O número global de 67 mil visitantes é considerado “notável” pela Direção-Geral das Artes (DGArtes), entidade responsável por organizar a representação oficial na Bienal.
A 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, que encerrou no domingo – com o maior número de visitantes da sua história, 800 mil – acolheu o projeto expositivo português no Palácio Franchetti, localizado nas margens do Grande Canal da cidade italiana.
Na edição anterior da bienal dedicada à arte contemporânea, em 2019, o projeto criado pela artista Leonor Antunes — “A seam, a surface, a hinge or a knot” (“Uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó”), concebido para o Pavilhão de Portugal, nessa altura no Palácio Giustinian Lolin — recebeu 39.159 visitantes ao longo do certame.
O projeto de Pedro Neves Marques, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, foi criado com a forma de uma instalação narrativa e transformou, em parte, a arquitetura gótica do Palácio Franchetti para um cenário de nave espacial durante uma viagem de séculos a um planeta longínquo, recorda a sinopse da DGArtes, no comunicado hoje divulgado com o número de visitantes do pavilhão português.
No espaço, os visitantes eram confrontados com “questões-chave do nosso tempo”, nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e reprodução ‘queer’, a ecologia, o ‘transumanismo’ e a biopolítica, segundo a sinopse.
Este trabalho foi criado por Pedro Neves Marques em resposta ao tema da edição da Bienal, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, que aborda o mundo repensado através da imaginação, a mudança, a transformação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.
No pavilhão português entraram profissionais da área, estudantes e investigadores, famílias e público em geral, de todo o mundo.
“Vampires in Space” vai ser apresentado em Portugal no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a itinerância continuará com apresentações na Haus der Kunst (Casa da Arte), em Munique, na Alemanha, e no Pivô, em São Paulo, no Brasil, adianta a DGArtes, sem indicar datas precisas.
O projeto também incluiu um programa público com curadoria de Filipa Ramos – uma plataforma discursiva para mediar e discutir os temas explorados em “Vampires in Space”, através de um conjunto de filmes, música, performances e palestras.
Com o objetivo de criar maior acessibilidade e descentralização das artes visuais, este programa integrou, em Portugal, vários locais, nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (São Miguel, Açores), e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (Guimarães), recorda a organização.
O projeto terá uma publicação editada e distribuída muito brevemente pela Sternberg Press, indica ainda a DGArtes.
Sob o tema “The Milk of Dreams” (“O Leite dos Sonhos”, em tradução livre), a 59.ª Bienal de Arte de Veneza dedicada à arte contemporânea abriu ao público a 23 de abril, e encerrou com um recorde de visitas, em mais de 800 mil bilhetes vendidos, como anunciou a organização do certame, destacando que se tratou “do maior número de visitantes nos 127 anos de história da Bienal de Arte”.
Na sua maioria (59%), os visitantes eram estrangeiros e os restantes (41%) italianos. Cerca de um terço do total eram jovens.
Esta 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza contou com 80 representações nacionais, além da exposição geral da bienal, com curadoria de Cecilia Alemani, que incluiu um total de 1.400 obras de 213 artistas convidados – 180 dos quais a participar pela primeira vez -, provenientes de 58 países, e 80 projetos inéditos.
Além de Pedro Neves Marques, outros artistas portugueses apresentaram o seu trabalho no contexto da Bienal, como a pintora Paula Rego, o artista plástico Pedro Cabrita Reis e as artistas Diana Policarpo e Mónica de Miranda.
Nesta edição, o pavilhão do Reino Unido foi distinguido com o Leão de Ouro para a melhor participação nacional, recebido pela artista britânica Sonia Boyce. Foram atribuídas ainda menções especiais aos pavilhões nacionais de França e do Uganda.
A melhor participação na exposição principal foi ganha pela escultora norte-americana Simone Leigh, enquanto o artista Ali Cherri (Líbano) levou o Leão de Prata para jovem participante. Houve ainda menções especiais para as artistas Shuvinai Ashoona (Canadá) e Lynn Hershman Leeson (Estados Unidos da América).
Os vencedores foram anunciados em abril, na abertura da bienal.
Nesta Bienal de Arte de Veneza foram homenageadas as artistas Katharina Fritsch (Alemanha) e Cecília Vicuña (Chile) com o Leão de Ouro pelas suas carreiras.
Esta edição da bienal aconteceu após o ultrapassar de dificuldades de organização num quadro de pandemia, e em contexto de tensão devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Ucrânia teve o seu pavilhão nacional e uma praça com uma instalação para acolher manifestações de apoio e de solidariedade dos artistas e do público, enquanto os artistas e curadores do Pavilhão da Rússia desistiram de participar, como forma de protesto contra a guerra.
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