O grupo Penguin Random House Portugal fez hoje, em Lisboa, a apresentação das suas novidades literárias até julho, destacando desde logo duas novas coleções literárias e uma de ensaios.

Duas dessas coleções arrancam na Penguin Clássicos - Penguin Great Ideas e Little Black Classics - com textos fundamentais de não-ficção e de ficção, respetivamente.

Na Objetiva estreia-se uma coleção de ensaios, a Objetivamente, que “questionam, problematizam e incomodam a atualidade”, começando por “Uma muito breve História da economia", de Daniel Cohen, “Estive aqui e lembrei-me de nós”, de Anna Pacheco, “Ofendidinhos. Sobre a criminalização do protesto”, de Lucía Lijtmaer, e “Contra o progresso”, de Slavoj Zizek.

Na Alfaguara, dois dos destaques são a publicação do primeiro livro da realizadora de cinema Virginia Tangvald, “Os filhos do mar alto”, uma mistura de autobiografia e ficção, que resulta de uma investigação familiar que a autora fez, para tentar reconstruir, entender e pacificar-se com o passado.

Nascida a bordo do barco construído pelo pai, no mar das Caraíbas, Virginia não guarda dele memória, pois a mãe fugiu com ela criança. Homem de muitas mulheres e muitos filhos, Peter Tangvald, que circum-navegou o mundo, morreu num naufrágio com uma das filhas, acontecimento de que Virginia soube através de uma notícia.

Deste livro, a autora fez também um documentário que se estreou no ano passado no Festival de Cinema de Montreal.

Outra novidade é a estreia em Portugal de Andrea Bajani, escritor italiano e um dos mais premiados da literatura europeia, que chega com “O aniversário”, um romance breve sobre o tema da família e os seus recantos sombrios, que foi “um fenómeno no ano passado na Feira de Frankfurt”, afirma a editora.

A Alfaguara traz ainda de regresso Elizabeth Strout, com um novo romance - "Conta-me tudo" - que junta as protagonistas dos seus romances anteriores, Lucy e Olívia; Jamaica Kincaid, autora de quem foi publicado "Annie John" e de quem será agora editado “Lucy”, mantendo uma publicação por ordem cronológica, que antecipa a saída, no próximo ano, de “Autobiografia da minha mãe”.

Leila Slimani lança “Levarei a chama comigo”, romance que encerra a trilogia iniciada com “O país dos outros” e “Vejam como dançamos”, um fresco social e familiar que atravessa três gerações.

Pauline Delabroy-Allard, Virginia Feito, Fleur Jaeggy e James Baldwin são outros autores que regressam ao catálogo da Alfaguara.

Na Companhia das Letras, além da publicação dos quatro primeiros livros da coleção completa de Clarice Lispector, estreia-se na prosa a poeta Margarida Ferra, com “Saber perder”, um livro da coleção de não-ficção, “urbano, feminino, clássico e contemporâneo ao mesmo tempo”, segundo a editora.

Outra autora portuguesa que se estreia na ficção longa é a escritora e tradutora Ana Cláudia Santos, que até aqui só tinha publicado contos, com a novela “Lavores de Ana”.

Novidade também é o lançamento em Portugal de uma escritora brasileira premiada e reconhecida internacionalmente, Juliana Leite, de quem será publicado “Humanos exemplares”, um romance sobre família, amor, envelhecimento e memória.

Até julho, a Companhia das Letras vai ainda publicar novos livros de Hugo Gonçalves, Ricardo Adolfo, Jeferson Tenório e Eliane Brum.

A Cavalo de Ferro inicia 2025 com a novidade da publicação dos mais famosos e inéditos ‘romans durs’ de George Simenon, livros que o autor assim designou para os distinguir dos policiais “Maigret”, e que arranca em março com “A neve estava suja”, o seu romance existencialista, e “As janelas defronte”, o chamado “romance russo” do autor.

A editora explicou que na impossibilidade de publicar todos, vão ser publicados nove livros, que resultam de uma seleção “criteriosa” dos mais representativos.

Esta chancela vai ainda lançar novas obras de nomes já consagrados do seu catálogo, como Peter Nádas, “O fim de um romance familiar”, Carmen Laforet, “A nova mulher”, Jon Fosse, “O ancoradouro”, Irene Solà, “Dei-te olhos e viste as trevas”, e Abdulrazak Gurnah, “O roubo”, o seu primeiro romance após receber o Prémio Nobel da Literatura.

A Elsinore traz como grandes novidades a publicação de duas autoras inéditas em Portugal: a argentina Ariana Harwicz, um dos nomes do chamado gótico latino-americano, e a poeta flamenga Charlotte Van den Broeck, de quem será publicado o seu primeiro livro em prosa.

“Trilogia da paixão” é o título do livro de Ariana Harwicz, que reúne os seus três primeiros e aclamados romances – “Mata-te amor”, “A atrasada mental” e “Precoce” – o primeiro dos quais foi adaptado ao cinema e vai ao Festival de Cannes, com Jennifer Lawrence como protagonista.

“Projetos arriscados – treze histórias de arquitetura trágica”, de Charlotte Van den Broeck, é um conjunto de treze histórias de arquitetos que cometeram suicídio por causa de algum edifício por eles projetado, nas quais a autora parte de episódios biográficos em busca de projetos arquitetónicos.

A escritora portuguesa Cláudia Andrade regressa aos contos com “A ressurreição de Maria”, e chegam novos livros também da argentina Samanta Schweblin e da mexicana Fernanda Melchor, duas autoras que se enquadram no mesmo género literário de Ariana Harwicz.

De Samanta Schweblin, escritora amplamente premiada, chega um novo volume de contos, “O bom mal”, e de Fernanda Melchor, o seu primeiro livro, inédito em Portugal, “Isto não é Miami”, numa nova edição revista pela autora, e com a inclusão de um texto inédito, que consiste num conjunto de “relatos” – como a própria lhes chama – híbridos, entre a crónica jornalística e a ficção.

A Suma de Letras traz a Portugal mais um nome brasileiro, Vanessa Barbara, uma escritora premiada e colaboradora de publicações como a New York Review of Books e o The New York Times, com a obra “ambígua” “Três camadas de noite”, que mistura autoficção e não ficção, debruçando-se sobre a escrita e a saúde mental, a partir de escritores que sofreram de depressão, como Sylvia Plath, Clarice Lispector, Henry James e Franz Kafka.

A mesma chancela publica um novo livro de Mafalda Santos, “Aquilo que o sono esconde”, e um romance de amadurecimento, parte autobiografia, parte ficção, da artista musical Rita Redshoes.

Além da nova coleção, a chancela da Objetiva destaca a publicação de “O silêncio da guerra”, de António Monegal, uma reflexão sobre a importância da guerra e um livro que volta a casar a ideia de cultura com a ideia de política, e “Sede”, de Virginia Mendonza, uma história da humanidade a partir da sede.

Da escritora e ativista Gisela Casimiro, chega “Privilégio negro”, um livro com uma componente de reflexão sobre como é ser negro hoje em Portugal, e outra de testemunhos, da autora e de pessoas que entrevistou, de “episódios aberrantes” que viveram, como abordagens na rua, invasões de privacidade, opiniões não solicitadas e comentários nas redes sociais.