O ano era 2001. A SIC preparava-se para arrancar com um novo programa de televisão que, no fundo, era uma adaptação de um formato que tinha tido já bastante sucesso em países como a Austrália, o Japão ou, claro, os Estados Unidos da América. O seu nome era Popstars e o objetivo, dizia o insuspeito jornal Público, era o de “criar uma banda de música apelativa tanto para os olhos como para os ouvidos”. Sim, estamos a falar de um formato percursor dos talent shows que hoje conhecemos (American Idol, Got Talent e The Voice à cabeça) e que “deram ao mundo” nomes como os One Direction, Jennifer Hudson ou Adam Lambert (a quem tem cabido a difícil missão de substituir Freddy Mercury nos Queen).
O objetivo do Popstars era, portanto, muito simples: embalados pelo relativamente recente sucesso dos Excesso (a primeira boysband portuguesa, criada em 1997), o propósito do programa era o de encontrar cinco jovens cantoras que pudessem formar uma girlsband à portuguesa. Uma espécie de Spice Girls deste jardim à beira-mar plantado.
E se as Spice Girls eram Emma, Victoria (futuram Beckham), Geri, Mel B. e Mel C., em Portugal, as vencedoras do Popstars foram a Andrea, a Kátia, a Fátima, a Liliana e a Rita. Juntas formavam as Nonstop, grupo que lançou o primeiro álbum ainda em 2001 e que teve em “Ao Limite Eu Vou” o seu grande – enorme, diga-se! – sucesso. Foi disco de ouro e é quase impossível que aquele “so-nhaaaaaaaar” do início da canção não seja reconhecido por grande parte dos portugueses nascidos antes do ano 2000.
“Ao Limite Eu Vou” tornou-se uma espécie de “Wannabe” à portuguesa e é uma canção que, analisada à letra, pode ter vários significados. Ora aborda a temática de sonhar por aquilo em que acreditamos, deixando “o poder do sonho ter lugar” para que “ele” se “torne real”; ora parece ser uma canção de engate – que não a de António Variações -, em que se espera (“por ti aqui eu espero”) e se quer (“és só tu quem eu quero”) alguém – alguém que vai “tentar” e que será “vibrado” pelas intérpretes da canção.
Agora que penso nisto, talvez “Ao Limite Eu Vou” seja uma canção em que se sonha e sugere a alguém de quem se gosta que lute por nós. E isso é só legítimo. “Porque sonhar é saber que o que vivemos é verdade e a verdade é o melhor que temos”. Poesia na língua de Camões, a meter as Spice inglesas num chinelo.
As Nonstop acabaram por se “desmembrar” aos poucos, terminando a sua atividade enquanto banda por volta de 2006/2007. Antes, tiveram ainda tempo para lançar uma versão de “Playback” (de Carlos Paião) e participar no Festival RTP da Canção.
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