: Modernos, Bispo, PISTA, Pega Monstro, Cave Story e Killimanjaro ocuparão o Clubbing no dia 7 de julho. No dia seguinte, serão outras as linguagens – que não o rock – a espalhar o seu charme, como Mr. Herbert Quain (eletrónica pop em registo suave), Mike El Nite (rapper em franca ascensão) ou os nomes que fazem a Discotexas, editora hoje em dia inescapável no que toca à música portuguesa de dança. Todos eles procurarão ser, uma vez mais, verdadeiros heróis não do mar, mas da música.
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