Os principais lançamentos do grupo Porto Editora previstos até novembro foram hoje apresentados, com um dos destaques a incidir sobre o nono romance de Valter Hugo Mãe, que chega às livrarias no dia 23, a assinalar os 50 anos de vida do escritor e os seus 25 de carreira literária.
Numa ‘rentrée’ com uma “aposta muito forte nos autores portugueses”, destaca-se também o regresso de Miguel Sousa Tavares ao romance — 18 anos passados sobre a edição original de “Equador” –, com “Último Olhar”, uma obra que atravessa o século XX, da Guerra Civil Espanhola ao Holocausto, culminando nos dias da pandemia de covid-19.
Uma história sobre a pandemia, o confinamento e a solidão a que foram votados os velhos, como descreve o próprio autor, centrada sobretudo num homem de 93 que, depois de ter tido uma vida cheia, é deixado num lar por causa da doença.
Ainda neste mês, e celebrando 40 anos dedicados à escrita, Mário de Carvalho apresenta “De maneira que é claro…”, um conjunto de relances breves, reminiscências e memórias do autor, que vão da infância nos bairros da Graça e da Penha de França, em Lisboa, à prisão e exílio antes do 25 de Abril, passando pela família, a época estudantil, a consciência política, os movimentos associativos e os encontros clandestinos.
Outro autor português que merece especial atenção nesta ‘rentrée’ literária é Carlos de Oliveira, de quem a chancela Assírio e Alvim reedita “Alcateia”, o seu segundo romance, não mais publicado desde 1945 (data da segunda edição, após a apreensão da primeira pela PIDE), dando assim início às celebrações do centenário do seu nascimento.
Uma “obra de força notável, prescrita do cânone do autor por sua vontade, e que hoje em dia já é praticamente impossível encontrar à venda, destaca a editora.
Outra novidade é a estreia do cineasta norte-americano Quentin Tarantino no romance, com “Era uma vez em Hollywood”, uma reinvenção do seu filme que recebeu 10 nomeações para os Óscares, com publicação anunciada para novembro.
A transposição de um dos seus guiões para livro era um sonho de Quentin Tarantino, que agora o concretizou através deste romance, no qual repensa e acrescenta coisas novas ao enredo, e dá uma densidade e profundidade às personagens, que não é possível conseguir num filme.
Quanto a ‘thriller’ em estreia, a Porto Editora destaca “Estado de Terror”, a sair em outubro, uma história sobre terrorismo, coescrita por Louise Penny e Hillary Clinton, ex-secretária de Estado dos Estados Unidos e candidata à presidência, em 2016, que permitiu à escritora um acesso privilegiado aos bastidores da Casa Branca.
A chancela Livros do Brasil reserva também algumas novidades, entre as quais a publicação de “Ensaios, discursos e cartas públicas”, do escritor norte-americano William Faulkner, traduzido por Margarida Vale de Gato, um “volume único, até agora inédito em Portugal, que inclui o discurso proferido aquando da aceitação do Prémio Nobel da Literatura, em 1949”, e que chega às livrarias já neste mês.
São textos escritos entre os anos 1920 e 1960, em que o autor revela as suas posições sobre alguns assuntos essenciais dos Estados Unidos naquela altura, como a questão racial — sendo que William Faulkner era um sulista antiesclavagista -, a lei seca, a guerra fria, o surgimento de movimentos de direitos civis, mas também sobre temas mais mundanos, como desportos, ou sobre outros autores, como Hemingway.
Na mesma chancela, vai sair, ainda em setembro, o segundo título da nova coleção Contemporânea — depois de “Grand Hotel Europa” -, “Herança”, “um livro controverso, caminhando entre realidade e ficção”.
Este texto confessional de Vigdis Hjorth é considerado um dos maiores êxitos da literatura norueguesa dos últimos anos.
A Livros do Brasil reedita em outubro “Flush”, de Virginia Woolf, a famosa biografia do cocker spaniel da poetisa Elizabeth Barrett, aqui numa edição ilustrada por Iratxe López de Munáin.
Pela Sextante Editora, na mesma data, é publicado “Belladonna”, de Dasa Drndic , autora croata de quem esta chancela já publicou “Trieste”.
Este livro premiado encerra uma poderosa parábola sobre o envelhecimento e a enfermidade numa Europa de onde a sombra das atrocidades cometidas no século passado ainda não se desvaneceu, um “livro duro” que inclui documentos e fotos, assim como uma lista das mais de duas mil crianças holandesas levadas para campos de concentração nazi.
Quanto aos destaques na área da poesia, em setembro saem “Ângulo Morto”, de Luís Quintais, e “Avalanche”, de Marta Chaves.
Em outubro, também na Assírio & Alvim, será publicado “Mundo”, um novo livro de Ana Luísa Amaral, e “Poemas”, de António Franco Alexandre, obra que revisita a poesia reunida de 1996, incluindo agora os poemas publicados depois daquela data, e um conjunto de inéditos com o título “Carrossel”, escritos durante o confinamento.
O mês conta ainda com a reedição de “Dobra”, livro de culto de Adília Lopes, agora numa versão muito ampliada e profundamente revista pela autora, que inclui alguns poemas inéditos e mais duas novas partes completamente inéditas.
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