Depois do final controverso de "A Guerra dos Tronos", os criadores David Benioff e D.B. Weiss uniram-se a Alexander Woo (argumentista de “True Blood” e “The Terror”) para adaptar “O Problema dos Três Corpos”, romance multipremiado de ficção científica do autor chinês Liu Cixin. A obra, a primeira de uma trilogia de que até Barack Obama é fã, já inspirou uma série de 30 episódios em 2023, produzida pela Tencent, gigante da internet chinesa e uma das empresas mais valiosas do mundo. A produção americana, no entanto, segue um caminho próprio e é bem diferente.

A história da série da Netflix começa na China dos anos 60, quando uma jovem cientista toma uma decisão que vai influenciar a vida na Terra nos próximos 400 anos. A ação conduz o espectador por entre mistérios que desafiam a física, ao aparecimento de capacetes futuristas com tecnologia de Realidade Virtual alienígena e à exploração de relações humanas que se revelam tão complexas quanto as questões científicas que a narrativa nos coloca.

Para conseguir contar tudo isto, os três criadores (Benioff, Weiss e Woo) receberam a bênção do autor Liu Cixin para tomar algumas liberdades para que a série da Netflix apelasse a uma audiência a nível global. Parte dessas mudanças passaram por fazer alterações cronológicas e geográficas, outras pela internacionalização de algumas personagens. No livro, a história foca-se num pequeno grupo de físicos chineses que é deixado à sua mercê para descobrir o que está afetar a mente dos cientistas mais brilhantes do mundo. Na série, o grupo de físicos encarregue desta missão está em Oxford, é multicultural e a história (na atualidade) é passada no Reino Unido.

"Esta é acima de tudo uma narrativa sobre a humanidade, a sua luta contra um mistério aparentemente sem solução que leva a uma crise existencial," justificou David Benioff ao site Tudum. “Por isso, quisemos representar, tanto quanto possível, toda a humanidade. Pessoas do mundo inteiro. Procurámos um elenco diverso e internacional para refletir a ideia de que esta luta não é de um só país, mas sim uma luta global pela sobrevivência”, afirma.

“Livros e televisão são meios diferentes”, completa o showrunner Alexander Woo, outro dos criadores da série da Netflix, relativamente ao tema livro vs série, e as suas diferenças. “A experiência de ver uma série é diferente de ver um filme, [e essa] difere muito da experiência de ler um romance. O nosso objetivo é transpor para o ecrã a sensação – mesmo que não sejam necessariamente os detalhes exatos – transmitida pela obra literária. O que esperamos manter é o sentido de espanto e a amplitude, a escala, em que os problemas já não são apenas de um indivíduo ou de uma nação, mas sim de toda uma espécie”.

  • Os oito episódios de “O Problema dos Três Corpos” já se encontram disponíveis na Netflix.
  • Nos Créditos Finais falámos sobre 4 filmes (Monkey Man, Back to Black, Civil War e Challengers) e 4 séries (Ripley, Sugar, Fallout e The Sympathizer) a ter debaixo de olho em abril, de Palm Royale (Apple TV+) e Physical: 100 (Netflix).